quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Não penso, logo relincho

burro do Shrek
O burro relinchando as "mentiras"


BLOG O MURAL: Via Carta Capital: Dizem que uma mentira repetida à exaustão se transforma em verdade. Pura mentira. Uma mentira repetida à exaustão é só uma mentira, que descamba para o clichê, que descamba para o discurso. E o discurso, quando mal calibrado, é o terreno para legitimar ofensas, preconceitos, perseguições e exclusões ao longo da História. Nem sempre é resultado da má fé. Por estranho que pareça, é na maioria das vezes fruto da indigência mental – uma indigência mental que assola as escolas, a imprensa, as tribunas, as mesas de bares, as redes sociais. Com os anos, a liberdade dos leitores para se manifestar sobre qualquer assunto e o exercício de moderação de comentários nos levam a reconhecer um clichê pelo cheiro. Listamos alguns deles abaixo com um apelo humanitário: ao replicar, você não está sendo original; está apenas repetindo uma fórmula pronta sem precisar pensar sobre tema algum. E um clichê repetido à exaustão, vale lembrar, não é debate. É apenas relincho*.
“Negros tem preconceitos contra eles mesmos”
Tentativa clássica de terceirizar o próprio racismo, é a frase mais falada das redes sociais durante o Dia da Consciência Negra. É propagada justamente por quem mais precisa colocar a mão na consciência em datas como esta: pessoas que nunca tomaram enquadro na rua nem foram preteridas em entrevistas de emprego sem motivos aparentes. O discurso é recorrente na boca de quem jamais se questionou por que a maioria da população brasileira não circula em ambientes frequentados pela elite financeira e intelectual do País, como universidades, centros culturais, restaurantes, shows e centros de compra. Tem a sua variação homofóbica aplicada durante a Parada Gay. O sujeito tende a imaginar que Dia Branco e Dia Hétero são equivalentes porque ignora os processos históricos de dominação e exclusão de seu próprio país.
 “Não precisamos de consciência preta, parda ou branca. Precisamos de consciência humana”
Eis uma verdade fatiada que deixa algumas perguntas no contrapé: o manifestante a exigir direitos iguais não é gente? O que mais se busca, nessas datas, se não a consciência humana? Ou ela seria necessária, com ou sem feriado, caso a cor da pele (ou o gênero ou a sexualidade) não fosse, ainda hoje, fatores de exclusão e agressão?
 “Heteros morrem mais do que homossexuais. Portanto, somos mais vulneráveis”
É o mesmo que medir o volume de um açude com uma régua escolar. Crimes como homicídio, latrocínio, roubo ou furto têm causas diversas: rouba-se ou mata-se por uma carteira, por ciúmes, por fome, por motivo fútil, por futebol, mas não necessariamente por causa da orientação sexual da vítima. O argumento é utilizado por quem nunca se perguntou por que ninguém acorda em um belo dia e decide estourar uma barra de ferro na cabeça de alguém só porque este alguém gosta e anda de mãos dadas com alguém do sexo oposto. O crime motivado por ódio contra heterossexuais é tão plausível quanto ser engolido por uma jaguatirica em plena Avenida Paulista.
 “Estamos criando uma ditadura gay (ou racial) no Brasil. O que essas pessoas querem é privilégio”
Frase utilizada por quem jamais imaginou a seguinte cena: o sujeito acorda, vê na tevê sempre os mesmos apresentadores, sempre as mesmas pautas, sempre as mesmas gracinhas. No caminho do trabalho, ouve ofensas de pedestres, motoristas e para constantemente em uma mesma blitz que em tese serviria para todos. Mostra documento, RG. Ouve risada às suas costas. Precisa o tempo todo provar que trabalha e paga imposto (além, é claro, de trabalhar e pagar imposto). Chega ao trabalho e é recebido com deferência: “oi boneca”; “oi negão”; “veio sem camisa hoje (quando usa camisa preta)?”. Quando joga futebol, vê a torcida imitando um macaco, jogando bananas ao campo, ou imitando gazelas. E engasga toda vez que vira as costas e se descobre alvo de algum comentário. Um dia diz: “apenas parem”. E ouve como resposta que ele tem preconceito contra a própria condição ou está em busca de privilégio. Resultado: precisamos de um novo glossário sobre privilégios.
 “A mulher deve se dar o valor”
Repetida tanto por homens como mulheres, é a confissão do recalque, em um caso, e da incompetência, no outro: o homem recorre ao mantra para terceirizar a culpa de não controlar seus próprios instintos; a mulher, por pura assimilação dos mandamentos do pai, do marido e dos irmãos. Nos dois casos o interlocutor acredita que, ao não se dar o valor, a menina assume por sua conta e risco toda e qualquer violência contra sua pretensão. Para se vestir como quer, andar como quer, dizer e fazer o que quer com quem bem quiser, ouvirá, na melhor das hipóteses, que não é a moça certa para casar; na pior, que foi ela quem provocou a agressão.
 “Os homens também precisam ser protegidos da violência feminina”
Na Lua, é possível que a relação entre gêneros seja equivalente. Na Terra, ainda está para aparecer o homem que apanhou em casa porque foi chamado de gostoso na rua, levou mão na bunda, ouviu assobios ou ruídos com a língua sem pedir a opinião da mulher. Também não há relevância estatística para os homens que tiveram os corpos rasgados e invadidos por grupos de mulheres que dominam as delegacias do País e minimizam os crimes ao perguntar: “Quem mandou tirar a camisa?”.
