domingo, 29 de junho de 2014

Alckmin prometeu reduzir preços pedágios...E deu novo aumento

BLOG O MURAL: Em meio a uma CPI na Assembleia Legislativa de SP para investigar o preço dos pedágios e a ações na Justiça, o governo do estado de São Paulo  Geraldo Alckmin (PSDB)  de São Paulo decidiu  fazer um reajuste, apesar de ter prometido durante a campanha eleitoral a redução dos preços cobrados nas rodovias paulistas  As tarifas cobradas nos pedágios das rodovias de São Paulo vão ficar  de 5,29%  até 8,57% mais caras a partir da próxima terça-feira (1º). O reajuste foi anunciado pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) nesta sexta-feira (27). Com o reajuste, a tarifa no Sistema Anchieta-Imigrantes, por exemplo,  que hoje custa R$ 21,20, passará a R$ 22,00 no dia 1º de julho

A do Rodoanel, que até ano passado era a mais baixa, subiu de R$ 1,50 para R$ 1,60 - aumento de 5%.

A que sofreu o maior reajuste foi a praça de Rancharia, na Rodovia Raposo Tavares: passou de R$ 3,50 para R$ 3,80.

O reajuste ocorre no momento em que uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), instalada na Assembleia Legislativa de São Paulo, investiga eventuais irregularidades nas tarifas cobradas pelas concessionárias nas rodovias paulistas.

Após a instalação da CPI, o governador tucano  decidiu entrar, a partir de maio, com ações na Justiça para reaver R$ 2 bilhões que, segundo a administração, foram pagos indevidamente a 12 concessionárias –SPVias, ViaOeste, Ecovias, Tebe, Triângulo do Sul, ViaNorte, Autovias, Renovias, Intervias, CentroVias, AutoBan e Colinas. A operação fez com que a taxa de retorno das concessionárias subisse de 18% para 25%, gerando ganho indevido de R$ 2 bilhões

Em 2010, 2011  e 2013, Geraldo Alckmin prometeu rever valores de pedágios

A questão dos valores cobrados foi colocada por Geraldo Alckmin ainda quando candidato a governador na campanha de 2010. Na época, o tucano disse, em entrevista às rádios Bandeirantes e Band News, que algumas praças deveriam ter contratos revistos em breve, implicando na redução de tarifas.

Alckmin afirmou  também em diversas entrevistas que  começaria imediatamente a analisar os contratos das concessionárias das rodovias e que o resultado com uma posterior revisão nos valores sairia ainda no primeiro ano de seu mandato, ou seja, em 2011.

No ano passado, em nova entrevista, o governador tucano confirmou a redução no preços do pedágios
No entanto,  um ano depois, não  houve redução. Muito pelo contrário, revisou os preços  para cima.

sábado, 28 de junho de 2014

Vendedores em rodovias são alternativa de mercado a agricultores de Sorocaba

BLOG O MURAL: Tipo de venda acaba empregando várias pessoas na informalidade; reportagem de Marcelo Roma
marcelo.roma@jcruzeiro.com.br


 

Os vendedores de frutas e legumes instalados em caminhões, kombis e outros utilitários, em rodovias e nos bairros, são alternativa para o agricultor de Sorocaba e municípios da região escoarem seus produtos por um preço satisfatório. A época de safra oferta vegetais de melhor qualidade, vários deles difíceis de encontrar em supermercados, como milho verde e tipos diferentes de abóboras. Muitos dos vendedores são ambulantes, mas há os que trabalham em pontos fixos, como Hélio Antunes. 

O caminhão, um modelo Dodge antigo, não anda mais e serve como referência. O "caminhão da fruta" fica na rodovia Emerenciano Prestes de Barros (SP-97), em frente à escola do bairro Caguaçu, na saída de Sorocaba para Porto Feliz. E são os agricultores do Caguaçu os principais fornecedores de Hélio. Laranja, mexerica, limão, repolho, couve-flor e abobrinha vêm diretamente de propriedades do bairro, a apenas alguns quilômetros do ponto de venda. 

