quinta-feira, 12 de maio de 2011

São Paulo não é mais a locomotiva do país.




BLOG O MURAL: Os quatrocentões paulistas, que gostam de dizer que o estado é a “locomotiva do Brasil”, não poderão mais usar essa expressão. Segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas, depois de mais de 16 anos de gestão demotucana, São Paulo foi ultrapassado por Santa Catarina e Rio de Janeiro na condição de estado que tem a maior renda média. Por sua vez, no governo Lula, o País conseguiu reduzir a pobreza em 50,64%. A pesquisa também mostra que, de 2002 a 2010, os maiores ganhos reais de renda foram em grupos tradicionalmente excluídos. O Limpinho reproduz texto publicado no Portal G1. O editor deveria estar dormindo quando deixou sair uma matéria dessas.




FGV: Taxa de desigualdade no Brasil atinge mínima histórica




Desigualdade é a menor desde que começou a pesquisa, em 1960


A taxa de desigualdade no Brasil caiu à mínima histórica no final de 2010, segundo estudo divulgado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV) na terça-feira, dia 3. Em oito anos – de dezembro de 2002 a dezembro de 2010 –, o País conseguiu reduzir a pobreza em 50,64%, de acordo com a pesquisa “Desigualdade de Renda da Década”.



“Em oito anos, no governo Lula, foi feito o que era previsto para 25 anos, de acordo com a Meta do Milênio da Organização das Nações Unidas, que era reduzir a pobreza em 50% de 1990 até 2015”, ressaltou o economista Marcelo Neri, coordenador do CPS/FGV.



A taxa de desigualdade, medida pelo índice de Gini, ficou em 0,5304 em 2010, a menor desde 1960, quando começou a pesquisa. Quanto mais perto de 1, mais desigual é o país. “Os principais motivos para isso foram, principalmente, a educação e, em menor parte, os programas sociais”, explicou Neri.



Entretanto, o economista diz que, quando comparado com outros países, ainda é “estupidamente alto, porém menor do que antes” o nível de desigualdade no Brasil. “Se é uma má notícia que a nossa desigualdade ainda é alta, a boa notícia é que ela deve cair. O que os dados mostram é que a queda continua”, destacou.



Renda dos mais pobres cresceu mais do que dos mais ricos



De acordo com a pesquisa, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE), a renda dos 50% mais pobres no Brasil cresceu 52,59%, entre 2001 e 2009, enquanto a renda dos 10% mais ricos do País cresceu 12,8%. Isso significa dizer que a renda da classe baixa teve crescimento de 311% na comparação com os mais abastados.



Marcelo Neri também destacou conclusões da pesquisa que, para ele, foram inesperadas. “Fiquei muito surpreso com os dados”, disse o economista, ao mostrar que, de 2001 a 2009, os analfabetos obtiveram ganhos de 47%, enquanto quem tem nível superior teve queda de 17% na renda. No mesmo período, as pessoas de cor preta ganharam aumentos na renda de 43%, enquanto os brancos tiveram 21% de alta. Já as mulheres tiveram ganho na renda de 38%, contra 16% dos homens. “O que está ‘bombando’ é o mercado da base: empregadas domésticas, trabalhadores da construção civil, agricultores”, ressaltou, em tom informal, o economista.



São Paulo não é o mais rico e Maranhão, o mais pobre



A pesquisa mostrou que os chamados “grotões” brasileiros estão em alta, já que entre 2001 e 2009 os “maiores ganhos reais de renda foram em grupos tradicionalmente excluídos”. Segundo o estudo, Alagoas é, hoje, o estado com a pior renda média per capita do país. E, no mesmo período, o Maranhão, que era o estado mais pobre, teve ganhos na renda da população de 46%.



Já os estados de Santa Catarina e do Rio de Janeiro passaram São Paulo na condição dos que tem a maior renda média. “A migração do Nordeste para o Sudeste diminuiu bastante, com o inchaço das grandes cidades. O campo está se tornando mais atrativo”, observou Neri.



Em 30 anos, Brasil pode estar equiparado aos EUA



O coordenador da pesquisa explicou que o Brasil ainda “vai demorar uns 30 anos para ter um nível de desigualdade parecido com o dos Estados Unidos”, que, segundo Neri, está em 0,42. “Apesar de a economia brasileira não estar crescendo tanto, a renda dos mais pobres cresce em patamares chineses, enquanto a dos mais ricos está estagnada”, comparou Neri.



Entretanto, para o economista, a tarefa agora é mais complicada. “Vamos ter mais dificuldades para erradicar, pois esta terça parte que falta é o núcleo da pobreza no País”, explicou.



Para a próxima década, Marcelo Neri afirma que é preciso melhorar a qualidade da educação, continuar investindo em programas sociais e realizar obras de saneamento básico. “E é preciso fazer mais com menos recursos, pois não podemos aumentar mais ainda a nossa carga tributária”, acrescentou.




“As razões de meu otimismo são proporcionais ao tamanho dos problemas que temo hoje. A escolaridade no Brasil é ridícula, por isso acho que ainda temos muito a avançar”, finalizou.

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