“Se ela se deixou ser filmada, é porque quis se exibir”. Verdade. Mas não leva em conta um detalhe: existe alguém do outro lado da tela, ou da câmera. Este alguém tem um colchão de conforto a seu favor. Se um dia o vídeo vazar, será carregado nos braços como comedor. Ela, enquanto isso, vai a exibida. A puta. A idiota que se deixou ser flagrada. A vergonha da família. A piada na escola. Parece uma relação bastante equilibrada, não?
“O humor politicamente correto é sacal”
É a mais pura verdade em um mundo no qual o politicamente incorreto serve para manter as posições originais ao riso: ricos rindo de pobres, paulistas ridicularizando nordestinos, brancos ricos fazendo troça de mulatos pobres, machões buscando graça na vulnerabilidade de gays e mulheres. As provocações são brincadeiras saudáveis à medida que a plateia não se identifica com elas: a graça de uma piada sobre português é proporcional à distância do primeiro português daquele salão. Via de regra, a frase é usada por quem jura se ofender quando chamado de girafa branca tanto quanto um negro ao ser chamado de macaco. Só não vale perguntar se o interlocutor já foi chamado de “elemento suspeito”, com tapas e humilhações, pelo simples fato de ser alto como o artiodátilo.
 “Bolsa Família incentiva a vagabundagem. Pegar na enxada e trabalhar ninguém quer”
Há duas origens para a sentença. Uma advém da bronca – manifestada, ironicamente, por quem jamais pegou em enxada – por não se encontrar hoje em dia uma boa empregada doméstica pelo mesmo preço e a mesma facilidade. A outra origem é da turma do “pegar o jornal e ler além o horóscopo ninguém quer”; se quisesse, o autor da frase saberia que o Bolsa Empreiteiro (que também dispensa a enxada) consome muito mais o orçamento público do que programa de transferência de renda. Ou que a maioria dos beneficiários de Bolsa Família não só trabalha como é obrigada a vacinar os filhos, manter a regularidade na escola e atravessar as portas de saída do programa. Mas a ojeriza sobre números e fatos é a mesma que consagrou a enxada como símbolo do nojo ao trabalho.
 “Na ditadura as coisas funcionavam”
Frase geralmente acolhida por pacientes com síndrome de Estocolmo. Entre 1964 e 1985, a economia crescia para poucos, às custas de endividamento externo e da subserviência a Washington; universalização do ensino e da saúde era piada pronta, ninguém podia escolher os seus representantes, a imprensa não podia criticar os generais e a sensação de segurança e honestidade era construída à base da omissão porque ninguém investigava ninguém. Em todo caso, qualquer desvio identificado era prontamente ofuscado com receitas de bolo na primeira página (os bolos eram de fato melhores).
“Você defende direito de presos porque ele não agrediu ninguém da sua família”.
É o sofisma usado geralmente contra quem defende o uso das leis para que a lei seja garantida. Para o sujeito, aplicação de penas e encarceramentos são privilégios bancados às custas dele, o contribuinte. Em sua lógica, o Estado só seria efetivo se garantisse a sua segurança e instituísse a vingança como base constitucional. Assim, a eventual agressão contra um integrante de uma família seria compensada com a agressão a um integrante da família do acusado. O acúmulo de experiência, aperfeiçoamento de leis e instituições, para ele, são licença poética: bons eram os tempos dos linchamentos, dos apedrejamentos públicos, da Lei de Talião. Falta perguntar se o defensor do fuzilamento está disposto a dar a cara a tapa, ou a tiro, quando o filho dirigir bêbado, atropelar, agredir e violentar a família de quem, como ele, defende penas mais duras para crimes inafiançáveis.
 “A criminalidade só vai diminuir quando tiver pena de morte no Brasil”
Frase repetida por quem admira o modelo prisional e o corredor da morte dos EUA, o país mais rico do mundo e ao mesmo tempo o mais violento entre as nações desenvolvidas. Lá o crime pode não compensar (em algum lugar compensa?), mas está longe de ser varrido junto com seus meliantes.
 “Político deveria ser tratado por médico cubano”
Tradução: “não gosto de política nem de médico cubano”. Pelo raciocínio, todo paciente tratado por cubanos VAI morrer e todo político que precisa de tratamento médico DEVE morrer. Para o autor da frase, bons eram os tempos em que, na falta de médico brasileiro, o melhor é deixar morrer – ou quando as leis eram criadas não pelo Legislativo, mas pelo humor de quem governa na canetada.
 “Deveriam fazer testes de medicamento em presidiários, não em animais”
Também conhecida como “não aprendemos nada com a parábola do filho Pródigo que tantas vezes rezamos na catequese”. É citada por quem não aceita tratamento desumano contra os bichos, mas não liga para o tratamento desumano contra humanos. É repetida também por quem se imagina livre de todo pecado e das grandes ironias da vida, como um certo fiscal da prefeitura de São Paulo que um certo dia criticou o direito ao indulto de presidiários e, no outro, estava preso acusado de participação na máfia do ISS. É como dizem: teste de laboratório na cela dos outros (ou do filho dos outros) é refresco.
 “Por que você não vai para Cuba?”
Também conhecida como “acabou meu estoque de argumentos. Estou andando na banguela”.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Temos 10 vulcões em erupção ativa e a mídia não fala nada.



































