segunda-feira, 26 de novembro de 2012

OPINIÃO: Extremismos

BLOG O MURAL: Um dos assuntos mais discutidos nas redes sociais assim como a mídia de uma forma geral é o processo criminal conhecido como “mensalão”. Depois de observar o comportamento coletivo vigente resolvemos expor nossa opinião, tentando ser o mais racional, ético e imparcial possível. 
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Para tentar dar mais ênfase à nossa mensagem, pedimos licença para transcrever um pequeno trecho do artigo “Compra de votos e governabilidade”, escrito por Rogério César de Cerqueira Leite, no jornal A Folha de São Paulo, no dia 18/10/12. O autor do artigo é físico, professor emérito da Unicamp, pesquisador emérito do CNPq e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha. 

(...) “A afirmativa que os fins justificam os meios sempre foi vista como antiética. Todavia, em nosso cotidiano, vemos exemplos claros dessa prática, que não censuramos.Quando Fernando Henrique Cardoso foi pela primeira vez eleito presidente, José Serra, então seu fiel escudeiro, perguntado por um repórter se estaria preocupado com a “governabilidade”, respondeu que não, pois dispunha-se de 20 mil cargos. 
Entenda-se que esses cargos seriam distribuídos para obter governabilidade, o que significa apoio no Congresso, em votações que fossem do interesse do Executivo. Ou seja, governabilidade por distribuição de cargos não seria apenas um eufemismo para compra de votos? 

(...) Será que isso é diferente em sua essência, da compra de votos como interpretada pelo STF no caso do assim chamado “mensalão”?

(...) Esses e outros múltiplos dispositivos, igualmente inquinados, são generalizadamente adotados igualmente por impolutos e ímpios políticos no Brasil. Apenas não são tão explícitos como aquele do dito mensalão, pois sabem manter as aparências. À mulher de César basta parecer honesta. Que a simplista exposição aqui apresentada não seja entendida como escusa aos atos dos assim chamados mensaleiros, mas antes como alerta para a sociedade a respeito das múltiplas e corruptas formas, já banalizadas, de compra de voto que freqüentam o Congresso”. 

O mesmo jornal que editou o presente artigo fez uma pesquisa e detectou que o presente partido político, no quesito “candidatos barrados na lei ficha limpa” está em 8 lugar, enquanto que PSDB e PMDB lideram o referido ranking.Para reforçar um pouco mais essa questão: e quanto a Paulo Maluf e Fernando Collor? Alguém se lembra do escândalo dos “anões do orçamento”? Que tal nos lembrarmos um pouco da família Sarney e seu poderio no Norte-Nordeste brasileiro? Ah, em tempo: pedimos licença em solicitar aos amigos um estudo atento do livro A Privataria Tucana...

Todos esses exemplos são para demonstrar que a corrupção é um hábito pernicioso dos políticos brasileiros em geral, não se circunscrevendo somente a determinado seguimento partidário. Como educador e estudante de filosofia, diríamos mais: é problema ético inerente ao ser que deve ser combatido especialmente em nós mesmos (ou alguém se aventura em autorotular-se como incorruptível em seus atos e que por isso não necessita da autoanálise diária? ) .

Continuemos, pois, nossos raciocínios. 

Talvez exista um grupo de pessoas no Brasil que não aceitaram os rumos que o país felizmente tomou nos últimos anos. Mas pensando melhor, se esse mesmo grupo também se beneficiou com o crescimento econômico brasileiro nos últimos anos, o drama não foi o rumo que o país tomou, mas “quem” liderou essa trajetória. Ou alguém ainda duvida que exista uma classe elitista em nosso país que adoraria ter os “louros da vitória” no lugar de um simples nordestino operário, que apesar de analfabeto nos “bancos escolares”, é letrado na “escola da vida”, e com o diferencial de procurar servir aos mais pobres? 

Se alguém duvida disso, vejamos esses dados: de 2.002 até 2.012, 30 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza, o crescimento do país alavancou a ponto de tornar-se uma das 7 potências econômicas do mundo, e em meio a uma crise econômica mundial, o país tem se mantido firme, com taxas de renda e consumo altas. Mais futuramente, nosso país sediará dois grandes eventos esportivos mundiais que trarão mais trabalho, cultura e renda ao povo brasileiro. Que partido político não gostaria de ter esses dados a seu favor, não é? A inveja e o rancor são sentimentos que afloram em nosso caráter quando temos nossos orgulhos e vaidades feridas. Ou alguém duvida disso?O drama da vaidade e do orgulho ferido são as retaliações dos seus portadores, os que se julgaram ofendidos. 

A campanha no sentido de influenciar a população em encarar o Partido dos Trabalhadores como o “câncer da política brasileira”, ou o partido onde todos são corruptos, etc é gigantesca e tenaz. Tudo muito natural, afinal a “fera”, quando ferida em seu orgulho próprio, ataca a própria sombra. 

Analisando os fatos sob esse prisma e co-relacionando-o com o problema lamentável do “mensalão”. Sem pré-julgamentos (nem a favor nem contra), entendemos que sim, o “mensalão” pode ter existido lamentavelmente, mas a “dor de cotovelo” dessa mesma “elite” digamos, potencializou em muito o fato. 

Pedimos licença em questionar (e nos autoquestionar): será que nossa invigilância comportamental nos faz enxergar apenas o lado negativo da moeda?

Finalmente. 

O extremismo comportamental caracterizou as atitudes dos religiosos da Idade Média e dos 
nazistas na II Guerra Mundial. Meus amigos, que não caiamos na rede nefanda desse triste hábito! Analisemos as coisas de forma mais abrangente, sem “partidarismos”. É certo que após essas análises, todos perceberemos, por exemplo, que a corrupção não se iniciou em nosso país com a fundação do Partido dos Trabalhadores nem tãopouco acabará quando o julgamento do caso mensalão. Verificaremos também que esse partido tem uma história política realmente bela por tudo o que seus líderes já fizeram ao Brasil (vide homens como Lula, Eduardo Suplicy, Paulo Freire e tantos outros), que merece ser respeitada pelos seus opositores e consolidada com posturas mais transparentes e éticas aos atuais militantes do referido partido, em âmbito federal, estadual e municipal.


Rafael Kerche, porto-felicense e professor

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