As extremidades da ferradura quase se encontram. Uma pela esquerda e a outra, pela direita. A distância que as separa é menor do que a que percorrem. E são feitas da mesma matéria inflexível. Se a ferradura for virada de face para baixo, suas pontas invertem os papéis.
Ontem, em Goiânia, Lula disse aos estudantes filiados à UNE que não dessem bola para a imprensa que os chamou de “chapas-brancas”. Afinal, estão onde estavam quando o ex-presidente era oposição. Não aderiram a ele após chegar ao poder.
Blogueiros progressistas, estudantes da UNE, movimentos sociais, sindicatos, todos são chapas-brancas. Mas não só para os aprendizes de Pinochet que infestam isso que se autodenomina “imprensa”. Os militontos dizem as mesmas coisas.
A imprensa que apoiou a privataria acusa o PT de “incoerência” por não re-estatizar o que FHC privatizou a preço de ferradura. E a extrema-esquerda diz exatamente a mesma coisa, apesar de Lula ter prometido, antes de chegar ao poder, que não romperia contratos.
Bolsa Família? Os extremos da ferradura dizem que é esmola, claro. Os avanços do país? Os extremos continuam se encontrando. E por aí vai.
Por isso as extremidades da ferradura nunca chegam a lugar nenhum. Não se encontram, mas não se separam. Ambas têm a mesma finalidade e são partes de um instrumento anacrônico. Estão onde têm que estar. Aparentemente separadas, mas unidas pelo extremismo.
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