sábado, 31 de março de 2012

O troco está a caminho, pode esperar.

BLOG O MURAL:Podem escrever: a queda do senador Demóstenes Torres será vingada. Os jornalões fizeram o que deu para preservar o seu herói, mas como viram que a situação ficou insustentável, resolveram abandoná-lo aos leões. É a velha história de perder os anéis para não perder os dedos. Mas haverá troco. Em breve, algum "escândalo" envolvendo um figurão qualquer do governo vai aparecer, alguma "denúncia" dessas tantas que já foram feitas vai surgir numa edição de fim de semana de um dos órgãos da imprensa oligarca e será imediatamente repercutida por todos os outros.
A tática é manjada, deu certo um milhão de vezes, mas é bem provável que se mostre ineficaz desta vez.
É que já cansou. E também, convenhamos, qualquer história que inventarem será fichinha se comparada com essa do Demóstenes.
A oposição, para felicidade geral do PT e aliados, não percebeu que não dá mais para ficar com essa lenga-lenga moralista, atirando pedras a torto e a direito, criticando tudo o que o governo Dilma faz, falando coisas sem pé nem cabeça, vivendo, em suma, uma realidade alternativa, um mundo completamente dissociado da realidade brasileira e mundial.
Se tucanos e assemelhados querem ter algum sucesso, devem mudar completamente seu discurso, fazer uma oposição afirmativa, sugerindo alternativas e proposta para deixar o Brasil melhor.
A supervalorização do real é ruim para a indústria? Pois bem, isso não é novidade. Novidade seria alguém apresentar uma solução racional para o problema.
É preciso uma reforma tributária? Claro que sim, mas cadê a proposta da oposição? O que fazem a favor de uma mudança os governadores tucanos?
Na falta de quem pense o país de forma orgânica, estrutural, os quadros oposicionistas apenas se apoiam numa verborragia claramente demagógica, oportunista, que é amplificada pelos aliados da chamada "grande imprensa". Sem o seu auxílio, com o país claramente seguindo uma rota exitosa, eles já teriam minguado para uma insignificância total.
O episódio Demóstenes avacalhou de vez com a oposição. O estrago que fez é muito maior do que aparenta. Se as perspectivas eleitorais da turma do contra já não eram boas, agora são péssimas.
Só a valorosa imprensa poderá ajudar seus companheiros nesta triste hora. 
Por crônica do Motta.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Porto Feliz lança DVD sobre Semana das Monções

BLOG O MURAL: Um DVD comemorativo à 56ª Semana das Monções será lançado nesta sexta-feira, dia 30 de março, pela prefeitura de Porto Feliz, através da Secretaria de Desenvolvimento Social e Sustentável.
O DVD, produzido durante a encenação que acontece anualmente às margens do Rio Tietê, durante a Semana das Monções, conta com a participação de aproximadamente cem atores da cidade e resgata um dos momentos mais importantes da história de Porto Feliz, que era a partida das monções bandeiristas do porto de Araritaguaba, com destino a Cuiabá.

De acordo com João Esquerdo, Secretário Municipal de Desenvolvimento Social e Sustentável, o vídeo, que será distribuído em todas as escolas, “tem por objetivo preservar a história de Porto Feliz, mostrar o talento dos atores voluntários da nossa cidade e divulgar o município como um dos principais destinos de turismo histórico do Estado de São Paulo”.

O DVD 56ª Semana das Monções é uma iniciativa da Prefeitura de Porto Feliz, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Sustentável, com a participação de grupos de teatro da cidade.

Serviço
Lançamento do DVD 56ª Semana das Monções
Local: Escola Olair Coan
Endereço: Rua João Gastardelli, 118 – Água Branca
Horário: 19h30
Entrada Gratuita
Fonte: Itu.com

quinta-feira, 29 de março de 2012

“Sou guerreiro e vou lutar”