De acordo com Antunes, cerca de 30 agricultores de Sorocaba, principalmente do Caguaçu, fornecem os produtos, que entregam diretamente no ponto na rodovia e são colocados à venda logo depois. "Às vezes, acabam de chegar e já há pessoas esperando", diz o vendedor. Outros produtos, não cultivados em Sorocaba, têm que vir de outros municípios. "O milho verde e a melancia vêm de Capela do Alto. A uva e a goiaba, de Porto Feliz." O produto que vem de mais longe é o abacaxi, produzido em Minas Gerais. 

O vendedor também planta, em Capela do Alto, onde mora. Lá, ele cultiva mandioca e milho, que também vende no caminhão. Porém, é apenas uma parte. Ele conta que está há oito anos no mesmo ponto da rodovia e geralmente quem compra os vegetais costuma dividir com parentes e amigos. Há sacos de laranja de 12 quilos, vendidos a R$ 10, e de 25 quilos de batata, que custam R$ 20. Em quantidade maior, o preço compensa. "Há também gente que depois divide com colegas, no trabalho." 

Antunes procura comprar diretamente dos produtores, pois sem intermediários, pode pagar um pouco mais do que se vendessem para um atacadista ou rede de supermercados, e também ele obtém um retorno melhor. Além disso, recebe produtos mais frescos e de boa qualidade. Ele emprega 15 pessoas no negócio e evita comprar de atacadistas ou entrepostos. Três funcionários trabalham no ponto de venda e outros 10 em Capela do Alto, na preparação dos produtos. O milho verde, por exemplo, é vendido em sacos ou em bandejinhas, com as espigas já descascadas. Tomate, quiabo, maracujá também têm a opção de serem levados embalados, nas bandejinhas. 

Na carroceria do caminhão, Antunes mantém balança e uma máquina de embalar, para os produtos que são entregues diretamente. "O que a gente pode, faz aqui mesmo", diz ele. O vendedor tem a noção de que na rodovia não prejudica o negócio de nenhum comerciante. Na área urbana, poderia haver reclamação de donos de mercados e quitandas, avalia. 

As caixas de madeira servem de suporte para os produtos, colocados ao lado do caminhão, e formam fileiras. Uma lona protege do sol, mas quando chove uma outra tem que ser estendida. Há produtos mais perecíveis, como o milho verde, que dura até três dias. Se sobra, fica indisponível para o consumo humano e Antunes vende, por preço mais baixo, para alimentação animal. "Tem um homem que compra para dar aos carneiros". Este ano, a venda de milho verde não foi como esperava. As pessoas fazem pamonha, curau e sopa. Segundo ele, a Copa do Mundo atrapalhou, inclusive as festas juninas. "Todo mundo está com a cabeça na Copa." 

Lincoln Almeida usa um pequeno caminhão como ponto de venda móvel em Sorocaba. Laranja, mexerica, tomate, batata doce, entre outros produtos, são colocados na calçada. Ontem à tarde, ele permanecia na rua Comendador Genésio Rodrigues, uma travessa no final da avenida Ipanema. Mas percorre outras regiões da cidade. Ele se abastece no entreposto da Ceagesp, em Sorocaba, e também diretamente de produtores rurais na região. 

A laranja, Lincoln costuma pegar em Capela do Alto. Como tem um custo menor para comercialização e vai a vários bairros, pode vender por preços mais baixos e mantém uma clientela garantida. Para facilitar, aceita cartões de débito e de crédito. 

O agricultor e presidente da Cooperativa Mista do Bairro Caguaçu (Coopguaçu), Pedro Paifer, destaca o potencial agrícola de Sorocaba e observa que esses vendedores, ambulantes ou não, representam uma opção para o produtor rural negociar seus produtos. Ele diz que o preço pago é melhor, mas não é suficiente para escoar todo o volume. Para Paifer, a venda sem intermediários beneficia o agricultor, que consegue preços justos, e também o consumidor, que pode escolher vegetais de melhor qualidade e mais baratos. 

