BLOG O MURAL: Foram meses de muito trabalho para implantar um projeto de uma rádio na
escola onde leciono atualmente. Tratava-se de um projeto pessoal antigo, mas
novo para meus alunos. Logo que apresentei minha ideia aos mesmos, a adesão foi
geral. Junto com o professor Elcio (nosso professor de Artes), o qual já tinha
boa parte do projeto escrito, apenas tive o trabalho de adequar algumas partes
do projeto para podermos apresentá-lo à Direção e Coordenação. Ao ser entregue
o mesmo, ficamos no aguardo para que puséssemos a “mão na massa”. Com a rápida
aprovação dos gestores, iniciamos os trabalhos. Assim que conseguimos comprar
os equipamentos, pensei: “Porque não convidar os alunos para ajudarem na
montagem do projeto, envolvendo-os desde cedo nesse nobre trabalho”? Após uma
série de conversas, resolvemos empreender essa tarefa, e dias depois, estávamos
todos nós, professores e alunos, fazendo o projeto acontecer. A maior
satisfação dos professores foi ver os alunos ajudando em cada etapa do projeto.
Proporcionando autonomia de pensamento e delegando responsabilidades, todos os
envolvidos sentem-se, agora, parte da escola. Essa experiência tem me feito não
acreditar na educação mecânica, onde o professor fala e o aluno escuta, sem
direito a questionar. No lugar desse modelo educacional, acredito numa educação
mais humanística, pois ela revela-se mais abrangente e democrática, afinal os
alunos participam, junto dos professores, no processo de construção do
conhecimento. Muitos dirão: “ nada obstante o modelo pedagógico que você propõe
seja belo, os problemas de aprendizado continuarão”! Digo que sim, mas prefiro
ver a questão de uma forma otimista, pois penso que o fator “problema” nessa
ótica pedagógica revela-se como mola propulsora do aprendizado. Basta mudar
nossas crenças, transferindo o conceito “Problema” para “Desafio”. É importante
lembrar que a Educação propriamente dita só ocorre quando existe confronto de
ideias. Isso se comprova na medida que observamos alunos novos com mentalidades
novas ou confrontando-se com professores portadores de ideias ultrapassadas,
cristalizados no “jeito velho de ensinar”. “Trocando em miúdos”: o projeto que
estou descrevendo propõe esse “enfrentamento“ de crenças antigas (professores),
o entendimento e compreensão de novos valores(alunos) e o real enfrentamento
dos problemas de aprendizagem , corroborando assim com minhas reflexões
anteriores. Como se percebe, minha visão é que se tentarmos resolver os
problemas educacionais mediante a “Educação Tradicional” , ficaremos a “enxugar
gelo”. Porém, se nós professores nos propormos a enfrentar os problemas
“aprendendo ensinando e ensinando aprendendo”, faremos sim a diferença. Quando
vejo os alunos fazendo programa de rádio ou de jornal, fico satisfeito,pois sei
que estou fazendo eles se interarem dos problemas sociais que os envolvem, além
da possibilidade dos mesmos (com a orientação do professor) proporem soluções
para as problemáticas que eles irão se deparar, praticando desde cedo a
Cidadania em sua plenitude. Envolvidos em projetos desse tipo, eles aprenderão
a importância de aprender/saber (não apenas os conteúdos) o mínimo para poder
vencer na luta feroz do dia-dia. Envolvidos em projetos que eles mesmo ajudaram
em sua construção, os alunos saberão o valor da escola e do conhecimento ali
oferecido, passando esses conceitos a seus filhos e netos, formando, com o
tempo, uma cultura escolar na população. As montagens de programas com as
perguntas ”pode funk”? “E o rap”? “Rock”? “Sertanejo”? “MPB”?, são perguntas
que levarão eles mesmos a concluir que somos seres diferenciados, treinando
assim, a tolerância. Esse projeto tem se revelado uma grande fonte de
aprendizado a todos os envolvidos, um canal para exporem seus pensamentos, e
principalmente uma forma de exercício da cidadania. Certamente, essas crianças
lembrar-se-ão do Projeto “Teen”, e com base no aprendizado atual, não duvido
que farão a diferença no futuro. Eu, particularmente, aposto nisso.
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