BLOG O MURAL: Isso é efeito do gazes produzidos nos subterrâneo do nosso planeta, afinal, lá no centro da terra tem um magma em ebulição ha mais de milhões de anos, é como uma "panela de pressão" e precisa de uma "válvula de escape" essas explosões nada mais é que isso, o escape da pressão, e os vulcões se formam após isso, e eles continuam a ser as válvulas o resto da vida, ou até as placas tectônicas fecharem ele, e aí se  desencadeia em outro ponto do planeta.


Senso assim todo cuidado é pouco para quem mora nas regiões onde existem muitos vulcões.   Aqui no Brasil não temos caso de vulcanismo, pois alem de estamos no centro de uma placa tectônica (Placa latino-americana) o nosso continente é mais antigo, segundo alguns estudiosos da área. 

Uma curiosidade: o vulcão mais antigo já encontrado até hoje, inclusive, é brasileiro. "Um vulcão se forma geralmente em regiões onde há encontro de placas tectônicas. Essas placas ficam na camada mais superficial da Terra, que está sempre em movimento causando o afastamento de alguns centímetros por ano entre os continentes", diz o geólogo Caetano Juliani, professor do Instituto de Geociências da USP. Isso aconteceu quando o Brasil estava justamente sobre uma área de encontro de placas, há milhões de anos. Hoje, ufa!, saímos da zona de perigo. Com a movimentação das placas, parte das rochas se funde, dando origem ao magma, substância viscosa que pode chegar a mais de 1 000 ºC. Quando o magma emerge (junto com gases do interior do planeta), forma-se um vulcão - mas as paredes do cone, mais resistentes, não se fundem. Já o vulcanismo fissural rola quando as placas se afastam e abrem caminho para um magma mais líquido e menos explosivo. Há ainda vulcões com uma cratera principal e outras menores. Se o magma nas profundezas acabar, o vulcão se extingue e deixa apenas alguns focos de rochas vulcânicas - fato que ocorreu com os vulcões brazucas! 

Mas isso não afasta o perigo de um dia voltarmos a ter um vulcão em nosso país, mas a possibilidade é bem remota, mas exite.

Reacionários do Brasil: deixem Dirceu em paz


Não é fácil ser Dirceu
Não é fácil ser Dirceu
BLOG O MURAL: por : , no DCM
 Reacionários do Brasil: deixem Dirceu em paz. Pelo menos na cadeia, poupem-no de seu reacionarismo estridente, obtuso e maldoso.
Qualquer coisa que ele faça vira contra ele.
A mídia publica, por exemplo, que ele teria pedido apoio a Lula. Uma declaração contra a brutalidade a que está sendo submetido por Joaquim Barbosa.
Isso vira “pressão”. Isso vira “tentativa de subverter a justiça”.
Até eu, que estive com Dirceu apenas uma vez, entendo que Lula deveria se manifestar com clareza a favor dele.
De amigos a gente espera o quê?
Lembro a mais linda frase sobre a amizade, escrita por Montaigne quando morreu seu amigo La Boétie. “Estava tão acostumado a sentir que éramos um só que agora me sinto meio.”
O que há de errado em Dirceu querer de Lula apoio numa hora duríssima como a que ele vive? É uma reação absolutamente humana.
Considere. Não é uma prisão normal. Nos últimos tempos, juristas insuspeitos de simpatia petista manifestaram repulsa ao julgamento do Mensalão.
Ives Gandra disse que Dirceu foi condenado sem provas, depois de estudar o processo. Bandeira de Mello, depois de acusar JB de ser um homem mau, sugeriu seu impeachment. Um celebrado constitucionalista português, Canotilho, citadíssimo pelos juízes do STF, disse ter visto falhas extraordinárias no julgamento, a começar pelo papel de Joaquim Barbosa.
Disceu tem 67 anos. Está na última etapa da vida útil. E uma decisão contra a qual se erguem tantas vozes o põe na cadeia.
Imagine você nessa situação. Não iria reclamar um apoio de Lula, se este fosse seu amigo e conhecesse a história que levou você à cadeia?
Repito: não é uma cadeia normal.
Li outro dia que, depois de muitos anos, a justiça do Paraná decretou enfim a culpa de um ruralista que diversas testemunhas viram dar um tiro na nuca de um sem terra que ocupara uma fazenda dele.
É uma história macabra, ocorrida em 1998.
Um grupo de pistoleiros mascarados cercou os sem terra. Mandou-os deitar com o rosto no chão. Um deles, com problemas na coluna, não conseguiu.
Um dos pistoleiros matou-o a sangue frio. Antes de apertar o gatilho, tirou a máscara. E por isso foi reconhecido. Era Marcos Prochet, ex-presidente da UDR no Paraná.
Prochet foi reconhecido porque tirou a máscara antes de dar um tipo na nuca de um sem terra
Prochet foi reconhecido porque tirou a máscara antes de dar um tipo na nuca de um sem terra
Prochet não foi preso, embora o processo seja do milênio passado. Dificilmente será: é um homem rico.
Mas Dirceu está preso, e não pode sequer invocar o apoio de Lula que é crucificado pelos reacionários. Também não pode cuidar da cela que é acusado, como se viu numa matéria do Estadão, de ter mania de mandar e ser obcecado com limpeza.
Essa é a mídia brasileira.
Aquela é a justiça brasileira, na versão 2013 protagonizada por Joaquim Barbosa.

domingo, 24 de novembro de 2013

Avaliação generosa engorda salário de servidores em SP

BLOG O MURAL: Um sistema generoso de avaliação do desempenho dos funcionários públicos do Estado de São Paulo tem permitido que alguns servidores estaduais consigam mais do que dobrar seus salários.
Dos 570 mil funcionários públicos do Estado, cerca de 100 mil recebem prêmios de remuneração variável. Eles aumentaram sua renda mensal em 26% em junho. Servidores com cargos administrativos e técnicos na Secretaria da Fazenda são os que tiveram maiores ganhos. Em média, eles quase dobraram sua remuneração.

Os salários dos funcionários públicos são inflados por notas elevadas que recebem de seus chefes por seus resultados no trabalho. Oito em cada dez funcionários que receberam remuneração variável em junho atingiram 90% ou mais do valor máximo de prêmio estipulado para seus cargos. Ou seja, o desempenho da vasta maioria é considerado ótimo. Os dados foram obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.
O Estado começou na década de 90 a adotar prêmios de remuneração variável individual para melhorar a qualidade do serviço público em São Paulo. Mas os governos do PSDB têm ampliado esses programas. Dos 11 prêmios em vigor, quatro foram instituídos nos últimos três anos.
Os programas do governo se diferenciam dos sistemas de remuneração variável da iniciativa privada, que, segundo especialistas, são caracterizados por grande variação das notas recebidas. Em muitas empresas, os chefes não podem repetir a mesma nota para dois funcionários da mesma área. Além disso, empregados cujo desempenho é mal avaliado podem não receber nada.
Editoria de Arte/Folhapress
Folha não teve acesso aos dados de servidores que ficaram sem receber o prêmio destinado à sua área pelo governo paulista. Mas, em alguns casos, as regras permitem que qualquer servidor que não tenha faltado sem justificativa ou sofrido punição administrativa ganhe um percentual de renda variável.
O Prêmio de Desempenho Individual (PDI) estabelece, por exemplo, que funcionários que tenham trabalhado, pelo menos, dois terços do tempo considerado na avaliação e não tenham sofrido punição administrativa garantam 50% do prêmio mesmo se tiverem recebido avaliação inferior a esse percentual.
O PDI foi instituído em 2012 para funcionários com cargos administrativos em diversas áreas do governo que não recebam outro tipo de prêmio. Embora seja chamado de Prêmio de Produtividade, o programa da Fazenda destinado a agentes fiscais deslocados para outras funções paga a remuneração variável de acordo com o cargo exercido pelo funcionário e não com o seu nível de eficiência, de acordo com a assessoria de imprensa da secretaria.
Os prêmios recebidos por esses servidores em junho variaram entre R$ 5.604 e R$ 6.199. Já entre 1.816 agentes fiscais que atuavam na fiscalização direta de tributos, apenas 34 receberam menos do que o teto de R$ 4.649 do prêmio destinado à área. Segundo a Fazenda, o valor máximo do prêmio pago aos fiscais fica abaixo da sua produtividade mensal, medida por critérios como número de autuações feitas.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Advogado diz que debate sobre políticas raciais está “cheio de ódio” e “ressentimento”