Paifer conta que há ideia antiga de uma feira do produtor em Sorocaba, na área urbana, para venda no atacado e no varejo. Havia projeto da Prefeitura, para essa feira ser realizada no Mercado Distrital, na Vila Fiori, junto com um Centro de Apoio ao Produtor Rural. Porém, a proposta foi questionada por mercadores já instalados, no ano passado, e se abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal, encerrada em abril. Apesar de serem discutidos outros lugares para a feira, não se chegou a uma definição.

Torcedores acompanham empate do Brasil na Praça da Matriz

BLOG O MURAL:

Torcedores acompanham empate do Brasil na Praça da Matriz

Arena-Coca reuniu 2 mil pessoas na terça-feira, 17; jogos da seleção de Honduras também são transmitidos na praça
Arena Coca-Cola transmitirá todos os jogos do Brasil e de Honduras na Copa do Mundo (Foto: Divulgação/Prefeitura de Porto Feliz)
Arena Coca-Cola transmitirá todos os jogos do Brasil e de Honduras na Copa do Mundo (Foto: Divulgação/Prefeitura de Porto Feliz)
PORTO FELIZ – Na terça-feira, 17, aproximadamente dois mil torcedores compareceram à Praça da Matriz para assistir na Arena Coca-Cola o empate entre Brasil e México, sem gols. Em seguida, a bateria da Barra realizou uma apresentação que alegrou o público presente.
A próxima partida transmitida na Arena acontece na segunda-feira, 23, quando o Brasil encerra sua participação na primeira fase contra a seleção de Camarões. A Arena Coca-Cola é uma parceria da empresa com a Prefeitura de Porto Feliz, por meio da Diretoria de Cultura, Esportes e Turismo.
Seleção de Honduras
A Arena Coca-Cola também está transmitindo os jogos de Honduras. Para o jogo de estreia do time no Mundial de futebol, realizado no domingo, 15, um público de aproximadamente 200 pessoas foi até a Praça da Matriz para ver os catrachos. A partida terminou com a vitória da França por 3 a 0, mas os torcedores fizeram muita festa com os lances da seleção hondurenha. Após o jogo, a atração foi a Orquestra Arte Pela Vida.
A próxima partida de Honduras aconteceu na sexta-feira, 20, às 19h, quando o país enfrentou o Equador, em Curitiba, e perdeu de 2 a 1. Para encerrar a primeira fase, na quarta-feira, 25, o time joga contra a Suíça, em Manaus, às 17h.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Kotscho: sucesso da Copa é a força do povo brasileiro


