segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Por que o número de investigações do MP está batendo recordes no governo Haddad?


BLOG O MURAL: Via DCM. Em 2005, o ministério público do Estado de São Paulo enviou à prefeitura 147 requerimentos de informação, em média 12 a cada mês. De janeiro a setembro do ano passado – nove meses, portanto –, os promotores do Estado trabalharam bem mais nos assuntos relacionados à prefeitura paulistana. Foram 658 requerimentos, média mensal de 73 ofícios.
Uma diferença de 608%.
Em 2005, o prefeito era José Serra, do PSDB. Em 2013, Fernando Haddad, do PT.
O levantamento foi realizado pela secretaria de governo da prefeitura, o órgão que tem entre suas atribuições responder aos requerimentos do MP.
A explosão de requerimentos no governo Haddad pode ser coincidência, mas vale a pena examinar alguns fatos recentes.
A denúncia de que o governo do Estado de São Paulo recebeu propina de empresas que têm contrato com o Metrô, a CPTM e a CESP é antiga. Tem pelo menos seis anos. Mas ficou esquecida nos escaninhos do MP até que a Justiça da Suíça condenasse o ex-diretor de uma estatal paulista, e o caso ganhasse repercussão internacional.
Outro exemplo é o das enchentes. A chuva em São Paulo é um problema de séculos. Em 2003, no governo de Marta Suplicy, o ministério público abriu inquérito para apurar responsabilidades.
A investigação ficou parada até esta semana, quando a promotoria de habitação e urbanismo decidiu ir à Justiça para cobrar indenização.
Segundo o levantamento da prefeitura, o ímpeto investigativo do MP tem aumentado à medida que a administração se descola da órbita do governo do Estado.
Em 2006, quando assumiu no lugar de José Serra, que se candidatou a governador, Gilberto Kassab era um satélite do PSDB e foi pouco incomodado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.
Kassab teve de responder a apenas 177 requerimentos de informação, em média 14 por mês. Em 2007, 2008 e 2009, a média mensal oscilou entre 15 e 19 requerimentos.
Em 2010, quando Kassab já se aproximava do governo federal, a média aumentou para 25.
Em 2011, a média foi de 34 e, em 2012, 42.
Com Haddad, o número de requerimentos explodiu. Quase dobrou. Foi a 73 requerimentos por mês.
Para efeito de comparação, a secretaria de governo levantou o número de requerimentos apresentados por outros órgãos de investigação.
No caso do ministério público federal, o número de requerimentos se mantém na média de 10 por ano.
O ministério público do trabalho também investiga a prefeitura, mas o número de ações mudou pouco entre 2005 e 2013.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Jornal Nacional exibe reportagem distorcida sobre construção de Belo Monte



Emissora deixou de falar sobre diversas irregularidades denunciadas em entrevista, diz Instituto
Emissora deixou de falar sobre diversas irregularidades denunciadas em entrevista, diz Instituto

BLOG O MURAL: O instituto Socioambiental (ISA), uma das organizações que monitoram os impactos da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, afirma que a edição da última sexta-feira (17) do Jornal Nacional, exibida na TV Globo, traz uma declaração distorcida de seu representante, Marcelo Salazar. O Instituto publicou uma nota explicando que, além de alterar o sentido da fala da fonte, a reportagem também omite várias informações divulgadas.
De acordo com o ISA, o repórter Marcos Losekann gravou a conversa, e, durante a edição, foram eliminadas as partes em que Salazar falou sobre o atraso nas obras de saneamento básico, desmatamento ilegal, falta de programas de saúde para os índios e não cumprimento das condicionantes no canteiro de obras. O Instituto monitora e acompanha o cumprimento das condicionantes estabelecidas à empresa Norte Energia, e, desde o início da construção da usina, vem denunciando as irregularidades na região do canteiro.
Durante a visita da equipe do Jornal Nacional em Altamira, o especialista disponibilizou uma série de arquivos e falou amplamente sobre os impactos das ações negligentes da empresa responsável pela construção da usina. Segundo o Instituto, Salazar disse ao repórter que os projetos em desenvolvimento poderiam trazer políticas públicas para a região, mas que tais políticas são encaradas como direitos dos cidadãos, e deveriam ser garantidas independentemente da realização das obras.
“Os programas de prevenção ou diminuição dos impactos relacionados à saúde indígena e à proteção territorial e dos recursos naturais dos índios não saíram do papel. Os índices de saúde demonstram o descaso. Em 2012, nove em cada dez crianças indígenas das aldeias atingidas por Belo Monte apresentaram diarreia aguda por mais de uma vez. Os técnicos do Ibama e da Fundação Nacional do Índio (Funai) atestaram o descompasso entre a construção da usina e o cumprimento das medidas de mitigação e compensação de impactos”, disse Salazar em uma das partes da entrevista que não foram ao ar.
A reportagem também não tocou no assunto das inúmeras paralisações da obra determinadas pela Justiça, derrubadas pelo Governo com a chamada suspensão de segurança, ferramenta criada durante a ditadura militar. No documento, o ISA lamentou pela opção da emissora em não mostrar o contraditório, e reforçou que vai continuar a denunciar as irregularidades da obra.
Redação CicloVivo

