quarta-feira, 19 de março de 2014

Dr. Alckmin, não fuja das suas responsabilidades: Por Fernando Brito.


joaosembraco
BLOG O MURAL: Senhor Governador Geraldo Alckmin,
O senhor manda divulgar nos jornais que tem tudo pronto para resolver o problema da falta de água em São Paulo retirando água do Rio Paraíba do Sul, que abastece 15 milhões de cariocas, fluminenses e também …paulistas, de São José dos Campos para cá, seguindo a Dutra, e que só depende da Presidenta Dilma autorizar.
Curioso, não é?
Até 15 dias atrás, estava tudo sob controle, os problemas eram “pontuais” e não havia problemas no abastecimento de água.
Agora, corre para conseguir autorização para retirar a água que vem para o Rio de Janeiro.
Não sei se o senhor está informado, mas não chove uma única bendita gota de água no Rio de Janeiro desde o Carnaval.
E aí em São Paulo chove quase todo dia, chuvas, algumas, como a de ontem, de arrastar automóveis.
Será que não tem nada de tecnicamente errado com o sistema de captação de uma cidade que está alagada nas ruas e seca nas torneiras?
É verdade que no Cantareira não chove tanto, embora chova muito mais do que aqui. Porque aqui não chove nada.
Ainda assim, não temos problema em dividir a água do Paraíba do Sul, desde que seja numa quantidade e forma em que não se descubra um santo para vestir outro.
Mas até agora seu foco era para o outro lado no mapa, no Vale do Ribeira, onde o senhor não deu conta senão agora de começar uma obra prevista há anos. Ou de acelerar o sistema São Lourenço, que também traz os mesmos 5 m³/segundo para uma área abastecida hoje pelo Baixo Cotia e pelo Cantareira, na região oeste da grande São Paulo.
Agora, o senhor muda de rumo e quer colocar a “culpa” da crise numa negativa ou demora) do Governo Federal em autorizar a retirada das águas do Paraíba do Sul ou naquele arcaico “Rio contra São Paulo” que não engana mais ninguém? Logo o senho, que resistiu por mais de duas semanas em reduzir em míseros 10% o volume de extração de água do Cantareira, mesmo depois de um relatório da Agência Nacional de Águas determinar isso, já que os pedidos verbais eram ignorados?
Mistificação, Governador, porque uma obra assim exige, além de muitas e demoradas obras, também, antes de começar, muito estudo hídrico e ambiental. E a seca está batendo nas torneiras.
Porque não obras para interligar os sistemas de abastecimento de água da cidade, onde o senhor diz que está até sobrando água: Alto Cotia, Billings, Guarapiranga…Tem ali as margens do Rodoanel para fazer a adução de água sem custo de desapropriações até o Jardim Jaraguá, já bem perto, uns 15 km, do reservatório de Paiva Castro, no Juqueri.
Tomara que o senhor não esteja procurando, de novo, fugir das suas responsabilidades.
Se tivesse tido a coragem de cortar um pouco o volume de retirada do Cantareira, de fazer um pequeno racionamento – que ia incomodar, é claro, mas não ia infernizar a vida de ninguém – meses atrás, quando todo mundo já sabia que o cantareira estava em crise, nada disso estaria dramático assim.
Mas o senhor fica dizendo que está tudo bem, que está tudo sob controle e vem, agora, na hora do desastre, querer que o Governo Federal deixe o Rio de Janeiro sem água, assim, a toque de caixa? E sabendo que uma obra destas, para ser feita direito, demora anos?
O senhor teve a mesma solidariedade quando o governo federal mudou as regras do sistema elétrico e a Cesp – bem como a Cemig e a Copel, também controlada por tucanos – se escafedeu dos leilões de energia, obrigando as distribuidoras a comprar mais caro, no varejo, a energia para as famílias, a indústria e o comércio?
Nem por isso o Governo Federal – e nós próprios, do Rio de Janeiro – vamos deixar de ser solidários a São Paulo. Até porque, pra nós, vale a boae velha regra de que não se nega água a ninguém.
Mas o senhor tem de parar de agir como um ator de quinta categoria e de dar uma de “esperto”.
Tem de assumir suas responsabilidades, falar a verdade ao povo de São Paulo e cuidar do que é, antes de tudo, sua responsabilidade.
PS. Essa história da Folha de “água federal” é uma piada. As nascentes que abastecem o Cantareira são em Minas. Federais, portanto, também. Ô provincianismo!

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