terror
BLOG O MURAL:  Ontem à noite ri muito vendo a matéria de abertura do noticiário do Sportv.
O repórter confessa que “está difícil arrancar uma única reclamação dos estrangeiros” sobre a organização da Copa do Mundo.
Vale a pena assistir.
É impressionante a desfaçatez com que a mídia brasileira trata seu próprio comportamento criminoso para com nosso país neste processo.
Por isso, para não ser impaciente, como sou, reproduzo o artigo de alguém que – todo jornalista que o conhece sabe disso – jamais deixa de se comportar com delicadeza e cavaleirismo.
Ricardo Kotscho, em seu Balaio, perde gentilmente a paciência e produz um artigo que, além de correto sob todos os pontos de vista, ainda produz, no título, a síntese perfeita do que está acontecendo.
O Kotscho, quando perde a paciência, é ainda melhor do que “a frio”.
Ricardo Kotscho
Faz duas semanas, deixei um país em guerra, afundado nas mais apocalípticas previsões, e desembarquei agora noutro, na volta, bem diferente, sem ter saído do Brasil. Durante meses, fomos submetidos a um massacre midiático sem precedentes, anunciando o caos na Copa do Fim do Mundo.
Fomos retratados como um povo de vagabundos, incompetentes, imprestáveis, corruptos, incapazes de organizar um evento deste porte. Sim, eu sei, não devemos confundir governo com Nação. Eles também sabem, mas, no afã de desgastar o governo da presidente Dilma Rousseff, acabaram esculhambando a nossa imagem no mundo todo, confundindo Jesus com Genésio, jogando sempre no popular quanto pior, melhor.
Estádios e aeroportos não ficariam prontos ou desabariam, o acesso aos jogos seria inviável, ninguém se sentiria seguro nas cidades-sede ocupadas por vândalos e marginais. Apenas três dias após o início da Copa, o New York Times, aquele jornalão americano que não pode ser chamado de petista chapa-branca, tirou um sarro da nossa mídia ao reproduzir as previsões negativas que ela fazia nas manchetes até a véspera. Certamente, muitos torcedores-turistas que para cá viriam ficaram com medo e desistiram. Quem vai pagar por este prejuízo provocado pelo terrorismo midiático?
Agora, que tudo é festa, e o mundo celebra a mais bela Copa do Mundo das últimos décadas, com tudo funcionando e nenhuma desgraça até o momento em que escrevo, só querem faturar com o sucesso alheio e nos ameaçam com o tal do “legado”. Depois de jogar contra o tempo todo, querem dizer que, após a última partida, nada restará de bom para os brasileiros aproveitarem o investimento feito. Como assim? Vai ser tudo implodido?
A canalhice não tem limites, como se fossemos todos idiotas sem memória e já tenhamos esquecido tudo o que eles falaram e escreveram desde que o Brasil foi escolhido, em 2007, para sediar o Mundial da Fifa. Pois aconteceu tudo ao contrário do que previam e ninguém veio a público até agora para pedir desculpas.
Como vivem em outro mundo, distantes da vida real do dia a dia do brasileiro, jornalistas donos da verdade e do saber não contaram com a incrível capacidade deste povo de superar dificuldades, dar a volta por cima, na raça e no improviso, para cumprir a palavra empenhada.
Para alcançar seus mal disfarçados objetivos políticos e eleitorais, após três derrotas seguidas, os antigos “formadores de opinião” abrigados no Instituto Millenium resolveram partir para o vale tudo, e quebraram a cara.
Qualquer que seja o resultado final dentro do campo, esta gente sombria e triste já perdeu, e a força do povo brasileiro ganhou mais uma vez. Este é maior legado da Copa, a grande confraternização mundial que tomou conta das ruas, resgatando a nossa autoestima, a alegria e a cordialidade, em lugar das “manifestações pacíficas” esperadas pelos black blocs da mídia para alimentar o baixo astral e melar a festa. Pois tem muito gringo por aí que já não quer mais nem voltar para seu país. Poderiam trocar com os nativos que não gostam daqui.
Que tal?
Em tempo: a 18 dias do início da Copa, escrevi um texto de ficção para a revista Brasileiros que está nas bancas, com o título “Deu zebra: ganhamos e o Brasil fez bonito”. Repito: trata-se de um exercício de ficção sobre um possível epílogo do Mundial.
Para acessar:
htpp://www.revistabrasileiros.com.br/?p=95905

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A Copa é um fracasso, por Francisco Costa


pesquisaveja

BLOG O MURAL: Nada é mais demolidor do que um sorriso.
Não conheço o autor, sei apenas que se chama Francisco Costa e é professor e artista.
Chegou-me pelo Facebook e compartilho com vocês, pela qualidade do texto e pelo bom-humor.
E pela cara-de-pau de certos (ou incertos) jornalistas e jornalecos que coram diante das mentiras que propagaram por meses e meses.

