segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Brasil cresce, São Paulo encolhe. A lenta decadência da economia paulista



BLOG O MURAL: Os jornais de sábado trazem notícias que apontam para que São Paulo já não é mais o destino preferido dos nordestinos, visto que estes preferem ficar no nordeste e outras regiões. Isto se deve a melhoria das condições de vida no nordeste e Centro-Oeste e por outro lado, apontam à deterioração das condições de vida em São Paulo.


O símbolo desta situação poderia ser o caos diário do trânsito, a superlotação no metrô e a insegurança permanente do cidadão paulista. Isto tem feito um duplo movimento: expansão das cidades médias como Sorocaba e Jundiaí, como exemplo, e retorno de migrantes para o nordeste e fuga de engenheiros e mão de obra qualificada para o nordeste e outras regiões do país.


Este mudança populacional se relaciona ao crescimento do mercado consumidor no nordeste e demais regiões e a perda pelo sudeste de fatia do mercado nacional (matéria do jornal Estado de São Paulo de 1º de maio de 2011), se projetam que o sudeste perderia algo como R$ 12 bilhões.

O programa luz para todos, que incorporou ao mercado consumidor R$ 7 milhões de pessoas, o crescimento do emprego, lembro que várias regiões já vivemos o pleno emprego, as políticas sociais, como a bolsa família e aumento real de quase 50% do salário mínimo, e outras políticas levaram a criação do mercado de massas e a inclusão de milhões de pessoas.

Outro indicador da perda da pujança paulista apareceu na matéria do jornal Folha de São Paulo, que aponta que caiu a diferença entre o salário de São Paulo e resto do país. A matéria aponta que:

“A diferença entre os salários de São Paulo e do resto do Brasil está diminuindo. E, em algumas regiões e setores, ela já desapareceu. Levantamento do IBGE comparando o rendimento médio dos trabalhadores da região metropolitana de São Paulo com os de outras cinco -Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Salvador- mostra que em todas houve redução da diferença entre 2003 e 2011. Isso aconteceu porque os salários dos paulistanos e dos habitantes dos municípios vizinhos cresceram em ritmo menor do que os dos trabalhadores das outras regiões metropolitanas. No Rio, a remuneração média aumentou mais -chegou a R$ 1.682 em fevereiro, superando em R$ 45 a de São Paulo (R$ 1.637)”.


Segundo o blog transparência São Paulo, “constata-se o baixo crescimento dos rendimentos médios dos paulistanos em relação a outras capitais do país. Reforça-se, mais uma vez, a falta de políticas de desenvolvimento no Estado de SP”.

A melhoria salarial das outras regiões e a carência de mão de obra, com a elevação do salário dos mais pobres, contrasta com o discurso da elite paulista que prega a sua supremacia política, afinal em seu imaginário os doutores como Fernando Henrique é que devem governar, aponta para a expulsão dos nordestinos de São Paulo. Assim, por agüentarem mais a deterioração da vida em São Paulo voltam para os seus estados, tal como queria a elite. Ironicamente, agora os ricos e classe média paulista se lamentam que não consigam mais empregadas domésticas, eletricistas, pedreiros e outros serviços. E começam a perceber que a vida sem eles é mais difícil.....

Todas essas considerações reforçam o cenário foi desenhado no texto publicado no Vi o mundo que a economia paulista perdeu R$ 128 bilhões de 1995 a 2008. Ainda aponto que a perda da vitalidade econômica paulista tem trazido infelizmente como subprodutos o crescimento de movimentos separatistas e de grupos de características neonazistas, segundo reportagem do jornal Agora, chegariam a 250 somente na Grande São Paulo, que infelizmente tem incrementado ações racistas e xenófobas contra nordestinos e homossexuais. Ainda acrescento que parte do tom de ódio da campanha do Serra pode ser entendido neste contexto.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010


Economia paulista perde mais de R$ 128 bilhões de 1995 a 2008.



Novembro 29, 2010 - Transparência São Paulo


Falta de política de desenvolvimento no Estado provoca lenta decadência do PIB de São Paulo. Minas e Nordeste ganham espaço na economia brasileira nos últimos 13 anos.


(do Transparência SP)

Em 1995, a economia paulista representava 37,3% da economia brasileira. Em 2002 representava 34,6% e em 2008 caiu para 33,1%.


Estes dados podem ser obtidos através do levantamento da evolução do PIB (Produto Interno Bruto) Estadual feito pelo IBGE.


Em outros termos, a perda de São Paulo chegou a R$ 128 bilhões, um orçamento público paulista anual inteiro.


A perda foi generalizada, atingindo todos os setores econômicos: na indústria (-10,6%), no setor de serviços (-2,2%), na administração pública (-1,8%) e na agropecuária (-2,5%).