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Diretor da Alstom diz que propina em SP foi de 15%

BLOG O MURAL: Folha de São Paulo

A direção da Alstom na França autorizou o pagamento de propina de 15% sobre um contrato de US$ 45,7 milhões (R$ 52 milhões à época) para fechar um negócio com uma estatal paulista em 1998, segundo depoimento à Justiça do ex-diretor comercial da multinacional, o engenheiro francês André Botto.

O conteúdo do depoimento sigiloso, obtido pelaFolha, traz pela primeira vez o reconhecimento de um diretor da Alstom de que houve suborno para conquistar o contrato com a estatal. Na época, o Estado era governado por Mário Covas (PSDB).
Botto, que era responsável na França pela parte comercial do contrato brasileiro, contradiz o que a filial brasileira da Alstom repete desde 2008: que a empresa nunca pagou suborno e que colabora com a apuração.
"O negócio era muito importante para a Alstom. Era importante ganhá-lo por meio de acordo e evitar uma licitação. Tivemos de pagar comissões elevadas, da ordem de 15% do contrato", contou Botto ao juiz Renaud Van Ruymbeke, em 2008.
A estratégia da Alstom deu certo. Em 1998, a empresa assinou com a EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia) e a Eletropaulo um aditivo para a venda de equipamentos para três subestações de energia.
CONTRATO CADUCO
O contrato original do aditivo era de 1983 e em 1998 não tinha mais validade, segundo especialistas, porque a lei de licitações estabelece um limite de cinco anos para esse tipo de negócio. Uma licitação, com vários concorrentes, poderia em tese derrubar o preço dos equipamentos e diminuir o lucro da Alstom.
A propina, segundo essa lógica, serviria para que as diretorias da EPTE e da Eletropaulo não criassem problemas para ressuscitar um contrato que já caducara.
Folha revelou anteontem que um documento interno da Alstom menciona pagamento de suborno à Secretaria de Energia e às diretorias administrativa, financeira e técnica da EPTE. À época, o secretário era Andrea Matarazzo —hoje vereador em São Paulo pelo PSDB. Ele nega envolvimento na negociação do aditivo.
Se os 15% tiverem sido pagos, o suborno alcançou R$ 7,8 milhões. O valor, segundo o diretor francês, foi dividido entre a Alstom e a Cegelec, que havia sido comprada pela companhia francesa. Botto era originalmente diretor comercial da Cegelec.
Metade dos 15% foi repassada para a empresa MCA, comandada pelo lobista Romeu Pinto Jr., que admitiu às autoridades brasileiras que recebeu o dinheiro da Alstom para pagar propinas. Ele, porém, não revelou os destinatários do suborno.
Botto explicou ao juiz que, para pagar a outra metade, a Alstom teve de usar contas secretas na Suíça. Isso ocorreu porque até 2000 a lei francesa autorizava empresas a pagar comissões de até 7,5% sobre o valor do contrato para obter negócios no exterior.
"Era preciso fazer o excedente [dos 15%] passar por outros circuitos", afirmou.
A propina então foi paga por meio de duas empresas offshore abertas por um banqueiro suíço a pedido da Alstom, segundo o executivo.
O banqueiro, Oskar Hollenweger, abriu a Janus Inc. nas Bahamas e a Asesores S.A. no Panamá, e cuidou da distribuição da parte ilegal das comissões. Após 2000, a França proibiu pagamento de comissão a funcionário público.
Editoria de Arte/Folhapress
OUTRO LADO
A Alstom nega o pagamento de propinas para obtenção do contrato com a estatal paulista EPTE em 1998.
Em nota, a multinacional diz que "manifesta seu veemente repúdio quanto às insinuações de que possui política institucionalizada de pagamentos irregulares para obtenção de contratos".
Segue a nota: "A empresa nunca se negou a prestar os esclarecimentos solicitados pelas autoridades quando tem prévio acesso aos documentos, mas lamenta que o alegado conteúdo de investigações sobre supostas condutas ocorridas há quase 20 anos, que por obrigação legal deveriam ser tratadas de forma sigilosa, venham a ser utilizadas de forma reiterada e desproporcional nos dias de hoje com o claro intuito de denegrir a imagem de uma empresa que cumpre absolutamente com todas as suas obrigações legais".
O vereador Andrea Matarazzo disse que nunca participou de discussões sobre o negócio com a Alstom. Ele foi secretário de Energia durante sete meses em 1998, do final de janeiro a agosto.
Segundo nota do vereador, o contrato que gerou o aditivo, de 1983, foi assinado por "governos anteriores".
"A atuação de Andrea Matarazzo durante seus 20 anos de vida pública sempre se pautou pela absoluta correção e transparência", afirma.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Documento mostra como Alstom distribuiu propina

