BLOG O MURAL: As mudanças climáticas estão mudando a face do Grande Norte, região situada logo abaixo da área polar. Com invernos mais breves e menos rígidos, Canadá, Sibéria e Alasca estão cada vez mais verdes
Por: Equipe Oásis
Os climatologistas anunciavam tudo isso há muitos anos, e agora é um fato: o Grande Norte, reino da raposa ártica e das terras eternamente geladas chamadas permafrost, está cada vez mais verde. As condições climáticas boreais, aquelas que dão origem ao ecossistema das grandes florestas de coníferas, já subiram entre 4 e 7 graus de latitude norte. Nessas áreas, as coníferas tomaram o lugar da tundra ártica. A variabilidade sazonal das temperaturas e do período vegetativo se adaptam agora à mudança climática, em particular a invernos mais curtos e menos rígidos. Tudo isso foi demonstrado por uma equipe de 21 cientistas pertencentes a 17 organismos de pesquisa em sete países (Estados Unidos, Noruega, Finlândia, China, Rússia, Suécia e França). O estudo foi publicado há pouco na revista Nature Climate Change.
Menos branco, mais verde
"O impacto fundamental que pudemos observar no ambiente é um claro aumento da produtividade vegetal nas áreas circumpolares", explica Bruce Forbes, do Arctic Center da Universidade da Lapônia, na Finlândia, um dos membros da equipe. Para chegar a essa conclusão os estudiosos reexaminaram os dados climáticos e vegetativos recolhidos nos últimos trinta anos a partir de observações via satélite. O ecossistema boreal, em síntese, está subindo em direção ao ápice do hemisfério setentrional em quase 7 graus de latitude – uma migração equivalente a quase 800 quilômetros. Trata-se, em síntese, de cerca 9 milhões de quilômetros quadrados de território, quase tanto quanto a área total dos Estados Unidos que estão rapidamente mudando de aspecto. Segundo Compton Tucker, da NASA, nesse breve período de tempo o aquecimento do terreno devido a uma menor cobertura de neve invernal possibilitou uma atividade vegetativa mais longa e vigorosa, e agora "mais de um terço das regiões subpolares mostram uma vegetação de caráter mais meridional".
"O impacto fundamental que pudemos observar no ambiente é um claro aumento da produtividade vegetal nas áreas circumpolares", explica Bruce Forbes, do Arctic Center da Universidade da Lapônia, na Finlândia, um dos membros da equipe. Para chegar a essa conclusão os estudiosos reexaminaram os dados climáticos e vegetativos recolhidos nos últimos trinta anos a partir de observações via satélite. O ecossistema boreal, em síntese, está subindo em direção ao ápice do hemisfério setentrional em quase 7 graus de latitude – uma migração equivalente a quase 800 quilômetros. Trata-se, em síntese, de cerca 9 milhões de quilômetros quadrados de território, quase tanto quanto a área total dos Estados Unidos que estão rapidamente mudando de aspecto. Segundo Compton Tucker, da NASA, nesse breve período de tempo o aquecimento do terreno devido a uma menor cobertura de neve invernal possibilitou uma atividade vegetativa mais longa e vigorosa, e agora "mais de um terço das regiões subpolares mostram uma vegetação de caráter mais meridional".
Um futuro ainda mais verde
Essa equipe de cientistas informa também que nem todas essas mudanças ambientais ocorrem simultaneamente. A vegetação, em particular, não se modifica passo a passo com o clima. No momento, as florestas boreais de coníferas encontram-se ainda onde estavam há trinta anos. As árvores não têm pressa, pelo menos não como previam os modelos do IPCC, concluem os especialistas. "Uma mudança na tundra, no entanto, já existe e podemos observar isso claramente – explica ainda Forbes – os arbustos são mais robustos e mais altos". Um detalhe importante que não passou despercebido aos olhos dos pastores nômades da tundra siberiana. Os nenets, por exemplo, afirmam que muitas plantas e arbustos começaram a aumentar a sua altura já há 30 ou 40 anos. "Para os nômades isso é um problema – diz Forbes. Para evitar perder de vista a manada de renas durante as longas migrações através da tundra siberiana eles precisam evitar as zonas nas quais existe presença de muitos arbustos demasiado altos, robustos e densos".