BLOG O MURAL: Artes marciais vão além de golpes... É a prática de uma filosofia de vida e determinação
Muay Thay, Jiu-Jitsu e Wing Chum – são essas as modalidades ensinadas na Associação de Artes Marciais de Porto Feliz (AAMPF). Nas aulas, mais de 30 alunos se transformam em discípulos de uma única filosofia: respeito. O trabalho realizado por três professores (voluntários), Ronaldo Luques, Mateus Aparecido Luis e Thiago Castro - transformam os sonhos em concretizações. É o ensinamento de como superar barreiras e a prova de que “quem acredita sempre alcança”.
No dia 18 de março, a AAMPF participou de um campeonato organizado pela Federação Brasileira de Kapp Box, Artes Marciais e MMA (FBKM) e trouxe para casa seis títulos, entre eles: o Brasileiro de Muay Thay e o Brasileiro de Submission. Segundo Ronaldo, os professores trabalharam com os alunos mais dedicados para competição e com o apoio do comércio local representaram a cidade em Pirajuí, interior de São Paulo. “Foi uma surpresa quando ganhamos os melhores troféus. Agora, nos sentimos mais motivados a participar de outros eventos”, diz.
Ronaldo explica que para manter a associação os professores trabalham como voluntários e o valor das mensalidades é utilizado na manutenção da academia. “Temos alunos que não pagam. Que não tem condições para pagar. Se notamos que essa pessoa tem a vontade de estar aqui, treinando, nós o colocamos para ajudar em serviços dentro da própria academia. Assim conseguimos unir as necessidades”, conta.
Lucas Gabriel de Campos Vaz é um dos talentos da associação. Com 18 anos, o garoto faz o treinamento há dois anos e foi um dos vencedores em Pirajuí. Ele conta que a paixão por artes marciais surgiu na infância, quando assistia a filmes de luta. Mas foi na escola Monsenhor Seckler que a oportunidade bateu a sua porta. “Treinava com alguns amigos na escola, brincando. Até que recebi um convite para entrar na academia, treinar com professores mais experientes e resolvi participar. Aprendi a ser mais calmo e a lidar com alguns sentimentos. Hoje, meus pais se orgulham em dizer que sou lutador.”
Outro destaque é Luis Michael Lino Ambrosino, de 22 anos. Também representando o grupo, conquistou para Porto Feliz um dos troféus no evento. Dividindo seu tempo entre trabalho e a academia, Michael conta que começou a participar das aulas de luta dentro do próprio bairro, há cerca de um ano e meio, por meio de um projeto na Sociedade Amigos do Bairro (Popular). “Fiquei doente uns dias antes da competição. Cheguei a fazer chá com alho para sarar logo... Nem treinava quase. Por isso fiquei surpreso com a minha colocação em Pirajuí”, revela.
Voluntário
Assim como lutar mudou a vida dos jovens, o desejo de concretizar os sonhos também transformou a vida do professor Mateus. Trabalhando sempre entre o mundo de rodeios e no tatame, um acidente impediu o professor de praticar qualquer tipo de esportes. Com mais de três costelas quebradas, seria impossível voltar a ser um atleta. “Ouvi um médico dizer que a recuperação seria difícil e quase mínima de ser revertida. Foi aí que em casa, comecei a treinar musculação, para fortalecer a área machucada. Pegava os sacos de arroz para me exercitar”, lembra. Em menos de seis meses, Mateus já dava os primeiros sinais de melhora: participava de corridas, fazia atividades físicas e orientava as aulas. “Superei meus obstáculos com determinação e força de vontade. Acreditei que seria possível e foi.”
Projeto SABS
O espaço da Sociedade Amigos do Bairro da Popular há cinco anos é utilizado para um projeto social. Lá, são orientadas crianças até 12 anos para a prática das Artes Marciais – de defesa pessoal. As aulas são gratuitas e aos finais de semana.

terça-feira, 27 de março de 2012

Marta Suplicy ministra palestra em Sorocaba

BLOG O MURAL: A Senadora Marta Suplicy (PT-SP) esteve em Sorocaba, na última sexta-feira (23), para ministrar a palestra "Mais Mulheres: uma responsabilidade de toda a sociedade", um diálogo entre representantes da sociedade civil e do poder público visando ações que coloquem homens e mulheres em pé de igualdade. O evento teve como destaques a questão econômica e a representação nos espaços de poder (público e privado). Representando Porto Feliz, estiveram no local: o Presidente da Câmara Roberto Brandão, os vereadores Urias de Oliveira, professora Andréa Nunes Matos e o vice-prefeito Júlio Bronze (ambos do PT).

Marta defende a igualdade entre homens e mulheres como fator fundamental para o desenvolvimento do Brasil, e também como uma escolha econômica inteligente.

"Isso pode aumentar a produtividade e melhorar os resultados de desenvolvimento para a próxima geração. Se não houvesse discriminação no mercado de trabalho, a produtividade subiria até 25%", afirmou, baseada em dados do relatório "Igualdade de Gênero e Desenvolvimento", lançado pelo Banco Mundial (Bird) no Congresso Nacional este mês.