BLOG O MURAL:  Jornal GGN - Às vésperas do Dia da Consciência Negra, comemorado na próxima quarta-feira (20), o programa “Brasilianas.org” discutiu, na última segunda-feira (18), as propostas e ações afirmativas para os negros. Um dos presentes nos estúdios da TV Brasil, o advogado Silvio Luiz de Almeida, afirmou que o debate sobre o assunto está “cheio de ódio” e “ressentimento”. “Existem setores da sociedade que não querem nenhuma política pública [em prol da população negra]”, disse. Para ele, “as ações afirmativas têm o papel de proporcionar o reconhecimento do negro enquanto cidadão”.
Doutor pela USP (Universidade de São Paulo), Almeida também preside o Instituto Luiz Gama, uma associação sem fins lucrativos “que atua na defesa das causas populares, com ênfase nas questões sobre os negros, as minorias e os direitos humanos”, segundo o site oficial da entidade.
Duas em cada três pessoas assassinadas em nosso país são negras, aponta o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que conduziu uma pesquisa sobre o racismo no Brasil e divulgou os dados no último mês de outubro. Ainda de acordo com o instituto, nas cidades com mais de 100 mil habitantes, a chance de um adolescente negro ser vítima de um homicídio é 3,7 vezes maior do que a de um branco. O instituto também já havia divulgado, com base em dados coletados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que 6,5% dos negros foram agredidos por policiais ou seguranças privados em 2009, enquanto 3,7% dos brancos haviam passado pela mesma situação.

Racismo inconsciente
Um dos autores do trabalho do Ipea, o pesquisador Almir Oliveira Júnior, também esteve presente no debate mediado pelo jornalista Luis Nassif. “O tratamento dado pela polícia aos cidadãos brancos e não brancos não é o mesmo”, afirmou.
Almeida diz que vê no Brasil a existência de um “racismo estrutural”. “Ele se dá fora do campo do consciente. É muito comum que um policial negro agrida um outro negro porque, na verdade, não está em jogo o indivíduo. O que está em jogo é o funcionamento da estrutura policial que tem o negro como vítima preferencial”, disse.
Esse “racismo estrutural”, nas palavras do advogado, é a base da sociedade de classes no Brasil. “Toda a construção da economia brasileira foi estruturada em cima dessa clivagem de raça em que se dá, também, uma clivagem de classe”, opinou.
O pesquisador do IPEA disse, no entanto, que “a desigualdade estrutural do sistema capitalista se reproduz para os pobres, independentemente da cor”, mas ressaltou que “a maior parte da população negra do país está entre os 50% mais pobres”.
Cotas nas universidades
Para Almeida, “as cotas raciais não têm apenas um papel de redistribuição econômica. Elas têm o papel de reconhecimento. Colocar negros dentro de certos espaços de poder para que se tire essa naturalização da violência, naturalização do negro em posições subalternas”, afirmou. Na opinião dele, uma política como essa é eficaz quando leva às universidades “um mínimo de diversidade”.
Também presente nos estúdios da TV Brasil, a coordenadora do Neinb (Núcleo de Apoio à Pesquisa em Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro) da USP (Universidade de São Paulo), Eunice Prudente, fez questão de afirmar que “as ações afirmativas não são apenas as cotas. O entendimento é muito mais amplo: inclusão. E não há como incluir o afrodescendente menosprezando e perseguindo as religiões de matriz africana. Isso é uma falta de respeito”

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Projeto da Escola Antonio de Pádua: Comunique-se e aprenda pela rede ‘TEEN’



