BLOG O MURAL:
A cortina do cenário da
eleição municipal de 2012 ainda não abriu. Por ora, a platéia apenas ouve os
ruídos da arrumação do palco. Em Porto Feliz, se por qualquer descuido o pano
se abrisse antes do tempo, o público flagraria uma cena insólita.
Os mais envergonhados
fechariam os olhos, e os mais audaciosos ficariam em pé para ver melhor,
enquanto alguns apenas murmurariam os horrores que assistiriam.
Antes que alguém tivesse
tempo de gritar – “fecha, fecha pelo amor de Deus!” – apareceria às mazelas dos
concorrentes a cadeira mais cobiçada “prefeito”. Contou-me o passarinho que
pousou na minha janela que é assim: De um lado tem penas que voam para todos os
lados, sem decisão alguma que leve a algum lugar.
Enquanto do outro lado do
palco espera se que com o tempo o convencimento do mestre, figura importante da
peça decida com que roupa aparecerá, apenas sabe-se que pelado não irá. Porem,
muita coisa ainda esta assim por definir.
No centro já se arrumando
para sair esta o ocupante da cadeira atual preparando sua sucessão de forma que
todos fiquem dentro do circulo, e façam parte do mesmo "ato", isso
será possível, mas um “Q” de impaciência meio que ronda a situação até quem
está de fora quer entrar em cena, mesmo que seja só para figurar.
De tudo isso a peça seria
cômica se não fosse trágica, ver pessoas avacalhando umas as outras pela
internet, ou ate mesmo no boca a boca, sem ao menos olharem para seus próprios
rabos. Pois, o mesmo passarinho me contou que ouviu alguns atores dizerem que;
"muitos não passam de vagabundos letrados", mas esquecem de que, os
rabos dos que falam também devem no cartório, e não é o de notas, mas sim o
judicial, que vai de pensão alimentícia a usurpação de profissão.
Entre atônicos e
desalentados, os expectadores se perguntam: afinal, quem é adversário de quem
na política? Como pode um partido ser acusado de que está fazendo ou ter feito
tudo errado e, simultaneamente, ser tão cortejado para a vaga de vice.
A resposta é de uma
simplicidade desconcertante. No “show business” eleitoral, o prazer de
sentar na cadeira almejada vale mais que sua idoneidade. No modelo brasileiro,
as batalhas que decidem as campanhas são travadas no subterrâneo. Quando algum
partido dispõe-se a fazer no palco, o que é feito na coxia a platéia grita:
Bravo! Os atores envolvidos ficam envergonhados. Enfim será que todos são
iguais mesmo?
Vem daí o fato de candidatos
e partidos oferecerem a coerência em holocausto no altar das alianças. Nenhum
fundamento doutrinário, nenhum princípio ideológico prevalece sobre os planos
de governo de um potencial aliado.
Nesse jogo de vale tudo,
tudo passa a valer nada. A cada eleição, potencializa-se na cabeça do eleitor a
convicção de que a política é mesmo o território da farsa. Reforça-se a certeza
de que seus operadores não merecem serem levados a sério, os créditos deles
valem menos que; “ó me dá dez centavos aí?”
Quando estiverem concluídos
os últimos retoques no cenário, o pano abrirá em definitivo. Os candidatos
pedirão o seu voto. Está entendido que o eleito vai ratear a máquina da
prefeitura seguindo o mesmo padrão patrimonialista de seu grupo, como era feito
ha muito tempo atrás, os outros eleitores fica para depois, e o que sobrar
mandará para eles.
Logo, logo você vai fazer
igual ao meu passarinho informante e submeter os seus botões a uma inquirição:
Se é assim, se ninguém fará nada por ninguém, se tudo não passa de jogo de
cena, como escolher o candidato? Pior: De que vale o voto? Pior ainda: Se todos
são tão assemelhados, por que votar?
As indagações vêm em reforço
de uma conhecida tese. A tese segundo a qual os políticos brasileiros são todos
“farinha do mesmo saco”. Será?
Grandes pesquisadores dos
grupos humanos dizem: “a igualdade
absoluta é uma impossibilidade genética”. Convém ao eleitor então procurar
os traços de distinção entre um político e outro. Mas é preciso reconhecer: Os
candidatos realizam um esforço inaudito para expor as diferenças que os
igualam. Por isso é bom prestar atenção nos pára-quedistas e nos oportunistas,
pois este talvez seja até piores que aqueles que aqui estão, pois vendem uma
mercadoria que não poderá entregar, e pedem em troca seu voto.
Por hora fiquemos no fuxico,
pois a verdade só quando a cortina se abrir e o espetáculo começar. A platéia
fica na expectativa de que a peça seja realmente boa, e que os atores seja os
mais brilhantes e honestos possíveis, e façam no palco o ato completo, sem
truques e baixarias para que a platéia possa aplaudir ou vaiar.
Já dizia Ulisses Guimaraes, “Não
se pode fazer politica com o fígado, conservando o rancor e o ressentimento na
geladeira”.
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