sábado, 1 de fevereiro de 2014

Ha! Os militares, a democracia e a esquerda no poder.

BLOG O MURAL: Outro dia no face acompanhei uma discussão entres varias correntes de pensamento (senso comum) -coloquei entre parente porque não gosto de usar esse termo, mas se faz necessário.
Ao ler todos os comentário devido a postagem sobre governo PT X PSDB em disputa eleitoral, me veio na cabeça fazer um texto enorme sobre a desgraça do militarismo e dos governos autoritários, além dos desmandos dos aproveitadores destes regimes em nosso país. Aí vi que seria inútil, pois quem é contra a democracia e tem a coragem de dizer, é porque não se convenceu de que este governo de esquerda que aí está, avança e faz o país colocar suas vísceras para fora, como nunca ouve na história. Mas ao ler o texto do jornalista Paulo Noguieira, que é editor e fundador do blog DCM -Diário do Centro do Mundo-. O texto é uma leitura agradável sobre a chegada de outro jornalista de mesmo naipe a Secom. Certamente ele o conhece, pois trabalharam juntos, como ele próprio diz no texto, mas o que mais enriquece suas palavras é a analogia do modelo de mídia, e do medo que elas têm de perderem seus privilégios que vem desde os velhos tempo da ditadura. Isso mostra que o tal discurso de senso comum que vi no face é fruto desta longa estadia no poder, parte por militares e parte pela elites. O porto seguro destes governo era os donos de mídia, eles que elegiam e derrubavam o governo que queriam, desde que mantivessem seus privilégios,não só na concessões pública, mas também nos gordos repasses de verbas públicas.  Segue o texto abaixo: 


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Thomas Traumann foi uma excelente aquisição para a Secom.
Trabalhamos juntos na Época em meados dos anos 2 000. Thomas é um jornalista competente e um homem de caráter.
Fazia, na revista, uma das seções mais lidas: Filtro. Como o nome diz, era uma filtragem das notícias mais importantes da política. (O espírito dela está presente em nosso Essencial.)
Eu era diretor editorial, e minha divisa era: “um olho na revista e outro no site”. Thomas, com seu Filtro, era a representação disso.
Na edição semanal, você tinha ali o principal do mundo político no papel. Diariamente, pela internet, você se informava por Thomas.
O mundo político acompanhava-o. Lembro que uma vez Serra, então forte candidato à presidência, nos contou que uma de suas leituras obrigatórias era o Filtro de Thomas.
Ele chega à Secom sob uma cínica desconfiança da mídia.
Absurdamente privilegiada há anos, décadas, por sucessivos governos com coisas como publicidade em doses abjetas e financiamentos a juros maternos em bancos públicos, a mídia teme que a Secom coloque algum dinheiro em blogs que representam, hoje, a garantia de que vozes e visões alternativas chegarão à sociedade.
As companhias de jornalismo defendem, essencialmente, seus próprios interesses – e os do grupo a que pertencem, o chamado 1%.
Antes da internet, elas comandavam – manipulavam – a opinião pública. Veja o que elas fizeram com Getúlio e, depois, Jango. Com Lula, no Mensalão, o mesmo comportamento padrão se repetiu – a tentativa de minar governantes populares. A diferença é que a estratégia não funcionou. A intenção era a mesma.
Foi nesse quadro que a internet surgiu e floresceu como uma vital contrapartida às empresas de mídia.
Colunistas que reproduzem o pensamento patronal estão criticando a nomeação de Thomas.
Reinaldo Azevedo – que tem uma velha obsessão por mim – é um deles.
É até engraçado. Quando dirigiu uma revista a favor do PSDB, Azevedo recebeu mensalões do governo paulista na forma de anúncios. Nem isso foi suficiente para salvar a publicação.
A revista para a qual ele trabalha – a Veja – é abençoada com a compra de lotes consideráveis pelo governo de Alckmin.
Os exemplares vão terminar em escolas estaduais cujos alunos estão na internet. São conhecidos os relatos de gente que vê as revistas indo para o lixo exatamente como chegam – na embalagem plástica.
Alguém pode imaginar jovens lendo revistas de papel, com a internet à sua disposição? Mas o governo Alckmin gasta milhões em Vejas que não serão lidas por estudantes que sequer a conhecem.
Thomas Traumann chega com uma missão relevante: dar mais nexo ao investimento publicitário oficial.
Faz sentido a Globo – com audiência em queda aguda por conta também da internet – continuar a receber tanto dinheiro em anúncios governamentais?
A Globo é uma bizarrice. Graças ao BV (Bonificação por Volume), uma espécie de propina para as agências, a Globo tem 60% da receita publicitária brasileira tendo 20% da audiência.
Todo este dinheiro – o governo colocou 6 bilhões de reais nos últimos dez anos – alimenta uma máquina que defende os interesses dos Marinhos, dos Marinhos e ainda dos Marinhos.
E defende bem: os herdeiros de Roberto Marinho têm, juntos, a maior fortuna do Brasil, como mostra a lista de bilionários da Forbes. São cerca de 55 bilhões de dólares, somados.
Durante muito tempo, só o governo pagava tabela cheia de publicidade quando os anunciantes privados tinham descontos que podiam passar de 50%. Era uma torração infernal de dinheiro público.
Dívidas com bancos oficiais eram pagos, frequentemente, com anúncios. Nos anos 1980, o Jornal do Brasil regurgitava de anúncios do governo.
Investir no jornalismo digital é fundamental – sobretudo para a sociedade. Jango não teria sido derrubado tão fácil se na época houvesse a internet para mostrar o que os jornais não mostravam.
Teríamos evitado, simplesmente, a ditadura militar – a qual, além de matar brasileiros, construiu um país campeão mundial de desigualdade.
Os militares – apoiados pela mídia – fizeram um governo de ricos, por ricos e para ricos.
Thomas, na Secom, é a esperança de que cheguem ao fim as mamatas das empresas de mídia no que diz respeito às verbas oficiais.
Se Thomas se sair bem, mais que o governo Dilma, quem ganhará mesmo é a sociedade brasileira.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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