A direita estava certa, sou obrigado a concordar

Hoje está fazendo uma semana que a Copa do Mundo se iniciou. 
Conforme prognosticaram os jornalistas, embasados em vasta experiência jornalística, honestidade de propósitos, compromisso com a verdade e isenção política, infelizmente está tudo acontecendo como o esperado.
Parabéns às tevês Globo e Band, à revista Veja, aos jornais Folha de São Paulo e O Globo, pela perfeita percepção da realidade, o que só os que fazem jornalismo sério, não corrompido por interesses políticos e pecuniários, podem ter.
Como era esperado, o vexame é total, o que enxovalha o Brasil aos olhos do mundo e mostra toda a incompetência política e administrativa desse governo, nos expondo assim a humilhante situação, da qual demoraremos muitos anos para nos livrarmos.
Para fazer as afirmações que se seguem, pautei-me pelo que tenho lido na imprensa internacional, a partir de jornalistas estrangeiros e turistas do mundo todo, e postado pelos bravos militantes da direita, intelectualizados e precisos nas suas análises e críticas.
Os estádios todos inacabados, de arquitetura no mínimo duvidosa, feios, mal iluminados… Acertaram os que disseram que só ficariam prontos na próxima década.
As chamadas obras de infrestrutura, no entorno dos estádios, foram uma balela. Os engarrafamentos, nos momentos que antecedem os jogos, são quilométricos, com os torcedores chegando atrasados, inclusive com muitos deles desistindo de entrar nos estádios.
Os aeroportos superlotados, com voos atrasados e cancelados, filas imensas nos guichês, bagagens extraviadas… Com todos os aeroportos por terminar, cheios de materiais de obras espalhados, numa imundície só.
Um outro fiasco que não poderia passar em branco é o das comunicações, com os correspondentes sem poder fazer contatos com suas bases, os links interrompidos ou com interferências, nos isolando nos momentos de pico, que antecedem e durante os jogos.
E o apagão, a suprema humilhação? Como é que em pleno século XXI um país inteiro pode ficar sem energia elétrica por horas, em silêncio, no escuro, envergonhado?
O apontado infelizmente aconteceu: um surto de dengue em pleno inverno, com os hospitais lotados, sem ambulâncias para transportar doentes, medicamentos em quantidade insuficiente, com muitos turistas debandando, voltando para os seus países, com medo.
Mas… O que mais temíamos e tínhamos certeza que aconteceria e ficaria fora de controle… A violência generalizou-se de tal maneira que nem mesmo as Forças Armadas estão tendo força suficiente para, se não debelar, pelo menos minorizar: brigas generalizadas entre torcidas, resultado de um serviço de segurança ineficiente, pequeno no número de homens, e despreparados.
As delegacias policiais já não dão conta de tantos registros de ocorrências de roubos, assaltos e sequestros, com balas perdidas em grandes aglomerações de turistas, os arrastões, promovidos por facções criminosas, com gente descida dos morros e vindas dos subúrbios.
Perdeu-se a conta de ônibus queimados, vitrines quebradas, lojas comerciais saqueadas…
Claro que uma situação dessa, e que só surpreendeu aos mal informados, não leitores de nossos jornais e revistas e telespectadores, só poderia gerar protestos, indignação, e então o que se viu foi o coro, em São Paulo, usando palavras de baixo calão, dirigidas à presidente da república.
Não passou pela cabeça de ninguém que deixar o povo ter acesso aos estádios seria uma temeridade? Como esperar civilidade, educação, postura, respeito e até caráter de pessoas de pouco estudo, baixos salários, residindo em áreas longínquas? Como esperar dessa gente qualquer coisa como simpatia, hospitalidade, cortesia? São ogros.
Só devedria ter acesso aos camarotes vips dos estádios os grandes empresários, os políticos de direita, os artistas e apresentadores da televisão, gente polida, educada, respeitadora, como não mostram no vídeo, em pleno exercício de monetário cinismo.
O país está um caos, e não foi por falta de aviso: a mídia avisou que seria assim, a oposição ao governo provou que seria assim, uma multidão de internautas inteligentes e bem informados mostraram todas as evidências de que seria assim, mas o governo não quis ouvir e pôs avante esse sonho megalômano de realizar uma Copa do Mundo aqui.
O Brasil nunca mais será o mesmo aos olhos do mundo, que agora entendeu que, aqui, a mídia e os partidos de direita (Dem, PSOL, PSDB…) são mais criminosos que o Comando Vermelho e o PCC.