BLOG O MURAL:  Folha de São Paulo
Até agora, a Polícia Federal só havia chegado até o intermediador da propina, o lobista Romeu Pinto Jr., que admitiu ter recebido recursos da Alstom para pagar suborno, mas alegou desconhecer os destinatários. Ele sustenta que entregou os valores a motoboys enviados por pessoas que não conhecia.
O documento traz detalhes da divisão e do caminho do dinheiro. Segundo o papel, a Secretaria de Energia, chamada de "SE", recebeu 3% do contrato (R$ 1,56 milhão). Já as diretorias financeira, administrativa e técnica da EPTE aparecem como destinatárias de 1,5% (R$ 780 mil), 1% (R$ 520 mil) e 0,13% (R$ 67,6 mil), respectivamente.
À época da assinatura do contrato, em abril de 1998, o secretário de Energia era Andrea Matarazzo, que ocupou o cargo por seis meses. Ele nega ter recebido propina.
Editoria de Arte/Folhapress
O documento menciona os destinatários do suborno por meio de siglas. "SE" era a forma como a Alstom chamava a Secretaria de Energia em comunicações internas, segundo papéis do inquérito da PF. As diretorias são designadas pelas siglas DF, DT e DA.
Folha consultou Jean-Pierre Courtadon, que foi vice-presidente da Alstom-Cegelec, e ele confirmou que DA, DT e DF costumavam designar diretorias administrativas, técnica e financeira.
Courtadon é investigado no Brasil sob suspeita de ter repassado propina, o que ele nega. Apuração na Suíça concluiu que ele não fez repasses a políticos e inocentou-o.
Entre 1998 e 1999, as diretorias administrativa, técnica e financeira da EPTE eram ocupadas por Carlos Eduardo Epaminondas França, Sidney Simonaggio e Vicente Okazaki, respectivamente. Como as negociações para o contrato se estenderam por anos, não dá para saber se o documento designa esses diretores ou outros.
ENIGMA
O mistério do documento é a sigla "F", apontada como recebedora de 2% do valor do contrato (R$ 1,04 milhão). Entre os executivos que assinaram o contrato, há um cujo sobrenome começa com "F": Henrique Fingerman.
Ele foi diretor financeiro da EPTE até maio de 1998 e assumiu a presidência da empresa em seguida. Fingerman, como Matarazzo, já foi indiciado pela PF sob suspeita de corrupção.
O valor do suborno no documento chega a R$ 6,4 milhões, ou 12,3% do contrato. O maior valor, segundo a PF, foi pago a Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (R$ 2,07 milhões) e chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (PSDB) entre 1995 e 1997.
A investigação brasileira sobre a Alstom começou em 2008 para apurar suspeita de que a companhia havia pago propina para reativar em 1998 aditivo de contrato que fora assinado em 1983 para construção de três subestações de energia. A lei limita a duração de contratos a cinco anos.
O documento obtido pela Folha foi usado nos processos francês e suíço contra a Alstom. O da França foi arquivado porque até 2000 era permitido pagar comissões para obter negócios no exterior. O da Suíça resultou numa multa para a Alstom de US$ 42,7 milhões em 2011. A multa não contemplou a suspeita de suborno no Brasil porque a apuração aqui não foi encerrada.
O promotor Silvio Marques, que atua no caso, diz já ter visto o documento na Suíça. " Ele nunca foi usado porque ninguém sabia o significado das siglas".
O documento aponta que a empresa MCA, usada por Romeu Pinto Jr. para intermediar a propina, recebeu 7,5% do valor do contrato diretamente da Alstom francesa. Contas secretas que a Alstom tinha na Suíça remeteram mais US$ 516 mil para a MCA.
A Alstom do Brasil também participou do processo. A empresa Acqua Lux, que pertence a Sabino Indelicato, recebeu R$ 1,82 milhão (3,5% do contrato). Investigadores suspeitam que Indelicado seja laranja de Robson Marinho. 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Infraestrutura é adversária de Porto Feliz

BLOG O MURAL: Via Cruzeiro do Sul.


