sábado, 12 de junho de 2010

"Não comecei ontem e não cai de para-quedas.”

BLOG DO U:A frase de Serra, pronunciada hoje no seu discurso de investidura como candidato oficial do PSDB, é uma verdade que deve e será sublinhada ao longo desta campanha.

Ela deve ser posta em correlato com outra parte do seu discurso que guarda estreita relação com a trajetória do candidato tucano. Serra disse que o Brasil precisa se afastar de “três recordes internacionais”: uma das menores taxas de investimento público do mundo, a maior taxa de juros do mundo e a maior carga tributária de todo o mundo em desenvolvimento.

Pois bem, são esse três recordes o que ele, junto com FHC, legaram ao Brasil.

Em oito anos de governo FHC-Serra a taxa de investimento recuou 4% do PIB (foi de quase 21% no final do governo Itamar e depois só decresceu, atingindo 16,4% do PIB em 2002. O país foi deixado em tal situação que levou anos para recuperar uma taxa de investimento consistente, mesmo se ainda insuficiente para sustentar um crescimento superior a 6% do PIB sem pressões inflacionárias. Os dados são do IBGE.
1994
20.7
1995
18.3
1996
16.9
1997
17.4
1998
17.0
1999
15.7
2000
16.8
2001
17.0
2002
16.4
Em relação a taxa de juros é ainda pior. Basta acompanhar a curva do quadro, para perceber que a Selic, ainda alta, esta em patamares bem mais razoáveis hoje, que quando FHC-Serra governavam o Brasil. O quadro é anterior a 2010 e não inclui a evolução da taxa até hoje, mas pouco muda em relação ao objeto deste texto.
Já em relação a carga tributária, ela tem ainda aumentado durante o governo Lula, é verdade, e hoje esta em 38% do PIB. Mas sua explosão aconteceu precisamente durante o governo FHC-Serra. Ela aumentou 7 pontos durante os governos tucanos e pouco mais de 2 pontos no governo Lula.
A pergunta é simples. Porque o homem que reivindica tão orgulhosamente seu passado de governante faria diferente hoje, se nem sequer reconhece sua própria responsabilidade nos males que se ufana em poder remediar?

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