BLOG O MURAL: Foram meses de muito trabalho para implantar um projeto de uma rádio na escola onde leciono atualmente. Tratava-se de um projeto pessoal antigo, mas novo para meus alunos. Logo que apresentei minha ideia aos mesmos, a adesão foi geral. Junto com o professor Elcio (nosso professor de Artes), o qual já tinha boa parte do projeto escrito, apenas tive o trabalho de adequar algumas partes do projeto para podermos apresentá-lo à Direção e Coordenação. Ao ser entregue o mesmo, ficamos no aguardo para que puséssemos a “mão na massa”. Com a rápida aprovação dos gestores, iniciamos os trabalhos. Assim que conseguimos comprar os equipamentos, pensei: “Porque não convidar os alunos para ajudarem na montagem do projeto, envolvendo-os desde cedo nesse nobre trabalho”? Após uma série de conversas, resolvemos empreender essa tarefa, e dias depois, estávamos todos nós, professores e alunos, fazendo o projeto acontecer. A maior satisfação dos professores foi ver os alunos ajudando em cada etapa do projeto. Proporcionando autonomia de pensamento e delegando responsabilidades, todos os envolvidos sentem-se, agora, parte da escola. Essa experiência tem me feito não acreditar na educação mecânica, onde o professor fala e o aluno escuta, sem direito a questionar. No lugar desse modelo educacional, acredito numa educação mais humanística, pois ela revela-se mais abrangente e democrática, afinal os alunos participam, junto dos professores, no processo de construção do conhecimento. Muitos dirão: “ nada obstante o modelo pedagógico que você propõe seja belo, os problemas de aprendizado continuarão”! Digo que sim, mas prefiro ver a questão de uma forma otimista, pois penso que o fator “problema” nessa ótica pedagógica revela-se como mola propulsora do aprendizado. Basta mudar nossas crenças, transferindo o conceito “Problema” para “Desafio”. É importante lembrar que a Educação propriamente dita só ocorre quando existe confronto de ideias. Isso se comprova na medida que observamos alunos novos com mentalidades novas ou confrontando-se com professores portadores de ideias ultrapassadas, cristalizados no “jeito velho de ensinar”. “Trocando em miúdos”: o projeto que estou descrevendo propõe esse “enfrentamento“ de crenças antigas (professores), o entendimento e compreensão de novos valores(alunos) e o real enfrentamento dos problemas de aprendizagem , corroborando assim com minhas reflexões anteriores. Como se percebe, minha visão é que se tentarmos resolver os problemas educacionais mediante a “Educação Tradicional” , ficaremos a “enxugar gelo”. Porém, se nós professores nos propormos a enfrentar os problemas “aprendendo ensinando e ensinando aprendendo”, faremos sim a diferença. Quando vejo os alunos fazendo programa de rádio ou de jornal, fico satisfeito,pois sei que estou fazendo eles se interarem dos problemas sociais que os envolvem, além da possibilidade dos mesmos (com a orientação do professor) proporem soluções para as problemáticas que eles irão se deparar, praticando desde cedo a Cidadania em sua plenitude. Envolvidos em projetos desse tipo, eles aprenderão a importância de aprender/saber (não apenas os conteúdos) o mínimo para poder vencer na luta feroz do dia-dia. Envolvidos em projetos que eles mesmo ajudaram em sua construção, os alunos saberão o valor da escola e do conhecimento ali oferecido, passando esses conceitos a seus filhos e netos, formando, com o tempo, uma cultura escolar na população. As montagens de programas com as perguntas ”pode funk”? “E o rap”? “Rock”? “Sertanejo”? “MPB”?, são perguntas que levarão eles mesmos a concluir que somos seres diferenciados, treinando assim, a tolerância. Esse projeto tem se revelado uma grande fonte de aprendizado a todos os envolvidos, um canal para exporem seus pensamentos, e principalmente uma forma de exercício da cidadania. Certamente, essas crianças lembrar-se-ão do Projeto “Teen”, e com base no aprendizado atual, não duvido que farão a diferença no futuro. Eu, particularmente, aposto nisso.






sábado, 16 de novembro de 2013

Zé, um filho do Brasil.




BLOG O MURAL: Falar que a prisão do ex-ministro José Dirceu foi resultado de um julgamento político, de exceção, pressionado pela grande mídia e que foi condenado sem provas, é quase uma obviedade. É discorrer sobre assunto que grande parte dos brasileiros já tem conhecimento. Hoje, pretendo me posicionar não como agente público, deputado federal ou ex-prefeito. Falo como filho mais velho de um homem que doou a sua vida pela transformação do nosso país. Falo pelas minhas irmãs, pelos meus tios, avó, mãe e filha, num momento em que a nossa família está sofrendo muito.

Meu pai tem 67 anos. Nasceu em Passa Quatro, interior de Minas Gerais. Ativista estudantil, obcecado pela luta democrática, depois de ter sido exilado em Cuba, ficou refugiado clandestinamente no interior do Paraná, quando conheceu e se casou com minha mãe Clara. Tenho 35 anos e sou fruto desta trajetória de meu pai.

Tendo plena convicção sobre a sua inocência, quando sou questionado sobre o mensalão, sempre digo que não é da natureza de nenhum filho condenar o próprio pai. Quem já teve alguém a quem ama muito nessa situação de fragilidade, com certeza compreende o que estou falando. Especialmente, quando o direito de liberdade é retirado de quem sempre buscou um país onde todos fossem verdadeiramente livres política e socialmente, mesmo que para isso precisasse sacrificar a convivência com a sua própria família, como foi o caso do meu pai.

Estou me sentindo como a minha avó se sentiu há décadas quando viu seu filho preso, torturado e expulso do país pela ditadura militar. Hoje com 93 anos, mais uma vez ela suporta todas as cenas. Parece história repetida! É uma sensação de muita tristeza e preocupação, mas ao mesmo tempo de uma certeza, a mesma que carregava vó Olga quando meu pai tinha vinte e poucos anos, de que só sairemos vitoriosos de mais esta situação, se enfrentarmos a tempestade com muita coragem.

Quando eu tinha 6 ou 7 anos de idade, o PT ainda era apenas uma semente plantada no coração de poucos, mas eu já acompanhava em São Paulo toda a articulação daqueles homens e mulheres que tinham uma determinação que parecia estourar no peito. Tenho a história do meu pai, o Zé dos petistas, e de todos os seus companheiros, como inspiração. Sempre me emociono ao pensar do que eles foram capazes de suportar para que os padrões da ditadura fossem rompidos.

Tenho muito orgulho por ter a oportunidade de fazer parte dessa construção. Hoje já consegui construir o meu próprio caminho político, mas nunca deixarei de respeitar e admirar toda a história de vida de meu pai. Não são histórias iguais, nem semelhantes, mas eu me sinto parte dele e tenho certeza de que ele também se sente parte de mim. É uma relação permeada e alicerçada pelo amor.

Estaria mentindo se dissesse que meu pai não está revoltado com toda esta situação. Como ele se sente? Às vezes tenho a impressão que não acredita que isso realmente esteja acontecendo. Muitas vezes imagino que ainda pensa que pode acordar no meio deste grande pesadelo. Quem o conhece, sabe que ele não se conforma com injustiças. O que me deixa mais tranquilo é saber que meu pai é muito forte e não está sozinho, junto dele há muita gente de bem.