Cinco meses antes de receber a seleção de Honduras, o município precisa de benfeitorias em diversos setores

Cinco meses antes de receber a seleção de Honduras durante a preparação e, no mínimo, a primeira fase da Copa do Mundo, a cidade de Porto Feliz ainda precisa passar por diversas melhorias. O município, que espera aumentar em 4% a sua população durante o período, carece de infraestrutura principalmente no que diz respeito ao atendimento aos visitantes. A cidade de 48,8 mil habitantes (que tem a expectativa de receber 2 mil pessoas, entre turistas e jornalistas) conta com poucas placas indicativas de como chegar aos principais lugares, sendo que nenhuma delas está em outra língua que não seja o português. A Prefeitura afirma que existe um planejamento para resolver o problema, mas não há prazo definido.

Os dois locais que receberão os hondurenhos, por exemplo, não possuem qualquer sinalização indicativa de como chegar até eles. Tanto a Academia Traffic (onde serão realizados os treinamentos) quanto o hotel Transamérica (onde a seleção ficará hospedada) são facilmente identificáveis na região em que estão construídos. Isso porque ambos possuem prédios imponentes, respectivamente nas saídas para Itu e Sorocaba. Porém, dentro de Porto Feliz ou mesmo nas rodovias de acesso, não há qualquer placa indicativa para os locais.

Quem trafega pela cidade também encontra problemas. A avenida Monsenhor Seckler, uma das principais do município, quase não conta com placas informativas. A via é utilizada por quem chega de Itu ou da região de Rafard e Capivari e quer acessar o Centro da cidade. Problema semelhante ocorre na avenida Antônio Pires de Almeida, rota de passagem dos que chegam de Sorocaba e São Paulo.

O visitante que estiver no centro porto-felicense pode contar com o serviço do Posto de Informações Turísticas, que funciona ao lado da Igreja Matriz Nossa Senhora Mãe dos Homens. Mas não há, nem na igreja e nem na praça Dr. José Sacramento e Silva (que fica logo em frente), qualquer tipo de explicação que ajude o turista a entender a origem e a importância daqueles locais.

Também no centro, o Museu Histórico e Pedagógico das Monções está fechado para reforma -- e assim deverá permanecer durante o Mundial. De acordo com a Prefeitura, o espaço pertence ao Estado, que é responsável pelo projeto de revitalização do prédio, ainda sem prazo definido para conclusão.

Quem for de ônibus também poderá ter problemas. Na rodoviária de Porto Feliz não há sinalização sobre horários de chegada e saída dos veículos. Em nota enviada ontem, a Prefeitura afirma que deve efetuar melhorias no local. "Todos os prédios públicos serão adequados aos formatos da Copa." De acordo com a própria municipalidade, porém, ainda não há prazo para que isso ocorra.

Nem todas as dificuldades encontradas por quem for a Porto Feliz são de responsabilidade do poder público. O próprio comércio da cidade também terá de se adaptar para receber bem os visitantes estrangeiros. Um dos mais tradicionais restaurantes (que serve a Cearense, prato típico do município), por exemplo, não aceita que os clientes paguem a conta com cartão de débito ou de crédito.

Principal ponto turístico de Porto Feliz, o Parque das Monções é o único espaço que está adaptado para receber turistas de outras nacionalidades -- apesar da dificuldade de localizá-lo por meio das placas informativas. Com bancos em bom estado e lixeiras em todo o seu interior, o parque possui diversos painéis que contam a história do local e de suas atrações em português e em inglês. Ali, o turista poderá conhecer detalhes sobre a origem da cidade, o rio Tietê e como eram realizadas as monções.

Por sua vez, o Estádio Municipal Ernesto Rocco ganhou recentemente uma cobertura em quase todo o seu espaço de arquibancada. O local poderá, eventualmente, abrigar um amistoso ou treino aberto da seleção de Honduras. A atividade aberta ao público é exigida pela Fifa. Segundo a Prefeitura, o estádio "estará preparado" para receber a atividade, caso seja escolhido pelos hondurenhos.

Honduras fará a maior parte de sua preparação para a Copa do Mundo nos Estados Unidos. O desembarque da delegação no Brasil está previsto somente para 7 de junho, oito dias antes da estreia, contra a França, no estádio Beira-Rio. Nos deslocamentos durante a Copa do Mundo, Honduras percorrerá 3.277 quilômetros com viagens a Porto Alegre, Curitiba (onde enfrenta o Equador) e Manaus (onde encara a Suíça).

Segundo a Prefeitura de Porto Feliz, a cidade possui 750 leitos, espalhados em sete hotéis e uma frota de táxi com 35 carros. Há ainda um shopping com três salas de cinema, um hospital, um pronto-socorro, um posto de pronto atendimento, uma ambulância UTI 24 horas, nove unidades básicas de saúde, 51 leitos hospitalares e 410 profissionais de saúde.