Sobre a representação das mulheres nos espaços de poder, Marta entende que os partidos políticos já poderiam promover a igualdade nas candidaturas, com 50% de mulheres em suas chapas.

"O brasileiro vota tranquilamente em mulher. Isso está confirmado em todos os estados. O que falta é os partidos acreditarem nas mulheres", analisou.

Sobre as dificuldades para atingir igualdade de condições na disputa política, a senadora disse: "A mulher não quer entrar na política porque dificilmente vai ter o mesmo apoio nas campanhas que os partidos dão aos homens. E isso precisa mudar". Marta ressaltou ainda a dificuldade que a rotina política impõe aos seus agentes. "É muito difícil manter as coisas boas que gostamos, como criar os filhos, cuidar do lar, ter o companheiro e estar na política. Essa é a mudança que teremos neste século."

A pré-candidata a prefeitura de Sorocaba pelo PT, Iara Bernardi, foi a anfitriã do encontro, que contou com a presença do deputado estadual Hamilton Pereira, do vereador Izídio de Brito Correa, do presidente municipal do PT-Sorocaba, José Carlos Triniti, da pré-candidata a prefeitura de Araçoiaba da Serra, Mara Melo, entre outros.
Fonte: A. I. Marta Suplicy

domingo, 25 de março de 2012

Políticos “farinha do mesmo saco”. Será que são mesmo?

BLOG O MURAL: A cortina do cenário da eleição municipal de 2012 ainda não abriu. Por ora, a platéia apenas ouve os ruídos da arrumação do palco. Em Porto Feliz, se por qualquer descuido o pano se abrisse antes do tempo, o público flagraria uma cena insólita.
Os mais envergonhados fechariam os olhos, e os mais audaciosos ficariam em pé para ver melhor, enquanto alguns apenas murmurariam os horrores que assistiriam.
Antes que alguém tivesse tempo de gritar – “fecha, fecha pelo amor de Deus!” – apareceria às mazelas dos concorrentes a cadeira mais cobiçada “prefeito”. Contou-me o passarinho que pousou na minha janela que é assim: De um lado tem penas que voam para todos os lados, sem decisão alguma que leve a algum lugar.
Enquanto do outro lado do palco espera se que com o tempo o convencimento do mestre, figura importante da peça decida com que roupa aparecerá, apenas sabe-se que pelado não irá. Porem, muita coisa ainda esta assim por definir. 
No centro já se arrumando para sair esta o ocupante da cadeira atual preparando sua sucessão de forma que todos fiquem dentro do circulo, e façam parte do mesmo "ato", isso será possível, mas um “Q” de impaciência meio que ronda a situação até quem está de fora quer entrar em cena, mesmo que seja só para figurar. 
De tudo isso a peça seria cômica se não fosse trágica, ver pessoas avacalhando umas as outras pela internet, ou ate mesmo no boca a boca, sem ao menos olharem para seus próprios rabos. Pois, o mesmo passarinho me contou que ouviu alguns atores dizerem que; "muitos não passam de vagabundos letrados", mas esquecem de que, os rabos dos que falam também devem no cartório, e não é o de notas, mas sim o judicial, que vai de pensão alimentícia a usurpação de profissão. 
Entre atônicos e desalentados, os expectadores se perguntam: afinal, quem é adversário de quem na política? Como pode um partido ser acusado de que está fazendo ou ter feito tudo errado e, simultaneamente, ser tão cortejado para a vaga de vice.
A resposta é de uma simplicidade desconcertante. No “show business” eleitoral, o prazer de sentar na cadeira almejada vale mais que sua idoneidade. No modelo brasileiro, as batalhas que decidem as campanhas são travadas no subterrâneo. Quando algum partido dispõe-se a fazer no palco, o que é feito na coxia a platéia grita: Bravo! Os atores envolvidos ficam envergonhados. Enfim será que todos são iguais mesmo?
Vem daí o fato de candidatos e partidos oferecerem a coerência em holocausto no altar das alianças. Nenhum fundamento doutrinário, nenhum princípio ideológico prevalece sobre os planos de governo de um potencial aliado.
Nesse jogo de vale tudo, tudo passa a valer nada. A cada eleição, potencializa-se na cabeça do eleitor a convicção de que a política é mesmo o território da farsa. Reforça-se a certeza de que seus operadores não merecem serem levados a sério, os créditos deles valem menos que; “ó me dá dez centavos aí?”
Quando estiverem concluídos os últimos retoques no cenário, o pano abrirá em definitivo. Os candidatos pedirão o seu voto. Está entendido que o eleito vai ratear a máquina da prefeitura seguindo o mesmo padrão patrimonialista de seu grupo, como era feito ha muito tempo atrás, os outros eleitores fica para depois, e o que sobrar mandará para eles.
Logo, logo você vai fazer igual ao meu passarinho informante e submeter os seus botões a uma inquirição: Se é assim, se ninguém fará nada por ninguém, se tudo não passa de jogo de cena, como escolher o candidato? Pior: De que vale o voto? Pior ainda: Se todos são tão assemelhados, por que votar?
As indagações vêm em reforço de uma conhecida tese. A tese segundo a qual os políticos brasileiros são todos “farinha do mesmo saco”. Será?
Grandes pesquisadores dos grupos humanos dizem: “a igualdade absoluta é uma impossibilidade genética”. Convém ao eleitor então procurar os traços de distinção entre um político e outro. Mas é preciso reconhecer: Os candidatos realizam um esforço inaudito para expor as diferenças que os igualam. Por isso é bom prestar atenção nos pára-quedistas e nos oportunistas, pois este talvez seja até piores que aqueles que aqui estão, pois vendem uma mercadoria que não poderá entregar, e pedem em troca seu voto.
Por hora fiquemos no fuxico, pois a verdade só quando a cortina se abrir e o espetáculo começar. A platéia fica na expectativa de que a peça seja realmente boa, e que os atores seja os mais brilhantes e honestos possíveis, e façam no palco o ato completo, sem truques e baixarias para que a platéia possa aplaudir ou vaiar.
Já dizia Ulisses Guimaraes, “Não se pode fazer politica com o fígado, conservando o rancor e o ressentimento na geladeira”.