Se por um lado temos a força de uma mídia esmagadora de direita, que não se conforma com as transformações positivas de distribuição de renda em todo o país; de outro temos a energia dos brasileiros que já provaram que querem viver num país em constante crescimento e da militância que nunca abandona o seu projeto político e o apoio aos seus pioneiros.

Este é um momento em que precisamos aceitar as lágrimas, sem deixar de alimentar a esperança. A única coisa que peço a Deus é que mantenha a chama da fé acesa na vida do meu pai. Assim, tenho certeza que ele, enquanto suspirar, continuará batalhando para provar a verdade e não desistirá de suas lutas.

E nós vamos continuar defendendo a democracia e os direitos igualitários, dando sequência a essa bela história moldada desde a década de 80. Com humildade, mas também com muita garra, não deixaremos a nossa estrela parar de brilhar!

Zeca Dirceu
No Viomundo

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O julgamento de exceção



BLOG O MURAL:

O golaço do bom senço futebol club.


bom senso

O movimento Bom Senso FC marcou um golaço: finalmente apontou a Globo como principal adversário

BLOG O MURAL:  O Bom Senso FC, formado por jogadores descontentes, principalmente, com o calendário do futebol brasileiro, marcou um golaço na quarta passada. Nomeou, pela primeira vez de forma clara e cristalina, quem é seu grande adversário. Depois da vitória do São Paulo sobre o Flamengo por 2 a 0, Rogério Ceni falou o que faltava ser falado.
“Por que a Globo não pode ter jogo de segunda-feira? Futebol para o país, dá audiência todo dia. Os atletas se predispõem a ajudar, a jogar. Só não pode jogar quarta, domingo, quarta, domingo. Podemos desmembrar uma rodada no fim de semana. Campeonato Paulista não pode ter 23 rodadas. Isso não é encrenca, chama-se bom senso, que dá nome ao movimento. E não é nada político. Se tiver algo político nesse movimento um dia, eu sou o primeiro a ir embora”.
Noves fora a bobagem de dizer que o movimento não é político (não precisa ter partido para ser político), Ceni foi para cima de quem manda realmente no futebol brasileiro. O monopólio da Globo é responsável pelo horário estúpido das partidas, pelo calendário atrelado à sua programação e tem enorme parcela de culpa pelos estádios vazios.
O diretor da Globo Esportes, Marcelo Campos Pinto, respondeu. No UOL, chamou de “muito estranho” o que Ceni disse. “Não faz sentido”, afirmou, transferindo a responsabilidade de uma posição oficial para a Central Globo de Comunicações. Até agora, nada.
O zagueiro pé de boi Paulo André afirmou que uma das inspirações para o Bom Senso foram as manifestações que tomaram o Brasil. Como para o pessoal nas ruas, a Globo é um alvo óbvio pelo tamanho e o poder que tem. É claro que o protesto de Ceni foi citado de maneira comedida pela emissora. No site do Globo Esporte, entra como um detalhe. Sem nenhuma explicação, como era de se esperar.
Segundo alguns comentaristas, a Globo teria cedido com relação a não ter mais jogos em janeiro. Mas ela não estaria de acordo com o limite de sete embates por mês, uma das demandas do Bom Senso.
O fato de você estar acostumado com uma situação maluca não significa que ela não seja maluca. O futebol brasileiro é gerido, na prática, não pela entidade que o representa, mas por um canal de TV. O meia Alex foi preciso quando apontou, ainda em agosto, que a CBF cuida apenas da seleção brasileira. “Quem realmente cuida do futebol brasileiro é a Globo. A gente sabe que a Globo trabalha na dependência da novela. A gente brinca aqui no Coritiba que os jogos de quarta-feira só rolam depois do último beijo da novela”, disse.
Faz todo o sentido. Que tipo de represália poderia haver? Bem, jamais saberemos. Uma coisa é certa: o futebol pode prescindir de qualquer coisa, menos dos 22 marmanjos chutando a bola. Os atletas do Bom Senso FC estão fazendo bonito ao apontar o dedo para quem realmente manda, e não apenas para a empresa chefiada por um pamonha chamado Marín.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Blog em manutenção








BLOG O MURAL: Resolvido os problemas com o computador, foi a vez da senha, mas tudo pronto o blog volta a normalidade dentro de dias.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A (des)informação: “Rede Globo, fantástico é o seu racismo!”



BLOG O MURAL: Nas últimas semanas escrevi dois textos sobre a relação entre meios de comunicação, publicidade e humor e a prática de racismo, o primeiro provocado por uma peça publicitária de divulgação do vestibular da PUC-PR e o segundo por conta de umprograma de humor que ridicularizava as religiões de matriz africana. Hoje, graças a Rede Globo de televisão, retorno ao tema.

Neste domingo 3 de novembro o programa Fantástico, em seu quadro humorístico “O Baú do Baú do Fantástico”,  exibiu um episódio cujo tema é muito caro para a história da população negra no Brasil.

Passado mais da metade do programa, eis que de repente surge a simpática Renata Vasconcellos. Sorriso estonteante ainda embriagado pela repentina promoção: “Vamos voltar no tempo agora, mas voltar muito: 13 de maio de 1888, no dia em que a Princesa Isabel aboliu a escravidão. Adivinha quem tava lá? Ele, o repórter da história, Bruno Mazzeo!”



O quadro, assinado por Bruno Mazzeo, Elisa Palatnik e Rosana Ferrão, faz uma sátira do momento histórico da abolição da escravidão no Brasil. Na “brincadeira” o repórter entrevista Joaquim Nabuco, importante abolicionista, apresentado como líder do movimento “NMS – Negros, mulatos e simpatizantes”!

Princesa Isabel também entrevistada, diz que os ex-escravos serão amparados pelo governo com programas como o “Bolsa Família Afrodescendente”, o “Bolsa Escola – o Senzalão da Educação” e com Palhoças Populares do programa “Minha Palhoça, minha vida”!