Notícia publicada na edição de 13/01/14 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 001 do caderno D - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O cientista brasileiro que quer colocar um paraplégico para dar o pontapé inicial da Copa

BLOG O MURAL: Por Roberto Amado via DCM
nicolelis exoesqueleto

O pontapé inicial da Copa do Mundo do Brasil pode ser dado por um paraplégico.
O que parece impossível tornou-se realidade em dezembro quando o neurobiologista brasileiro Miguel Nicolelis apresentou um vídeo com os primeiros testes com um exoesqueleto comandado por impulsos neurais, resultado do projeto “Andar de Novo”, composto por uma equipe internacional de mais de cem cientistas e liderado por ele.
“É como por um homem na lua”, diz Nicolelis. “A única maneira de fazer o projeto foi recrutar os melhores cientistas do mundo, convencê-los a abrir mão dos seus salários e de suas patentes. Estamos usando algumas ideias inovadoras que ainda não foram sequer publicadas”. O projeto “Andar de Novo” foi considerado pela revista Nature como um dos estudos científicos mais promissores de 2014.
Um adolescente, selecionado pela Associação  de Assistência à Criança Deficiente (AACD), usará o exoesqueleto, uma estrutura metálica acoplada da cintura para baixo, conectado por sensores ao cérebro e processado por um computador instalado numa espécie de mochila. Com esse aparato, o adolescente poderá erguer-se da cadeira, dar alguns passos e chutar a bola, utilizando apenas comandos cerebrais. É uma conquista significativa na área de reabilitação de pacientes que sofrem de paralisia corporal, definida pela revista Nature como uma das grandes expectativas científicas deste ano.
“Fizemos essa proposta ao governo. Em vez do show musical, típico das cerimônias de abertura, podemos surpreender o mundo fazendo uma demonstração científica”, disse ele em entrevista à CBS News.
O trabalho de Nicolelis no campo de fisiologia de órgãos e sistemas e integração entre o cérebro humano e neuropróteses ou interfaces não é recente. Professor titular de Neurobiologia e Engenharia Biomédica e co-diretor do Centro de Neuroengenharia da Duke University, Nicolelis já havia provocado impacto quando, em novembro passado, publicou um estudo na revista Science Translational. Nele, dois macacos aprenderam a controlar movimentos de ambos os braços de um corpo virtual usando apenas a atividade elétrica do cérebro.
Também é de Nicolelis o projeto do Instituto Internacional de Neurociências sediado em Natal, no Rio Grande do Norte. Inaugurado em 2005, graças ao apoio de Lily Safra e da Fundação Safra, na maior doação da história da ciência brasileira, o Instituto conduz pesquisas científicas numa região pouco favorecida e ainda faz um extenso trabalho de assistência social e educacional à população das cidades de Natal, Macaíba e circunvizinhanças. “O campus tem um laboratório de pesquisa, uma escola de ciências para as crianças locais e uma clínica para a saúde da mulher”, disse ele em entrevista ao site Science.
Paulistano nascido no Bexiga, palmeirense roxo, agnóstico, filho de juiz e da escritora Giselda Laporta, estudante do tradicional colégio Bandeirantes, Nicolelis sempre guiou seus impulsos científicos pela preocupação social, mas optou por viver nos Estados Unidos por considerar que no Brasil não há cultura de ação cientifica, normalmente dominados por doutores do saber. Na comunidade científica internacional, adota uma posição controversa, na qual acredita que o “cérebro cria o modelo do mundo e confirma ou nega esse modelo continuamente”.
Não, Nicolelis não é uma unanimidade. Alguns críticos do seu trabalho denunciam sua abordagem um tanto mecânica sobre o corpo humano, na qual supervaloriza a função do cérebro sobre outros órgãos. Mesmo sob tiroteio inimigo, sua reputação cresce. Nicolelis já teve seu nome cogitado ao Prêmio Nobel e é o cientista brasileiro que mais próximo chegou a essa condição. Essa Copa pode ser decisiva.

Nicolelis e sua invenção
Nicolelis e sua invenção

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

CIÊNCIA DÁ PASSOS DE GIGANTE: AS DEZ MAIORES DESCOBERTAS DE 2013

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Plano de Mata Atlântica será lançado até fevereiro

BLOG O MURAL:

A Sema mapeou 2.537 fragmentos dos mais significativos do município


Para intensificar ações de preservação e poder receber recursos federais específicos do bioma, a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) de Sorocaba deve lançar até fevereiro deste ano o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica. O documento traz um mapeamento com 2.537 fragmentos dos mais significativos do município, para que este ano sejam alvo de iniciativas como criação de parques e negociação com particulares para torná-los reservas protegidas.

