terça-feira, 16 de julho de 2013

GM usa gás de pimenta para expulsar manifestantes em Itu

BLOG O MURAL:  Grupo ocupava saguão da Prefeitura para reivindicar cópia do contrato de transporte público com concessionária.
 Jornal Cruzeiro do Sul12h.

Leandro Nogueira
leandro.nogueira@jcruzeiro.com.br

A Guarda Civil Municipal (GCM) usou a força física e spray de pimenta para arrancar do chão e levar para fora cerca de 25 manifestantes que estavam sentados, ocupando uma parte do saguão da Prefeitura em Itu, por volta das 17h15 de ontem. São integrantes do movimento #Vem Pra Rua Itu que cobram transparência em relação ao transporte público. Eles demonstravam decisão em permanecer até que tivessem acesso ao contrato entre o município e a empresa concessionária do transporte coletivo urbano, entre outras reivindicações. Disseram que voltarão a ocupar o saguão da Prefeitura novamente a partir da manhã de hoje.

Às 19h, do lado de fora da Prefeitura, anunciaram que dormiriam ali. Alguns falavam em procurar a Delegacia para fazer boletim de ocorrência e exame de corpo delito por causa de arranhões e hematomas, principalmente nos braços. As mulheres reclamavam que foram tiradas por guardas masculinos e homens sem uniforme ou identificação, ao invés de guardas femininas. Alguns guardas espirraram spray de pimenta diretamente no rostos de vários jovens. A Prefeitura alega que não há previsão na legislação que proíba que o guarda masculino retire mulher, e ainda que havia GCMs femininas no prédio. "A orientação que se tem é que numa busca pessoal, é que ela seja feita por uma mulher. Pode se inclusive o homem fazer a busca acompanhado por uma guarda feminina", informou. 

Sobre os homens sem identificação, divulgou serem guardas à paisana que estavam no prédio quando perceberam a necessidade de apoiar os fardados. Uma menina com 16 anos de idade disse à reportagem que passou mal ao ser retirada porque foi submetida a uma cirurgia no abdome recentemente e estava com a recomendação médica de ficar em repouso. Queixou-se de dores, mas optou em continuar por lá. 

A desocupação foi determinada pela Secretaria Municipal de Segurança, Trânsito e Transporte, segundo informa a Prefeitura. Divulga que a GCM, com integrantes fardados e a paisana, usou progressivamente a força, partindo da negociação pela qual, na versão da Prefeitura, os manifestantes teriam combinado em sair pacificamente do prédio às 17h15. Para a reportagem, os manifestantes disseram que apenas sairiam quando tivessem as reivindicações cumpridas. Veículos das equipes de jornalismo que estavam com os motoristas ao volante foram multados por agentes de trânsito, com a alegação que não poderiam ter parado no local onde a placa proíbe o estacionamento.
 
A chegada 
O grupo de protestantes foi para a Prefeitura ainda na parte da manhã, por volta das 10h, ao tomarem conhecimento de um suposto encontro entre o vereador líder do governo na Câmara, Marcos Aurélio Hortêncio Bastos, o dr. Bastos (PDD) e prefeito Antonio Luiz Carvalho Gomes, o Tuíze (PSD), para tratar sobre a questão do transporte. Os manifestantes afirmam que o vereador não compareceu, mas parte deles foi recebida pelo prefeito e secretários. Na versão do grupo o prefeito falou mais de suas ações e propostas para gerar empregos, conquistar universidades e outras metas, ao invés de tratar claramente do transporte público. No entanto, Tuíze teria descartado a possibilidade de reduzir a tarifa. 

Já a Prefeitura divulga que o principal ponto abordado na reunião foi a tarifa e o prefeito explicou que uma possível redução está atrelada às novas desonerações prometidas pelo Governo Federal. "O prefeito reafirmou aos manifestantes que está cobrando da empresa concessionária do transporte público de Itu todas as obrigações determinadas contratualmente, entre elas a renovação e manutenção da frota", informou a assessoria de imprensa da Prefeitura. 

Os manifestantes reclamam que protocolaram no último dia 4 um requerimento solicitando a cópia do contrato, o que deve ser atendido, de acordo com a lei Transparência (Lei Federal 12.527/2011). Segundo a Prefeitura esse procedimento está em tramite, obedecendo os prazos, geralmente de 15 dias, seguindo o tratamento de igualdade dado a todos. Os manifestantes reclamaram também que a população de novos bairros estão desassistidos por linhas de ônibus, enquanto a Prefeitura informa que quando há reivindicação ela é estudada e se possível implantada.

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