Militantes do PSDB recebem R$ 25 para participar da convenção tucana

BLOG O MURAL: 'Reencontro com consigo mesmo' ,prometido por Aécio Neves, falha na convenção tucana e pobre da periferia de São Paulo tiram fotos com boneco de papelão.Ônibus vieram do interior, da Grande São Paulo e de Minas; jovens disseram ter ganho R$ 25 para participar do evento.

Os organizadores da convenção do PSDB que escolheu   o candidato Aécio Neves (PSDB- MG)  dizem que algumas milhares de pessoas estiveram no  evento realizado neste sábado, no Expo Center Norte, em São Paulo.  Porém, a maioria  afirmaram  à reportagem do jornal O Estado de São Paulo  terem recebido dinheiro para comparecer ao ato. Cada um levou R$ 25 para casa

A maioria da plateia foi arrumada por líderes políticos regionais e veio de ônibus fretados. Um grupo de Minas chegou ao ato agitando um boneco gigante do ex-presidente Tancredo Neves, avô de Aécio.
 Segundo informações do Estadão, moradoras na Grande São Paulo, disseram que ainda não têm título de eleitor e que cada uma recebeu R$ 25 pela presença. 

De acordo com a reportagem, três amigos de Belo Horizonte, do bairro de Barreiro, na periferia da capital e principal colégio eleitoral da cidade, são amigos do filho de uma militante. Indagados se receberam dinheiro, responderam, que sim e disse que ganharam “lanche” também.

Na plateia da convenção tucana estavam os dois últimos candidatos do PSDB à Presidência, Serra (2002 e 2010) e Alckmin (2006), cujas campanhas procuraram esconder FHC.

No discurso, Aécio Neves diz que promoverá 'reencontro do Brasil consigo mesmo'. Enquanto Paulinho da Força, discursava: "Chegou numa situação que o povo não vaia mais, esculhamba! ...

PSDB se firma como partido da elite: Abraços e fotos, só com boneco de papelão de Aécio

O que mais chamou atenção na convenção tucana não foram os ataques raivosos dirigido a presidenta Dilma e PT. Foi o fato de, no final  do evento, Aécio Neves,  ter se afastado da "militância". Aécio,  Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Paulinho (da Força Sindical) e Geraldo Alckmin, foram para uma sala bater papo, enquanto o pessoal pobre, pago a R$ 25, que saíram  da periferia de São Paulo para participar do evento, tiravam fotos com alguns dos vários  bonecos  de papelão de Aécio Neves espalhados em um grande salão

Aécio não passa de um "sinhôzinho" das Gerais. Ligado às mais arcaicas oligarquias, nunca foi às ruas, nunca se posicionou ao lado do povo

Ah, sim... Essa é Dilma, com o povo...Você já viu algum politico do PSDB sendo abraçado assim, pelo povo?
Essa é Dilma, tirando fotos com o povo

