Ilustração / Google Imagens |
Para a polícia, o documento é uma das
evidências da complexidade e do grau de organização da facção que já se
expandiu para 21 estados, além do Distrito Federal, conforme relatório
reservado da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), vinculada ao
Ministério da Justiça, revelado neste domingo por O GLOBO.
Os documentos trazem detalhes da
contabilidade de setores do grupo que estão fora dos presídios. Há registro em
planilhas de despesas como chips de telefonia móvel, aluguel de ônibus e vans
para a vista de parentes de detentos às unidades prisionais, gasolina, venda de
cocaína, maconha, crack e até equipamentos como computadores e celulares.
“O crime fortalece o crime, é dando que se
recebe”, diz o documento que detalha o funcionamento do “banco de apoio”,
citando como objetivo da iniciativa “fortalecer aqueles irmãos que estão
totalmente descabelados saindo da prisão”.
Para obter auxílio financeiro ou armas, o
integrante deve buscar a “Sintonia da Rua” de sua região. Sintonia é como a
facção se refere aos setores de divisão de atribuições da organização. Em São
Paulo, há uma para cada uma das cinco regiões (Leste, Oeste, Sul, Norte e
Centro), além do ABC, Baixada e interior. Cada regional de fora de do estado
conta com um responsável pelas atividades na rua.
Na proposta da organização, para emprestar
uma “ferramenta” (arma) é analisado até o objetivo declarado. Quem pega até R$
5 mil emprestados tem 90 dias para pagar, sem precisar pagar juros. O prazo
para devolução da arma é de 30 dias. Empréstimos de valores maiores são
negociados caso a caso, por isso não constam da proposta do “banco”. Pelo menos
R$ 500 mil foram provisionados pela facção para colocar a iniciativa em
prática.
A facção alerta não admitir a prorrogação da
devolução das armas. A proposta explica que o “auxílio bélico” inclui “todo
tipo de material: fuzil, metralhadora, pistolas, granadas e revólver”. É
necessário devolver os itens em boas condições. “No caso de infelicidade de
perca (sic), a compreensão vai até o limite da responsabilidade do irmão
beneficiado”. Isso significa que a “Sintonia” avaliará se a arma foi usada na
situação informada e se a perda ocorreu durante a ação. Nesses casos, o prazo
para reposição é de um ano.
Mesmo tempo para o caso de ser preso e estar
devendo dinheiro à facção. “O único retorno que a família irá exigir será um
maior comprometimento dentro das responsabilidades já existentes na
organização”, explica a proposta.
Segundo o relatório da Senasp, a facção
movimenta pelo menos R$ 72 milhões anuais com o comércio de drogas e
mensalidades pagas por 13 mil integrantes, dos quais 6 mil estão presos em São
Paulo, 2 mil nas ruas e 5 mil em outros estados.
Fonte: O Globo
Sem comentários:
Enviar um comentário