sábado, 24 de março de 2012

Artigo: Quando a TV Globo faz as vezes do poder público, por Eloi Pietá

BLOG O MURAL:A corrupção, em qualquer uma de suas formas, é um sistema de domínio de interesses privados sobre os interesses públicos.

O diretor do Hospital Pediátrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro permitiu que um repórter da TV Globo fizesse por dois meses as vezes de gestor de compras da instituição e filmasse as ofertas de propina feitas por empresas para ganhar o fornecimento de serviços. Uma sala administrativa do hospital público tornou-se uma casa do big brother, este não avisado aos atores.
A longa reportagem exibida há alguns dias revela de modo didático como empresas privadas oferecem e viabilizam a propina aos agentes públicos e a embutem no preço final. Ela suscita duas considerações importantes sobre as relações entre o público e o privado no Brasil.
Primeira consideração: a corrupção é antes de tudo um ciclo privado, um capitalismo underground. Empresas privadas expandem seus negócios através dela. Os gestores públicos corrompidos enriquecem, pois evidentemente não revertem o fruto do sobrepreço ao serviço público. Usam-no para comprar seus carros, suas casas, suas fazendas, e até para montarem seu próprio negócio, reproduzindo gerações de empresários que eternizam este sistema de roubo da sociedade. Há, em contraponto, muitas empresas privadas que trabalham para o setor público e ganham sem entrar neste jogo da ilegalidade, porque também há muitos gestores públicos que vivem exclusivamente de seus salários e pautam sua vida por um sincero espírito de servir à sociedade.
O exemplo exposto pela TV Globo revela um tipo de corrupção, o tipo ilegal para o sistema. Ele não é o único. Há uma corrupção maior, feita através do sistema legal, fruto de complexos e poderosos lobbies, que não vamos abordar aqui para não perder o foco. São exemplos o ciclo mundial de privatizações nas últimas décadas do século 20, ou mais recentemente a desregulação do sistema financeiro na origem da atual crise econômica mundial. Se tivermos paciência de assistir ao filme Inside Job (Trabalho Interno) teremos uma ideia desta última.
A corrupção, em qualquer uma de suas formas, é um sistema de domínio de interesses privados sobre os interesses públicos. O combate que se tenta fazer a ela, multiplicando camadas de órgãos estatais de fiscalização sobre o setor público não tem sucesso, porque parte do princípio errado de que o setor privado é honesto e o setor público é desonesto. A corrupção, que vem de fora, penetra também no sistema fiscalizatório, como tantas informações tem evidenciado. Além disso, vão se formando camadas e camadas de burocracia que engessam o Estado, prejudicam a sociedade, e abrem o caminho para dizer que só o privado é bom.  Se o enfoque fosse controlar o enriquecimento ilícito privado, o menor e o maior, teríamos um caminho melhor e mais eficiente. Mas, a elite privada e sua ideologia permitiriam isso?
Segunda consideração: a Globo fez este trabalho para vender notícia, por sinal bem feita, e para continuar sua saga de líder das mídias concorrentes. Mas deveria o diretor do hospital público ter chamado a Polícia Federal para fazer este serviço. Ela teria obtido as provas de forma legal, possibilitando no Judiciário a condenação exemplar das empresas, para que outras se retraiam desta prática pela perspectiva de punição. E depois poderia divulgar de forma exemplar à opinião pública através dos variados meios de comunicação.
A Globo é uma empresa privada. Não é bom para a democracia que empresas privadas assumam as funções públicas. A concepção do Estado nas mãos privadas, quando reis e nobres juntavam o privado e o público, foi superado nas revoluções de mais de duzentos anos atrás. Como vimos na própria reportagem da TV Globo, as empresas corruptoras fazendo a ata da licitação assumiam o papel que cabia aos agentes públicos. Quando o repórter da Globo faz as funções de polícia, não está ele assumindo também funções públicas?
Eloi Pietá é Secretário Geral Nacional do PT.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Alunos de Universidade quebram a segurança da urna eletrônica