sábado, 14 de junho de 2014

Precisamos falar sobre a Globo


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BLOG O MURAL:  Está num artigo da Economist sobre a Globo. A revista diz que o governo trata a Globo com “docilidade”.
Tenho minhas restrições ao tom professoral da Economist ao falar do Brasil. Ora, se as fórmulas da revista fossem tão boas assim, o Império Britânico estaria mais vigoroso que nunca ainda hoje.
Notemos também que, a rigor, a Economist não tem sido capaz de resolver sequer os próprios problemas, quanto mais os da humanidade. Na Era Digital, a Economist é uma fração do que foi.
Feitas todas essas ressalvas, a revista acertou em cheio ao usar a palavra “docilidade”.
Por Paulo Nogueira do Diário do Centro do Mundo: Nenhuma democracia pode conviver com tamanha concentração em um grupo de mídia. Nas contas da Economist, as Organizações Globo falam com 91 milhões de brasileiros.
Sabemos bem – a rigor, a Globo sempre disse o que diz hoje – que tipo de informação é passada aos brasileiros.
Tudo que beneficia o povo é uma “tragédia” – como o Globo definiu em sua primeira página o 13.o salário outorgado por João Goulart pouco antes do golpe militar.
A Globo faz mal ao Brasil, numa palavra. Mais especificamente: à ideia um Brasil socialmente justo. O Brasil da Globo é este que conhecemos, repleto de desvalidos em favelas e com os Marinhos no topo das famílias mais ricas do país.
Dada sua força, a Globo é a Bastilha brasileira, o símbolo da iniquidade. Para que a França avançasse, a Bastilha teve que ser derrubada. Para que o Brasil avance, a Globo tem que ser enquadrada.
Enquanto a Globo for deste tamanho, o Brasil continuará, essencialmente, o mesmo.
Enquadrar a Globo esbarra exatamente na “docilidade” do governo. Das administrações petistas, sublinhemos.
Porque antes você teve duas situações. Na primeira, durante a ditadura, a Globo fazia vassalagem e era recompensada majestosamente com mamatas indecentes.
Depois, com o fim da ditadura, a Globo passou de vassala a senhora. De Collor a FHC, todos os presidentes se ajoelharam para Roberto Marinho e para a Globo.
Com isso, a Globo conseguiu o milagre de sobreviver, ainda mais forte, àquilo que a fez ser o que é: a ditadura.
Esperava-se que o PT mudasse isso. Mas não foi o que ocorreu – ainda que fosse uma ação vital não para o partido em si, mas para a sociedade.
O PT foi dócil desde o início, sabe-se lá por quê. Pragmatismo, prudência, numa visão mais positiva. Medo, numa visão mais severa.
A docilidade se manifestou logo. A Carta aos Brasileiros, com a qual Lula se comprometeu a seguir as diretrizes básicas de FHC, teve as digitais de João Roberto Marinho, da Globo.
Pouco depois, em outro momento icônico, Lula compareceu ao enterro de Roberto Marinho, e lhe fez um elogio fúnebre.
Uma pequena medida de como as coisas se complicaram nas relações PT-mídia é que Dilma não compareceu ao enterro de Roberto Civita.
Mas Dilma também contribuiu para a dose de docilidade ao não trazer para o debate a regulação da mídia. Seu governo ficou marcado pela tese indefensável de que o controle remoto serve para lidar com a mídia.
Houve também o “republicanismo” na distribuição de verbas de propaganda do governo federal. O “republicanismo” carregou 6 bilhões de reais para a Globo em dez anos, a despeito de audiências cada vez menores.
Há detalhes difíceis de engolir neste “republicanismo” todo. Dias atrás, o portal ig publicou um artigo segundo o qual a Caixa Econômica Federal vai investir apenas 1% em publicidade nos meios digitais em 2013. Nem 2% e nem 3%: 1%.
Isso quer dizer que 99% da verba da Caixa terminam em mídias que rotineiramente massacram o governo. “Republicanismo” ou, como muitas pessoas dizem, “Síndrome de Estocolmo”?
É dentro desse quadro que Lula tem falado na campanha de desinformação promovida pela mídia. Coisas boas do governo Dilma, ou dele próprio, são ignoradas. Coisas ruins –reais ou imaginárias – são sublinhadas.
Entre os que reconhecem na concentração da mídia um enorme obstáculo ao avanço social brasileiros as palavras de Lula causam uma certa irritação. Ora, por que ele não fez nada a esse respeito em seus dois mandatos? Essa é uma das questões que um dia Lula terá que enfrentar.
Para regular de verdade a mídia, você tem que mexer no problema central: a Globo.
É o que Christina Kirchner fez com o Clarín, numa luta épica em que ela foi diariamente atacada sem jamais ceder. É o que o governo conservador do México está fazendo também com a Televisa.
No Brasil, sem que o caso Globo seja enfrentado, falar em regulação será pouco mais que jogo de cena.
Apenas para registro, até os militares começaram a ficar inquietos, num determinado momento, com o tamanho da Globo, porque isso poderia representar um Estado dentro do Estado.
O Brasil precisa, mais que nunca, de um estadista que diga aos brasileiros, com clareza e espírito público: “Precisamos falar sobre a Globo”.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Do mesmo lado do guichê