A razão desta perda tem raízes no processo de desconcentração da indústria e na guerra fiscal dos Estados, mas também na falta de um projeto de desenvolvimento para o Estado de São Paulo, um projeto que buscasse potencializar as vocações das diferentes regiões do Estado.


Durante este período, os governos que comandaram o Estado de São Paulo implantaram uma política de orientação neoliberal. Inimigos do desenvolvimento econômico e social, privatizaram um patrimônio público de mais de R$ 80 bilhões.


Diversos são os exemplos da ausência de uma política desenvolvimentista para o Estado. Podemos citar apenas alguns:


Com as privatizações, boa parte dos lucros das empresas vendidas foram enviados para as respectivas matrizes, deixando de ser reaplicados no Estado. Mais ainda, empresas privatizadas tem significado mais desemprego e maior precarização do trabalho, sobretudo através das terceirizações.


Com a privatização e venda de instituições públicas financeiras, o Estado de São Paulo também vem enterrando qualquer política de planejamento e financiamento de longo prazo do desenvolvimento econômico.


A política de "ajuste fiscal permanente" também reduziu investimentos na infraestrutura de transporte público metropolitano, na habitação, no saneamento, na educação e nas demais áreas sociais, tornando o Estado e suas principais cidades menos atrativos.


A ampliação da antecipação (substituição) tributária do ICMS e a multiplicação de pedágios, os mais caros do país, tem ampliado o custo paulista e a carga tributária bruta estadual, desestimulando investimentos no Estado.


A falta de uma política de desenvolvimento que busque articular de forma massiva as diversas instituições públicas de ensino e pesquisa e as iniciativas privadas de inovação produtiva, em todos os segmentos, vem representando um grande disperdício para o enorme potencial de desenvolvimento do Estado.


A extrema concentração das oportunidade de emprego na capital e num raio de 100 km de distância, sem que o poder público estadual incentive a desconcentração do desenvolvimento, tem levado a "soluções de mercado" por parte das empresas, que abandonam a Região Metropolitana de São Paulo em busca de outras regiões, normalmente em outros Estados. O sul de Minas, o Mato Grosso do Sul e o norte do Paraná tem sido o destino recorrente destas empresas.


Uma situação específica reflete esta falta de política para a desconcentração do desenvolvimento econômico do Estado: porque todos os órgãos públicos estaduais, de todos os poderes, estão localizados de forma dispersa na capital paulista?


A queda da participação do PIB paulista mostra, portanto, não apenas o resultado da ação política dos outros Estados - como insiste em lembrar o governo paulista e a mídia -, mas também o custo do "ajuste fiscal permanente" e a conseqüente inércia dos governantes do Estado de SP.


Em bom ressaltar que a queda do PIB reflete, na prática, uma menor atratividade econômica para novos investimentos, menor participação na arrecadação de impostos, nível de vida mais baixo, dificuldades na geração de novos empregos e dificuldades na expansão dos serviços prestados pelo poder público.


Analisando a evolução do PIB Estadual no Brasil, o Sudeste perdeu R$ 94 bilhões, perda esta que se concentrou em São Paulo. O Rio de Janeiro ampliou sua participação no PIB Nacional, passando de 11,2% em 1995 para 11,3% em 2008 (+ R$ 4 bilhões). Minas Gerais também apresentou elevação expressiva na sua participação no PIB Nacional, passando de 8,6% para 9,3% (+ R$ 20,7 bi). O Espírito Santo passou de 2% para 2,3% (+ R$ 9,5 bi).


O maior ganho em participação na economia nacional é na região Nordeste que cresceu 1,1% e ganhou R$ 32,4 bilhões, com destaque para o Maranhão (+ R$ 11 bilhões) e para a Bahia (+ R$ 8 bilhões).


Em seguida, vem a região Norte, com ganhos de R$ 26,7 bilhões, em especial os estados do Pará (+ R$ 10,9 bilhões) e Amazonas (+ R$ 3,55 bilhões).


O Centro Oeste ganhou R$ 24 bilhões, sendo que este crescimento foi "puxado" pelo Mato Grosso (+ R$ 21,57 bilhões) e Goiás (+ R$ 13,1 bilhões).


A região Sul apresentou elevação de R$ 10,9 bilhões, com destaque para Paraná (+ R$ 6,57 bilhões) e Santa Catarina (+ 19,2 bilhões).


Além de São Paulo, outros dois Estados tiveram queda significativa na participação no PIB Nacional: Rio Grande do Sul (- R$ 14,8 bilhões) e o Distrito Federal (- R$ 16,2 bilhões).

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