BLOG O MURAL: Para o bem da nossa democracia é essencial que as urnas eletrônicas emitam o papel de comprovação do voto, mesmo que essa comprovação seja criptografado, pois só assim poderemos em uma eventual fraude eleitoral apurar a real intenções dos eleitores. Veja a notícia abaixo feita por Conceição Lemes, via blog do viomundo
Nessa quinta-feira, 22, o repórter Luís Osvaldo Grossmann,do site Convergência Digital, revelou:
Um grupo da Universidade de Brasília (UnB) conseguiu quebrar a segurança da urna eletrônica, nos testes promovidos esta semana pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Eles conseguiram recuperar a sequência dos votos, o que, ao menos em tese, permite violar o sigilo das opções de cada eleitor.
“Conseguimos recuperar 474 de 475 votos de uma eleição na ordem em que foram inseridos na urna”, revela o coordenador do grupo, Diego Freitas Aranha, professor de Ciência da Computação da UnB, que fez doutorado em criptografia pela Universidade de Campinas (Unicamp).
Originalmente o plano de teste previa a recuperação de 20 votos, mas o próprio TSE desafiou o grupo a resgatar 82% dos votos de uma fictícia sessão eleitoral com 580 inscritos – percentual que equivale à média de comparecimento nas eleições brasileiras.
A exemplo das edições anteriores dos testes, o tempo limitado de acesso à urna eletrônica – três dias, entre 20 e 22/3 – impediu avanços ainda mais significativos na quebra da segurança do sistema eletrônico de votação.
O TSE minimizou o êxito do grupo do professor Diego Aranha, do qual fazem parte os alunos Marcelo Monte Karam, André de Miranda e Felipe Brant Sacarel.
O secretário de TI do TSE, Guizeppe Janino, disse que a reordenação  de votos, que o professor Diego Aranha demonstrou ser possível, não teria quebrado o sigilo do voto porque não teria apresentado o nome dos eleitores.
Em entrevista a O Globo, o ministro Ricardo Lewandowski, presidente do TSE, afirmou:
… não houve violação da urna eletrônica durante o teste, porque os especialistas tiveram acesso a um código…
… “Foi dentro de um ambiente controlado. Isto numa situação real seria absolutamente impossível porque ele não teria acesso à fonte”
…O eleitor pode ficar tranquilo que não é uma quebra, porque esta não era uma situação real e não há como vincular a sequência de votação ao eleitor”, disse o ministro.
“Ridícula a tentativa do TSE de minimizar a descoberta do professor Diego”, adverte o engenheiro Amílcar Brunazo Filho. “Tentando desconversar, o TSE utilizou argumentos grotescos e até ilógicos. Fizeram isso, para esconder a própria incompetência.”
Há anos Amilcar Brunazo Filho denuncia a vulnerabilidade das urnas eletrônicas brasileiras. Formado em Engenharia na Escola Politécnica da USP, ele foi pesquisador do Laboratório de Sub-sistemas Integráveis (LSI), onde estudou Criptografia e Inteligência Artificial. Especialista em segurança de dados, é moderador do Fórum do Voto Eletrônico.  Daí esta nossa entrevista.
Viomundo — O senhor sempre foi um crítico da urna eletrônica brasileira. Alertou inclusive que ela não era à prova de fraude. O que significa o feito do professor Diego Aranha?
Amilcar Brunazo — As urnas eletrônicas têm de atender a dois requisitos essenciais:
1) Princípio da publicidade: poder demonstrar que o resultado eleitoral foi correto.
Isso significa que o conteúdo do voto tem de ser público e conferível pelo eleitor no local de votação e pelo fiscal de partido durante a apuração.
2) Princípio do sigilo do voto: não possibilitar a identificação do autor do voto. É fundamental para se evitar a coação de eleitores, que é uma fraude com poder muito forte de distorcer o resultado eleitoral.
A urna eletrônica brasileira nunca atendeu corretamente ao requisito de transparência (publicidade). Por exemplo, o nosso eleitor não pode ver o conteúdo do Registro Digital do seu voto (o eleitor argentino e o alemão podem).
Até agora, acreditava-se que a urna preenchia o requisito do sigilo do voto.
Por lei (art. 59 da lei 9.504), cada voto confirmado pelo eleitor é gravado num arquivo chamado Registro Digital do Voto (RDV); é de forma embaralhada para que não pudesse ser usado para identificar a ordem de votação.
Aliás, vale lembrar aqui que um dos requisitos na antiga lei do voto manual (Inc IV do art. 103 do Código Eleitoral) já exigia que a urna de lona fosse suficientemente larga para embaralhar os registros (cédulas) do voto.
Pois bem, o professor Diego conseguiu desembaralhar o arquivo RDV. Com isso, provou que as urnas não garantem o sigilo do voto: uma vez ordenados os registros dos votos, há muitas formas de se coagir eleitores por identificação do voto de cada um.
Viomundo — Daria para trocar em miúdos o que o professor Diego conseguiu?
Amilcar Brunazo — Ele pegou o arquivo do RDV de uma urna eletrônica — um dado público que, por lei, é disponibilizado aos partidos depois da eleição — e desembaralhou os votos, colocando-os na mesma ordem em que foram votados.
Assim, basta aos fraudadores (que queiram coagir eleitores) anotar a ordem de votação dos eleitores e eles poderão identificar o voto de cada eleitor.
Existem outras formas de coação dos eleitores a partir de uma lista ordenada dos votos,  como o voto marcado (usa um voto cheio de zeros para marcar o início da sequência de votos de eleitores coagidos) e o  voto de cabresto pós-moderno (se vale da correlação entre candidatos peculiares, como descrito pelo professor Jorge Stolfi, da Unicamp).
Viomundo –  O TSE minimizou a importância do feito?