A titular da Sema, Jussara de Lima Carvalho, cita que a cidade possui menos de 17% dos seus 449,8 km2 de área compostos por vegetação natural, sendo 1,5% do território de áreas protegidas. Essa vegetação é composta principalmente por dois biomas, já que Sorocaba está em uma região de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado. "Queremos ser o primeiro município a implantar o Plano Municipal de Mata Atlântica", diz Jussara, que complementa informando que o levantamento do plano foi feito em parceria com universidades do município, por meio de pesquisas científicas. 

Ela comenta que não há um número exato de área total dessa vegetação, por ser muito fragmentada, mas acredita que a maior parte desses locais são de propriedade particular. Nessas áreas a Prefeitura deve negociar com os donos a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), que ainda não existem na cidade e serão feitas por meio de um convênio com o governo do Estado. 

Já as áreas públicas serão analisadas, de acordo com Jussara, para que sejam protegidas por meio da criação de parques, à semelhança do Parque Municipal Corredores de Biodiversidade. No início eles não devem ser abertos ao público, mas a Sema já prevê visitas monitoradas, com trilhas pela mata. 

Unidades de preservação 

Dois desses fragmentos de Mata Atlântica, já preservados, são a Unidade de Preservação Governador Mário Covas, com 500 mil metros quadrados (50 hectares) no bairro Cajuru, e o Parque Natural dos Esportes Chico Mendes, com 155,6 mil metros quadrados (15,5 hectares), no Alto da Boa Vista. Jussara cita que esses dois parques foram considerados, respectivamente, a primeira e segunda áreas mais importantes da cidade do ponto de vista ecológico, em estudo feito pela Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), campus Sorocaba. 

Por meio desse mapeamento da vegetação da Mata Atlântica, também é possível identificar quais são os fragmentos mais vulneráveis. "Uma das técnicas para essa verificação é o formato das áreas. Se o fragmento for circular, é mais preservado, já se o formato for mais alongado, está mais vulnerável", afirma a secretária. Antes de ser lançado, o plano municipal passará por aprovação do Conselho Municipal de Desenvolvimento do Meio Ambiente (Condema), sem necessidade de aprovação da Câmara de Vereadores.

Classes dos fragmentos de Mata Atlântica identificados pelo plano municipal :

Tamanho


Quantidade de fragmentos
0 a 5 hectares (ha)*
2.275


5 a 20 ha


200
20 a 60 ha


42
60 a 120 ha


13
120 a 315ha


7
*1 hectare corresponde a 10 mil metros quadrados

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O desabafo de uma pré-vestibular cotista

BLOG O MURAL:  Por: 
vestibular

Publicado originalmente no Sobre Aquilo que Você Se Recusa a Pensar.

