sábado, 28 de maio de 2011

Bolsa Família, aliada do emprego.

BLOG O MURAL: Levantamento de ISTOÉ mostra que cidades onde o Bolsa Família é forte lideram na criação de empregos formais

Lúcio Vaz – Istoé


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LEGAL
Em oito anos número de carteiras assinadas cresceu
quase 70% nas principais cidades atendidas pelo programa


Maior programa social do governo federal, o Bolsa Família nasceu com uma dúvida: o repasse mensal de dinheiro poderia levar à acomodação das famílias mais pobres, com o desestímulo à busca pelo emprego com carteira assinada? Levantamento feito pela ISTOÉ, a partir de dados dos Ministérios do Trabalho e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, mostra que, ao que parece, não. Na verdade, indica que o avanço do emprego formal se deu com mais intensidade e rapidez exatamente nos municípios onde a população é amplamente atendida pelo benefício. Considerando o período de 2002 a 2010, que vai do último ano antes da criação do programa até o final do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a média do crescimento formal do número de carteiras assinadas no País ficou em 53,6%. O percentual foi maior no Nordeste, com 64,8%. E mais expressivo ainda nos 500 municípios que mais concentram o benefício do Bolsa Família – todos eles localizados nos sertões nordestinos. Ali, a média de crescimento atingiu os 69,3%.


Os maiores benefi­ciários do Bolsa Família são municípios pequenos, com população média de 12,8 mil pessoas, geralmente longe das capitais. Nesses locais, as principais fontes de trabalho sempre foram a agricultura, a pecuária e os generosos e quase sempre rasos cofres das prefeituras. O dinheiro do benefício é pouco, em média R$ 115 reais por família. Mas é preciso considerar que, nessas regiões, cerca de 70% da população é assistida pelo programa. Há muitos casos em que 80% ou até 90% dos moradores o recebem. A soma desses recursos incrementa o comércio local, o que resulta, a médio prazo, na criação de novas vagas no mercado. E os municípios do Nordeste concentram mais da metade da verba distribuída pelo Bolsa Família. Serão R$ 16 bilhões neste ano. O número de beneficiários chega a 13 milhões de famílias. “Só foi possível reduzir a desigualdade e a pobreza no Brasil nos últimos anos porque o governo adotou ações que aliam crescimento econômico com inclusão social”, diz a ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Teresa Campelo.


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“A pobreza caiu porque o governo adotou ações que aliam crescimento
econômico com inclusão social”

Teresa Campelo ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome


Em Ponto Novo, município de 15 mil habitantes no norte da Bahia, 2.672 famílias recebem o Bolsa Família. Como esse número deve ser multiplicado por quatro (média de integrantes de uma família), pode-se dizer que 70% da população conta com a mesada do governo. O município recebe uma injeção de R$ 280 mil todo mês. Mas isso ajuda a economia local? “Ajuda demais, demais. É uma Bolsa Família arretada”, comenta o secretário de Administração de Ponto Novo, José Carlos Alves. Ele acrescenta: “Os municípios pequenos, hoje, são mantidos pela Bolsa e pelos aposentados, que têm uma renda também importante. O movimento no comércio cresce porque esse dinheiro fica no município.” Ali, o número de carteiras assinadas cresceu de 340 para 1.307 em oito anos. Mas o secretário faz uma ressalva. Segundo ele, grande parte dos empregos foi gerada também pela implantação de uma fábrica de processamento de banana.



A realidade não é diferente em Porto Real do Colégio (AL). O número de vagas formais cresceu de 606 para 1.007, desde a criação do programa de transferência de renda. A coordenadora do Bolsa Família no município, Rosemeire dos Santos, também apresenta outra fonte de empregos. “As obras de duplicação da BR-101 geraram muitas vagas no ano passado”. Mas ela reconhece a importância do programa para a cidade. “As pessoas investem mais em alimentação, em material escolar, até em roupa. E isso é bom para o comércio.” Porém, nem tudo são flores, na visão da coordenadora. “O lado negativo é que eles ficam bem acomodados com aquela renda. Eles não investem em aprender uma profissão.


O próprio governo reconhece essa encruzilhada do programa. “O Bolsa Família é um desafio. Desde o início, houve um debate intenso sobre o efeito do programa de renda no mercado de trabalho. As expectativas eram divididas. Para uns, seria um desestímulo ao emprego formal. Outros diziam que seria positivo para o mercado porque teria efeito na economia local”, afirma o secretário nacional de Renda de Cidadania, Tiago Falcão. Informado dos números apurados pela revista, o secretário comentou. “Esses dados vêm confirmar mais a tese de que o programa de transferência de renda é positivo. Tivemos aumento do emprego formal nessa região. Alguns trabalhos já vêm mostrando isso. O impacto real é difícil de medir, mas é perceptível.”


Mas o secretário também analisa o lado falho do programa. “Um estudo demonstra que as pessoas que estiveram no Bolsa Família permanecem por pouco tempo no mercado formal. E, quando perdem o emprego, o retorno ao mercado é muito mais demorado. Os gráficos mostram que, em 11 meses, 50% desse contingente perde o mercado formal.” Tiago Falcão fala de algo que é discutido desde o lançamento do Bolsa Família: a necessidade de se encontrar uma porta de saída do programa.


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1 comentário:

NavaL Fz* disse...

Não digo que o Bolsa Familia é ruim, muito pelo contrario é um bem para as familias de baixa renda, mais só que combater a pobresa só com bolsa familia não adianta, na minha cidade os colegios estaduais ja estão entrando para o 2º mes de greve, não vejo divulgação de cursos profissionalizante gratuitos na cidade, não vejo incentivos aos jovens para que comece bem uma carreira, só vejo os jovens procurando dinheiro através de roubo. Sabe que cidade é esta que eu estou falando ??? Cidade do Rio Granhde do Norte - NATAL.