“Mas por enquanto a hora é de comemorar! Por isso eles (os ex-escravos) fazem festa e prometem dançar e cantar a noite inteira…” registra o repórter, quando o microfone é tomado por um homem negro que, festejando, passa a gritar: “É carnaval! É carnaval!”

O contexto

Não acredito que qualquer conteúdo seja veiculado por um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo apenas por um acaso ou sem alguma intencionalidade para além da nobre missão de “informar” os milhões de telespectadores, ora com seus corpos e cérebros entregues aos prazeres educativos da TV brasileira em suas últimas horas de descanso antes da segunda feira – “dia de branco”.

E me perguntei: Por que – cargas d’água, a Rede Globo exibiria um conteúdo tão politicamente questionável? O que teria a ganhar com isso? Sequer estamos em maio! Que “gancho” ou motivação conjuntural haveria para justificar esse conteúdo?

Bom, estamos em novembro. Este é o mês reconhecido oficialmente como de celebração da Consciência Negra. É o mês em que a população  a f r o d e s c e n d e n t e  rememora, no dia 20, Zumbi dos Palmares, líder do mais famoso quilombo e personagem que figura no Livro de Aço como um dos Heróis Nacionais, no Panteão da Pátria. Relevante não?

Estamos também na véspera da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, que começa nesta terça, dia 5 e segue até dia 7 de Novembro, em Brasília, momento ímpar de reflexão e debates sobre os rumos das ações governamentais relacionadas a busca de uma igualdade entre brancos e negros que jamais existiu no Brasil. Isso somado à conjuntura de denúncia de violência e assassinatos que tem como principais vítimas os jovens negros, essa Conferência se torna ainda mais importante.

Voltando ao Fantástico, evidente que há quem leia as cenas apenas como um mero quadro humorístico e como exagero de “nossa” parte. Mas daí surge novas perguntas:

Um regime de escravidão que durou 388 anos; Que custou o sequestro e o assassinato de aproximadamente 7 milhões de seres humanos africanos e outros tantos milhões de seus descendentes; e que fora amplamente denunciado como um dos maiores crimes de lesa-humanidade já vistos, deve/pode ser motivo de piadas?

Quantas cenas de “humor inteligente” relacionado ao holocausto; Ou às vítimas de Hiroshima e Nagasaki; Ou às vítimas do Word Trade Center ou – para ficar no Brasil – às vítimas do incêndio na Boate Kiss, assistiremos em nossas noites de domingo?

Ah, mas ex-escravizados festejando em carnaval a “liberdade” concebida pela áurea princesa boazinha, isso pode! E ainda com status de humor crítico e inteligente.

Minha professora Conceição Oliveira diria: “Racismo meu filho. Racismo!”.

A democratização dos meios de comunicação como forma de combate ao racismo

Uma das tarefas fundamentais dos meios de comunicação dirigidos pelas oligarquias e elites brasileiras tem sido a propagação direta e indireta – muitas vezes subliminar, do racismo. É preciso perceber o que está por trás da permanente degradação da imagem da população negra nesses espaços. Há um pensamento racista que é, ao mesmo tempo, reformulado, naturalizado e divulgado para a coletividade.

A arte em forma de publicidade, teledramaturgia, cinema e programas humorísticos são poderosos instrumentos de formação da mentalidade. O que vemos no Brasil, infelizmente, é esse poder a serviço do fomento a valores racistas e preconceituosos que, por sua vez, gera muita violência. A democratização dos meios de comunicação é fundamental para combater essa realidade. No mais, deixo duas perguntas ao governo federal e ao congresso nacional, dos quais devemos cobrar:

O uso de concessão pública para fins de depreciação, desvalorização da população negra e da prática do racismo, machismo, sexismo, homofobia e todos os tipos de discriminação e violência não são suficientes para colocar em risco a concessão destes veículos?

Por que Venezuela, Bolívia e Argentina, vizinhos latino-americanos, avançam no sentido de diminuir a concentração de poder de certos grupos de comunicação e no Brasil os privilégios para este setor só aumentam?

Tantas perguntas…

Douglas Belchior

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Como o ministério público protegeu tucanos

BLOG O MURAL: Procurador Rodrigo de Grandis engaveta oito ofícios do Ministério da Justiça que pediam apuração do escândalo do metrô de São Paulo e prejudica o andamento das investigações

Apareceu um escândalo dentro do escândalo de corrupção em contratos de energia e transporte sobre trilhos de São Paulo que atinge em cheio os governos do PSDB. ISTOÉ descobriu que o procurador Rodrigo de Grandis engavetou desde 2010 não apenas um, como se divulgou inicialmente, mas oito ofícios do Ministério da Justiça com seguidos pedidos de cooperação feitos por autoridades suíças interessadas na apuração do caso Siemens-Alstom. Ao longo de três anos, De Grandis também foi contatado por e-mail, teve longas conversas telefônicas com autoridades em Brasília e solicitou remessas de documentos. Na semana passada, soube-se que, devido à falta de cooperação brasileira, o Ministério Público suíço decidiu arquivar a investigação contra três dos acusados de distribuir propina a políticos tucanos e funcionários públicos. Em sua única manifestação sobre o caso, De Grandis alegou que sempre cooperou e só teria deixado de responder a um pedido feito em 2011, que teria sido arquivado numa “pasta errada”. Mas sua versão parece difícil de ser sustentada em fatos.
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PEDIDO
Informado da falta de cooperação, o ministro Cardozo
determinou novo contato com o procurador