Essa equipe de cientistas informa também que nem todas essas mudanças ambientais ocorrem simultaneamente. A vegetação, em particular, não se modifica passo a passo com o clima. No momento, as florestas boreais de coníferas encontram-se ainda onde estavam há trinta anos. As árvores não têm pressa, pelo menos não como previam os modelos do IPCC, concluem os especialistas. "Uma mudança na tundra, no entanto, já existe e podemos observar isso claramente – explica ainda Forbes – os arbustos são mais robustos e mais altos". Um detalhe importante que não passou despercebido aos olhos dos pastores nômades da tundra siberiana. Os nenets, por exemplo, afirmam que muitas plantas e arbustos começaram a aumentar a sua altura já há 30 ou 40 anos. "Para os nômades isso é um problema – diz Forbes. Para evitar perder de vista a manada de renas durante as longas migrações através da tundra siberiana eles precisam evitar as zonas nas quais existe presença de muitos arbustos demasiado altos, robustos e densos".
Os cientistas acreditam ser provável que, até o final deste século, a subida ao norte dessas condições climáticas e de vegetação será de no mínimo 20 graus de latitude em relação às condições de trinta anos atrás. Uma informação importante, mas em relação à qual os próprios cientistas pedem prudência: "Não sabemos quais eventos, naturais ou induzidos pelo homem, intervirão na mudança climática prevista para as próximas décadas. Portanto, as projeções a longo prazo devem ser interpretadas com cautela". Um século é bastante tempo, mas muitos cientistas sustentam que já atingimos o ponto de não retorno, no qual inclusive uma ação maciça para frear as mudanças climáticas seria em vão. Diante desse cenário, eles preconizam uma intensificação dois estudos e da monitoração do sistema Terra.
Permafrost: a nova grande ameaça
Ao mesmo tempo em que, graças ao aquecimento, as florestas boreais de coníferas se deslocam cada vez mais para o norte, a região começa a sofrer outra consequência ainda mais perigosa: o derretimento dos subsolos árticos congelados, o "permafrost". Esse fenômeno ameaça acentuar consideravelmente o aquecimento global – ao descongelar, o permafrost libera enormes quantidades de metano, um gás de efeito estufa, na atmosfera - e deve ser levado em conta nos modelos climáticos, como recomendou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em novembro último durante a cúpula para o meio ambiente em Doha, no Emirados Árabes.
Ao mesmo tempo em que, graças ao aquecimento, as florestas boreais de coníferas se deslocam cada vez mais para o norte, a região começa a sofrer outra consequência ainda mais perigosa: o derretimento dos subsolos árticos congelados, o "permafrost". Esse fenômeno ameaça acentuar consideravelmente o aquecimento global – ao descongelar, o permafrost libera enormes quantidades de metano, um gás de efeito estufa, na atmosfera - e deve ser levado em conta nos modelos climáticos, como recomendou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em novembro último durante a cúpula para o meio ambiente em Doha, no Emirados Árabes.
"Devido ao rápido aumento das temperaturas nas regiões árticas, o permafrost já está derretendo", enfatizou Kevin Schaefer, pesquisador da Universidade do Colorado e principal autor de um relatório sobre o tema para o Pnuma. "O permafrost é uma das chaves do futuro de nosso planeta (...). Seu impacto potencial no clima, nos ecossistemas e infraestruturas foi descuidado durante muito tempo", declarou em um comunicado Achim Steiner, diretor-geral do Pnuma.
O permafrost representa mais ou menos um quarto da superfície da terra no hemisfério Norte. Em nível mundial, encerra 1,7 trilhão de toneladas de carbono, mais ou menos o dobro de CO2 presente na atmosfera, recordou Schaefer em uma coletiva de imprensa organizada dentro da 18ª conferência da ONU sobre a mudança climática em Doha.
Se esta matéria orgânica congelada se derreter, libertará lentamente todo o carbono que acumulou e "neutralizou" com a passagem dos séculos. Uma vez que começar a derreter, o processo é irreversível. "Não há nenhuma forma para voltar a capturar o carbono liberado. E este processo continuará durante séculos, já que a matéria orgânica é muito fria e se decompõe lentamente", advertiu o cientista.
O problema é que este excesso de CO2 liberado na atmosfera jamais foi incluído nas projeções sobre o aquecimento climático que são objeto de negociações em nível mundial.
O fenômeno é ainda mais preocupante se for considerado que a temperatura das zonas árticas e alpinas com permafrost deveriam aumentar duas vezes mais rápido que no conjunto do globo, insiste o relatório entregue ao Pnuma. Uma alta de 3°C em média se traduziria em um aumento de 6°C no Ártico, o que provocaria o desaparecimento de 30% a 85% do permafrost próximo da superfície.
O derretimento do permafrost produziria o equivalente entre 43 e 135 bilhões de toneladas de CO2 adicional para 2020, o que representa 39% das emissões totais até a data de hoje. Em consequência, o Pnuma recomendou ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) que leve em conta especificamente o impacto crescente do permafrost no aquecimento global.
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