Vou começar o texto com algumas informações preliminares. Caso você não goste delas, se sinta ofendido, não se interesse pelo texto ou coisa parecida, por favor, não perca seu tempo com essa leitura e muito menos com comentários agressivos. Obrigada.
  1. Escrevo aqui com o intuito de descrever situações vividas por mim, portanto, não incluo aqui a voz de ninguém que não seja eu mesma.
  2. Esse texto não pretende tratar das cotas raciais, mas não porque eu não concorde com elas (eu concordo) e sim porque não sou negra, mulata, parda, indígena, afrodescendente ou amarela. Assim sendo, nunca sofri preconceito racial de nenhum tipo e, portanto, não tenho condições de exprimir com fidelidade os sentimentos de um pré-vestibular que tenha passado por isso.
Presto Medicina. Estudei na ETEC Parque da Juventude durante meu ensino médio. No meu terceiro ano (ano passado), estudava de manhã no colégio e fazia cursinho no Anglo Tamandaré à tarde. Estudei de domingo a domingo. Acordava às 6h da manhã, assistia a aulas no colégio até 12h30, assistia a aulas no Anglo das 14h20 até as 18h20. Em casa, estudava da hora que eu chegava (19h) até meia noite, as vezes uma hora da manhã. Todos os dias.
De sábado estudava. De domingo estudava. Jantava ao mesmo tempo que estudava. Estudava no ponto de ônibus. Estudava em visitas à casa dos meus avós. Estudava durante a aula de Educação Física enquanto meus colegas jogavam futebol. Tenho o orgulho de dizer que fiz todas as minhas Tarefas Mínimas e Complementares. Cabulei apenas algumas das últimas aulas de Texto do cursinho, em dezembro, quando já sabia que não havia passado em nenhuma faculdade. Fui em todas as aulas de inglês. Fazia minhas TMs e TCs durante as aulas do colégio, enquanto o professor dava aula de outra matéria.
Só que eu não sou um ser perfeito (muito longe disso), então eu dormia em algumas aulas no colégio também. E todas essas coisas que eu fazia me prejudicaram de inúmeras formas: Sei que muitos professores se decepcionavam comigo por eu estar dormindo ou fazendo outras coisas enquanto eles davam aulas no colégio e que muitos amigos se ressentiam pelo fato de que eu não lhes dava atenção. Tive problemas com dor de cabeça durante o ano por conta de falta de sono, emagreci quatro quilos, briguei com meus pais inúmeras vezes, deixei de falar com meus avós o quanto deveria, deixei de conversar com meus irmãos e com o meu primo (que é como um irmão pra mim também), deixei de sair com meu namorado diversas vezes, impedi que meus pais fossem à praia de fins de semana porque eu precisava estudar.
Resumo? Sufoquei minha vida. De verdade. Comecei a ser mais amarga ou agressiva com pessoas que não mereciam minha agressividade e tudo isso porque eu via que todo meu esforço, minha luta, minha loucura não levava a lugar nenhum, porque eu corria em círculos, sem saber a diferença entre velocidade angular e escalar, porque não entendia absolutamente nada de elétrica, porque não conseguia resolver exercícios de estequiometria, porque não fazia a mínima idéia da diferença entre pretérito perfeito e imperfeito, mesmo depois de fazer todos os exercícios, todas as tarefas, todas as leituras (Conhece os intocáveis? Eu li todos eles. TODOS.)
Resultado? Ah, tirei 58 na Fuvest. Uma nota incrivelmente decepcionante e insuficiente pra quem presta medicina. Me revoltei com a minha escola, que eu tinha amado tanto durante meu primeiro e segundo ano pois ela havia me dado amigos, professores maravilhosos e uma liberdade fantástica, porque quando resolvi que ia estudar lá (e tive que passar em um Vestibulinho pra isso) fui achando que eu estaria bem preparada pro Vestibular, porque vende-se uma ideia de que essas escolas são tão boas quanto escolas particulares, no âmbito de preparação para os exames.
E é claro, me arrependo muito dessa revolta, porque grande parte do que eu sou hoje se deve à experiência maravilhosa que tive estudando no PJ.
Mas essa história vendida é falsa. Eu não posso de maneira alguma comparar o ensino que eu tive com o ensino que um aluno do Dante, Bandeirantes, Etapa, Mendel, Arquidiocesano ou de qualquer uma dessas “escolas-celebridades”.
Escolas que eu nunca poderia ter estudado, pois para pagá-las seria necessário que meus irmãos não estudassem ou que minha família vivesse de favor na casa de alguém. E não porque eu sou pobre, miserável. Eu não sou. Eu tenho uma vida ótima. Mas eu não tenho quase três mil reais para gastar por mês em um colégio. Tenho o dinheiro da mensalidade do Anglo, que com o meu desconto, não paga nenhum colégio de ensino médio minimamente respeitável.
E esse texto é pra você, aluno de um desses lugares (que depois foi fazer cursinho no Anglo), porque você que é o verdadeiro concorrente de medicina. Você que só está no seu primeiro ano de cursinho, que fez intercâmbio, viajou com a família pra Europa, que vai ganhar um carro do papai quando entrar na faculdade, que não estudou no seu terceiro ano porque estava preocupado com a sua viagem para Porto Seguro. Você que reclama dos professores do Anglo porque seus professores do colégio ficavam fazendo gracinha na aula e você acha que cursinho tem que ser engraçado.
Você que não faz nem as Tarefas Mínimas e que não comparece aos simulados de final de semana. Você que estuda 3 horas por dia e sai toda sexta feira com seu namorado. Você que cabula aula de química porque sabe tudo de equilíbrio químico e acha mais interessante sair com os amigos pra ir no bar porque, afinal de contas, você precisa descansar. Você que não assiste aula de redação porque sua escola te deu uma aula melhor do que a do Anglo. Você que não deixou de conversar com seus pais, seus avós, seus amigos…