Conhecido pelo vigor demonstrado em investigações sobre o ex-governador Paulo Maluf e também no caso Satiagraha, que colocou o banqueiro Daniel Dantas na prisão, desta vez o procurador federal, de 37 anos, não demonstrou a mesma energia. Para usar uma expressão que costuma definir a postura de autoridades que só contribuem para a impunidade de atos criminosos: ele sentou em cima do processo. No mês passado, um integrante do Ministério Público Federal de São Paulo chegou a denunciar a seus superiores que a conduta de De Grandis “paralisou” por dois anos e meio a apuração contra os caciques tucanos. As razões que o levaram a engavetar o caso agora serão alvo do procurador-geral, Rodrigo Janot, e da Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público, que abriu uma queixa disciplinar contra De Grandis.
Até o momento, as explicações do procurador carecem de consistência. Com boa vontade, sua teoria de “falha administrativa” poderia até caber para explicar um ofício perdido. Mas não faz sentido quando se sabe que foram oito os ofícios encaminhados, sem falar nas conversas por telefone e e-mails. O último dos ofícios, que chegou à mesa de Rodrigo De Grandis há apenas duas semanas, acusa o procurador de “nunca” ter dado retorno às comunicações feitas pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça, responsável pela interface em matéria judicial com outros países.
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A primeira solicitação oficial do MP suíço chegou ao Brasil em 15 de março de 2010 e, em 16 de abril, foi encaminhada à PGR e ao procurador federal pelo ofício nº 3365. As autoridades suíças queriam a quebra de sigilo bancário, o interrogatório, além de busca e apreensão nos escritórios de Romeu Pinto Júnior, Sabino Indelicato e outros suspeitos. Nada se fez. Em 18 de novembro, a Suíça fez o primeiro aditamento ao pedido de cooperação e novo ofício foi encaminhado ao MPF, em 1º de dezembro. Desta vez, o MP suíço pedia informações que poderiam alimentar sete processos em curso naquele país. Nada. Em 21 de fevereiro de 2011, os procuradores estrangeiros tentaram pela terceira vez. Queriam que fossem ouvidos, entre outros, o lobista Arthur Gomes Teixeira e João Roberto Zaniboni, ex-diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
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Em março, as autoridades suíças cobraram retorno das demandas. De Grandis foi novamente acionado, mas não deu resposta. Em julho e novembro, foram encaminhados novos ofícios sobre os pedidos de cooperação da Suíça. Mais uma vez, o silêncio. Depois de dois anos e meio, em 7 de agosto deste ano, já com o escândalo das propinas batendo à porta do Palácio dos Bandeirantes, o ministro José Eduardo Cardozo foi informado da falta de cooperação e determinou que se fizesse novo contato com o procurador. Tudo em vão. Sem obter resposta, o MJ encaminhou outro ofício (6020/2013) ao MPF em 10 de outubro. E novamente outro (6280/2013) no dia 21, reiterando “extrema urgência e a importância do tema” e pedindo retorno em cinco dias. De Grandis solicitou novas remessas de documentos e finalmente respondeu na última quarta-feira 30. A resposta, porém, foi incompleta – apenas algumas oitivas.  O silêncio obsequioso do procurador inviabilizou diligências que poderiam ser essenciais para alimentar as investigações do propinoduto, tanto na Suíça como no Brasil, causando um prejuízo incalculável ao esclarecimento de um esquema de corrupção cuja dimensão total ainda não se conhece. Feitas no tempo certo, poderiam ter ajudado as autoridades a estabelecer, antecipadamente, a relação entre o esquema usado pela Alstom e o da Siemens para subornar políticos.
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ARQUIVADOS?
Teixeira, Zaniboni e Matarazzo (da esq. para a dir.): personagens centrais do escândalo do PSDB
Em agosto de 2012, após quatro anos de investigação, a Polícia Federal concluiu o primeiro inquérito sobre o caso Alstom. Sem acesso a dados bancários e fiscais da Suíça, conseguiu apenas reunir provas parciais para indiciar por corrupção passiva o vereador Andrea Matarazzo, que, em 1998, era secretário estadual de Energia no governo Mário Covas. O inquérito foi para as mãos de De Grandis, que, passado mais de um ano, ainda não apresentou sua denúncia. Nos bastidores, o procurador reclamava a assessores que a peça policial era pouco fundamentada. Sob pressão, solicitou à Justiça Federal a quebra do sigilo de 11 acusados. O promotor Silvio Marques, do MP estadual, e outros procuradores federais em São Paulo pediram em julho o compartilhamento das provas para aprofundarem a apuração. Os procuradores suíços, longe de arquivar os processos, também estão interessadíssimos em conseguir a cooperação brasileira.
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PARADO
Fachada do prédio do Ministério Público em São Paulo: investigações emperradas 
Na semana passada, ISTOÉ enviou ao gabinete de De Grandis uma lista com 20 perguntas. Nenhuma foi respondida. Por meio da assessoria de imprensa, o MPF alegou “sigilo das investigações” e disse que o procurador está de licença até 5 de dezembro para concluir um mestrado. Especialista em direito penal e professor da Escola Superior do MP de São Paulo, De Grandis é considerado pelos colegas um sujeito de temperamento difícil e de poucos amigos. Entre eles, o ex-delegado Protógenes e o neoativista Pedro Abramovay, hoje antipetista de carteirinha após ser banido do governo. Para o advogado Píer Paolo Bottini, ex-secretário da gestão Márcio Thomaz Bastos e professor de Rodrigo de Grandis num curso de pós-graduação, o procurador nunca usaria o cargo para fins políticos. “Conheço ele e não acredito que tenha qualquer direcionamento em sua atuação”, diz.
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O ex-ministro José Dirceu pensa diferente. Na semana passada, ele voltou a acusar De Grandis de agir politicamente ao quebrar seu sigilo telefônico para tentar envolvê-lo no caso MSI, o esquema de cartolagem do futebol paulista. Na Satiagraha, De Grandis e Protógenes se uniram contra Daniel Dantas, um velho aliado do PSDB e de Marcos Valério, que se aproximou do PT depois que Lula chegou ao poder em 2002. A partir de 2008 o deputado estadual Roberto Felício (PT) encaminhou seis representações ao procurador. O deputado ainda alertou De Grandis sobre indícios de que Alstom e Siemens usavam as mesmas consultorias internacionais para lavagem de dinheiro e pagamentos de propinas e subornos a diversas autoridades no Brasil. Nenhuma foi concluída.Reportagem da Revista IstoÉ