Daniel Bramatti, de O Estado de S.Paulo
A pequena Biritiba Mirim, a 80 quilômetrospaulista entre 2007 e 2010.
André Lessa/AE
Centro de Referênia da Mulher, reconstruído com recursos do Estado
No período, o município foi contemplado com R$ 5,6 milhões no rateio dos chamados convênios por indicação parlamentar, ou R$ 265 para cada um de seus eleitores. É mais do que o dobro do segundo colocado no ranking do paroquialismo, Novo Horizonte, beneficiado com R$ 130 por eleitor.
A posição de Biritiba Mirim desafia a lógica que relaciona a influência política das cidades ao seu peso econômico ou ao tamanho do eleitorado. Os escassos 21 mil eleitores biritibanos foram contemplados com emendas de nada menos que 11 deputados - 10% dos parlamentares que passaram pela Assembleia nos quatro anos encerrados em 2010.
Governado desde 2009 por um prefeito tucano, o município foi ainda beneficiado por um surpreendente movimento suprapartidário - parlamentares de oito legendas ajudaram a prefeitura a reforçar seus cofres. Entre eles estão três integrantes do PT, principal adversário do PSDB em todas as esferas de poder.
Sem retribuição. Outra lógica que Biritiba Mirim desafia é a de que os políticos usam as emendas parlamentares para irrigar com recursos seus principais redutos eleitorais. Dos onze deputados que destinaram recursos para a prefeitura, nove tiveram lá menos de 200 votos em 2006.
Um caso emblemático é o de Lelis Trajano, do PSC. Quando ganhou uma vaga na Assembleia Legislativa, há cinco anos, ele teve apenas 15 votos dos biritibanos - 0,05% do total de eleitores que conquistou no Estado.
Isso não impediu que Trajano destinasse a Biritiba R$ 1,5 milhão em 2010, 40% dos recursos que conseguiu liberar em convênios naquele ano. Foram duas emendas, uma delas de R$ 1,35 milhão, destinada à construção do Centro de Referência da Mulher, unidade de saúde voltada ao atendimento de gestantes.
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