Você que não sufocou sua vida com um monte de estudo louco. Você, caro colega, que nesse seu primeiro ano de cursinho estudou de maneira “light”, que não sacrificou sua saúde e que tirou muito mais do que eu no meu primeiro ano de Fuvest.
Você que tirou 69 e está revoltado porque os alunos de escola pública, como eu, se tirassem 69 teriam uma esmola de cota que os colocariam a sua frente. Alunos de escola pública que estudaram tanto quanto eu.
Alunos que, como eu, ficaram quase o segundo ano inteiro sem ter aula de física, mais de 4 meses sem ter aula de espanhol. Alunos que, como meus colegas que inauguraram a ETEC Parque da Juventude, receberam do grandiosíssimo governador do Estado de São Paulo uma escola sem ventiladores ou sem instrumentos de laboratório, que serviu como propaganda política por diversos anos, sendo que todos os equipamentos necessários para o bom funcionamento da escola foram conseguidos com o trabalho duro da Associação de Pais e Mestres, sem o auxílio desse mesmo “governo” que nos dá um bônus nos vestibulares e que permite que nossos professores, tão esforçados e trabalhadores, ganhem a fortuna de 10 reais a aula/hora.
Você, respeitoso colega, provavelmente teve aulas de ótica, de ondulatória, de eletromagnetismo, de embriologia, de botânica, de filosofia, de história do brasil pós República Velha, de geografia física da Europa, dos Estados Unidos e da China e tantas outras aulas essenciais para qualquer um que quer prestar vestibular. Eu não tive. Meus colegas não tiveram. Os seus livros são comprados das melhores editoras, nos melhores lugares. Os meus são fornecidos pelo governo, e não posso negar que muitos são excelentes, mas não posso deixar de dizer que muitos são péssimos.
E você, amável colega, fluente em inglês, civilizado, viajado, carregando seu Iphone no bolso por ai, você é o primeiro a cuspir que é contra as cotas de escolaridade pública. Você é o primeiro a dizer que é um “absurdo o cara sair na frente só porque ele estudou em uma escola pública”, você que tem a cara de pau de dizer que “as pessoas estudam nessas escolas só para ganhar cota” e que “essas pessoas roubam nossas vagas, destroem os nossos sonhos”. Você, meu amigo, deve começar a pensar melhor no que diz.
E eu estou falando tudo isso de uma ETEC, que as pessoas tem que realizar prova pra entrar. Eu estou digitando isso do meu computador, na minha casa, confortável na minha cadeira. Eu sou privilegiada. Não como você, mas sim, sou privilegiada. Sou privilegiada porque meus professores eram interessados, bem formados. Tive uma professora de biologia no primeiro ano que deixou de trabalhar na área de pesquisa para dar aulas e que dá aula no Bandeirantes, professora que me ensinou citologia como ninguém. Tive professores de física e matemática que não desistiram de tentar dar aula, mesmo quando a classe se mostrava visivelmente desinteressada.
Tive o privilégio de ter redações corrigidas por uma professora que já corrigiu redações no Anglo. Tive aulas de Projeto Técnico Científico, que me ensinaram o que era uma pesquisa científica e que me será indiscutivelmente importantíssimo na minha vida acadêmica. E essa mesma professora, que me ensinou tudo isso tão bem, conseguiu me fazer entender a luta pela terra, a cartografia e os horizontes do solo de maneira fantástica. Todos esses professores ganham 10 reais por aula. Dez reais é quanto você gasta na cantina do Anglo com seu chá e seu croassaint.
Essa minha escola pública me levou até a Unicamp de Portas Abertas e lutava pra tentar nos ensinar o máximo que podia. Esse minha escola aprovou inúmeros colegas meus na Unesp, na Usp e na Unicamp. E mesmo assim, querido amigo, colegas que tiveram que ralar muito mais do que você pra tirar uma nota menor do que a que você tirou na sua primeira Fuvest, no seu terceiro ano de colegial.
Agora, pense nas outras escolas. É, aquelas, abandonadas por ai. Aquelas na periferia. Aquelas onde não só os ventiladores faltam, mas os livros, as carteiras e os banheiros também. Aquelas nas quais os alunos não tem pai, não tem mãe. Não tem o que comer na janta. Não tem roupas para usar pra ir à escola. Aquelas que os professores ganham menos de 10 reais por aula. Aquelas em que muitos alunos não sabem o que é uma Fuvest.
Pense nos adolescentes da nossa idade, que foram ao posto de saúde e conheceram um médico legal e sonham em ser médicos. Essas pessoas têm menos oportunidades que eu e muito menos que você. Essas pessoas não roubam suas vagas. Essas pessoas muitas vezes não conseguem tirar a nota considerada mínima pela Fuvest. Essas pessoas não tem condições de estudar no Anglo Tamandaré. Pela cabeça dessas pessoas nem passa a idéia de ir estudar no exterior porque “Faculdade no Brasil tá difícil”.
Eles, eu, nós, os cotistas em geral, estamos começando a corrida muito depois de você. Estamos inacreditavelmente atrasados. Não estamos pegando um “boost” na sua frente. Não estamos na sua frente. Talvez nunca estejamos. Você consegue entender isso? Estamos atrás, quilómetros atrás, descalços, na chuva, sem protetor solar, enquanto você corre em uma bicicleta de marcha, com seu boné importado.­
Então, da próxima vez que você decidir cacarejar sobre a injustiça das cotas, lembre-se disso e cacareje sobre a injustiça que sai de seus lábios.