Amilcar Brunazo –  Com certeza, numa reação de auto-defesa, o TSE tentou atenuar a desconfiança gerada pela descoberta do professor Diego.
Viomundo – Por que o TSE fez isso?
Amilcar Brunazo — Para esconder a própria incompetência, já que sempre divulgaram que o RDV era embaralhado e garantia o sigilo do voto.
Aliás, quem apareceu, primeiro, dando desculpas pelo TSE  foi o secretário de TI, que é exatamente o responsável pelo projeto e operação das urnas. Ou seja, é aquele que deveria propiciar as garantias e não o fez.
Portanto, ridícula essa tentativa do TSE de minimizar a descoberta do grupo da UnB. Para tentar desconversar, o TSE utilizou argumentos grotescos e até ilógicos. Disse que “conseguiu-se refazer o sequenciamento dos votos apresentados pelo Registro Digital do Voto (RDV), sem contudo quebrar o sigilo do voto“.
Tentaram, assim, induzir à ideia de que desembaralhar os registros do voto não seria importante.
Mas por que, então, o embaralhamento era a exigência legal nos tempos do voto manual e também é praticado pelo TSE no voto eletrônico?
Eles insistem:  “sem contudo quebrar o sigilo do voto”.
Mas, numa fraude real (em campo), isso é feito pelas várias alternativas (citadas acima). Essas formas, que completam a fraude, independem da urna eletrônica e não têm como serem impedidas por ela.
Uma vez quebrada a defesa da urna, quer dizer, uma vez desembaralhado os votos, o restante da fraude ocorre fora dela e sem que ela possa mais defender.
Viomundo – O presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, disse que “…isto numa situação real seria absolutamente impossível porque ele não teria acesso à fonte”;  “O eleitor pode ficar tranquilo que não é uma quebra, porque esta não era uma situação real e não há como vincular a sequência de votação ao eleitor”.

