sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Jornal Nacional exibe reportagem distorcida sobre construção de Belo Monte



Emissora deixou de falar sobre diversas irregularidades denunciadas em entrevista, diz Instituto
Emissora deixou de falar sobre diversas irregularidades denunciadas em entrevista, diz Instituto

BLOG O MURAL: O instituto Socioambiental (ISA), uma das organizações que monitoram os impactos da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, afirma que a edição da última sexta-feira (17) do Jornal Nacional, exibida na TV Globo, traz uma declaração distorcida de seu representante, Marcelo Salazar. O Instituto publicou uma nota explicando que, além de alterar o sentido da fala da fonte, a reportagem também omite várias informações divulgadas.
De acordo com o ISA, o repórter Marcos Losekann gravou a conversa, e, durante a edição, foram eliminadas as partes em que Salazar falou sobre o atraso nas obras de saneamento básico, desmatamento ilegal, falta de programas de saúde para os índios e não cumprimento das condicionantes no canteiro de obras. O Instituto monitora e acompanha o cumprimento das condicionantes estabelecidas à empresa Norte Energia, e, desde o início da construção da usina, vem denunciando as irregularidades na região do canteiro.
Durante a visita da equipe do Jornal Nacional em Altamira, o especialista disponibilizou uma série de arquivos e falou amplamente sobre os impactos das ações negligentes da empresa responsável pela construção da usina. Segundo o Instituto, Salazar disse ao repórter que os projetos em desenvolvimento poderiam trazer políticas públicas para a região, mas que tais políticas são encaradas como direitos dos cidadãos, e deveriam ser garantidas independentemente da realização das obras.
“Os programas de prevenção ou diminuição dos impactos relacionados à saúde indígena e à proteção territorial e dos recursos naturais dos índios não saíram do papel. Os índices de saúde demonstram o descaso. Em 2012, nove em cada dez crianças indígenas das aldeias atingidas por Belo Monte apresentaram diarreia aguda por mais de uma vez. Os técnicos do Ibama e da Fundação Nacional do Índio (Funai) atestaram o descompasso entre a construção da usina e o cumprimento das medidas de mitigação e compensação de impactos”, disse Salazar em uma das partes da entrevista que não foram ao ar.
A reportagem também não tocou no assunto das inúmeras paralisações da obra determinadas pela Justiça, derrubadas pelo Governo com a chamada suspensão de segurança, ferramenta criada durante a ditadura militar. No documento, o ISA lamentou pela opção da emissora em não mostrar o contraditório, e reforçou que vai continuar a denunciar as irregularidades da obra.
Redação CicloVivo

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