Amilcar Brunazo –  Repare como ele, convenientemente, desconsidera,  que em situação real, há gente com acesso ao código-fonte, como os funcionários de TI do TSE e os assessores contratados.
O que o professor Diego demonstrou, de fato, é que quem tem acesso ao código-fonte das urnas, como o pessoal da Justiça Eleitoral, pode quebrar o sigilo do voto para, eventualmente, usar na coação de eleitores… E nós, da sociedade civil, não temos nenhuma outra defesa contra eles.
Se todos eles forem sempre honestos, tudo bem. Se algum deles for corruptível…..
Viomundo – O TSE continua insistindo que o sigilo não foi quebrado…
Amilcar Brunazo —  É óbvio que o sigilo foi quebrado durante os testes que simulavam o ambiente real.  Repito. O embaralhamento dos votos é um requisito legal e essencial para garantir o sigilo do voto que já existia antes mesmo das urnas eletrônicas e do RDV, como estabelecido pelo art. 103 do Código Eleitoral, que  diz:
” Art. 103. O sigilo do voto é assegurado mediante as seguintes providências: …
IV ­   emprego de urna que assegure a inviolabilidade do sufrágio e seja suficientemente ampla para que não se acumulem as cédulas na ordem que forem introduzidas”
e o art. 220 do mesmo CE diz que:
” Art. 220. É nula a votação:
IV ­    quando preterida formalidade essencial do sigilo dos sufrágios. “
Inequivocamente, o professor Diego demonstrou em testes que simulavam o ambiente real (como está dito no edital dos testes) que a urna eletrônica não assegura a inviolabilidade do sufrágio, já que, para quem conhece o código do software das urnas (como os funcionários de TI do TSE), é possível achar a ordem em que os registros dos votos (RDV) foram introduzidos.

Conclusão: deveriam ser nulas as eleições com urnas eletrônicas que não garantissem o embaralhamento dos votos.

Viomundo – Isso significa que eleições podem ser anuladas?
Amilcar Brunazo –  Nenhuma eleição será anulada por isso, porque o administrador eleitoral — que não soube fazer uma urna que garantisse o embaralhamento dos votos — e os juízes – que irão julgar se as urnas estão contra a lei — são exatamente as mesmas pessoas. Logo, nunca vão condenar a si próprios.
A nota oficial do TSE, dizendo que o desembaralhamento dos votos não quebrou o sigilo do voto, é uma mostra que eles são perfeitamente capazes de “reinterpretar a lei”, quando for necessário para esconder os próprios erros e incompetência administrativa.
Viomundo – E, agora?
Amilcar Brunazo — O TSE vai mudar o software para contornar esse tipo específico de ataque, mas isso não significa que o sistema ficou invulnerável.
Nunca foi nem nunca será invulnerável enquanto não for atendido o princípio da publicidade em sistemas eleitorais, como é exigido pelo Tribunal Constitucional da Alemanha.
O próprio professor Diego disse que se tivesse mais tempo e melhor ambiente de trabalho, ainda haveria possibilidade de se demonstrar outras vulnerabilidades.
Todo esse imbroglio só é mais uma demonstração de como é nocivo o acúmulo de poderes da autoridade eleitoral brasileira. Mas, dessa evidência de inconstitucionalidade os jornalões não falam, a OAB não reclama e o rebanho de brasileiros nem chega a compreender.
No fim, dá sempre nisso. A única garantia que o TSE oferece ao eleitor comum é que nós todos somos sempre muito honestos. Tipo la garantia soy yo.
PS do Viomundo: O grupo da UnB que demonstrou a vulnerabilidade da urna eletrônica brasileira:
Diego de Freitas Aranha, doutor em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); é professor substituto na Faculdade de Ciências da Computação.
Marcelo Monte Karam, graduado em Tecnologia em Segurança da Informação (é do CPD da UnB).
André de Miranda, aluno de redes de computadores da União Educacional de Brasília (Uneb).
Felipe Brant Sacarel, bacharel em Ciência da Computação pela UnB.