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O governador Geraldo Alckmin "inaugurando" o volume morto do reservatório Cantareira, em maio.
BLOG O MURAL: Via CARTA CAPITAL. Não é só no Programa de Redução de Perdas que a Sabesp desperdiçou milhões de reais em contratos suspeitos, conforme CartaCapital tem relatado nos últimos meses, em detrimento dos interesses dos contribuintes paulistas. Outros acordos revelam a promiscuidade entre o público e o privado. Um deles tem relação com a Parceria Público-Privada para criação do Sistema Produtor São Lourenço. A PPP prevê o investimento de 2,2 bilhões de reais por um grupo privado, em troca de pouco mais de 6 bilhões de repasses da Sabesp ao longo de 25 anos. Prevista para ter início em 2011, a execução do projeto só começou em abril passado, com três anos de atraso. Vencedor da licitação, o consórcio SPSL, formado pelas empreiteiras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, tem a obrigação de construir uma represa no Rio Piraí, no município de Ibiúna, para enviar 4,7 mil litros de água por segundo para cidades da Grande São Paulo pela tubulação de 83 quilômetros de extensão. Se e quando pronta, a construção poderia reduzir os problemas de abastecimento causados pela estiagem no Cantareira. Na cerimônia de início do empreendimento, Dilma Pena, presidente da Sabesp, não poupou palavras de louvor à ação da estatal por ela comandada e afirmou que a obra é “fundamental para garantir a segurança do abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo”

O que nos interessa nesta reportagem são, porém, as informações não reveladas por Dilma Pena sobre os detalhes da relação entre a licitação do Sistema Produtor São Lourenço, o consórcio vencedor e funcionários da Sabesp, entre eles um assessor direto da presidente.
Vamos aos detalhes da licitação. Na disputa pelo contrato, apenas dois consórcios competiram. Um deles, aquele formado pelas empresas Carioca Christiani- Nielsen e Saneamento Ambiental Águas do Brasil, teve sua proposta econômica desclassificada pela comissão de licitação da estatal. Mesmo após a apresentação de recurso, a Sabesp manteve sua decisão e sagrou vencedor o consórcio SPSL, com uma proposta cuja contraprestação por parte da estatal supera em 14 milhões de reais o preço referencial estipulado no item 6 do edital. Ou seja: foi feita uma licitação que serviu para aumentar, em vez de baixar por meio da concorrência, o preço a ser desembolsado pela estatal. Dessa forma, ao longo de 25 anos a Sabesp pagará aproximadamente 6,04 bilhões ao grupo vencedor. Em licitações anteriores, a estatal havia anulado a disputa após o preço oferecido estar acima do estipulado no orçamento inicial. Desta vez, a Parceria Público-Privada acabou homologada.
Os personagens dessa licitação talvez lancem alguma luz sobre os motivos da mudança de diretriz da estatal. Entre os assessores de Dilma Pena está Rodolfo da Costa e Silva, ex-deputado estadual pelo PSDB. De família tradicional do setor sanitarista, Costa e Silva tem como primo outro assessor da Sabesp, Antonio Cesar da Costa e Silva, lotado na Diretoria Metropolitana. Na estatal desde a década de 1990, a dupla leva uma vida bem tranquila. Apesar de ser assessor da presidência da Sabesp, cuja sede fica na capital paulista, Rodolfo, segundo um funcionário seu entrevistado por CartaCapital, mora num vilarejo próximo à cidade de Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro. Ali perto, na divisa com Minas Gerais, mantém a fazenda Águas Claras e um plantel de cavalos campolina. Seu principal reprodutor, o garanhão Poeta, é da linhagem Passatempo, uma das mais disputadas e valorizadas pelos amantes da raça. Segundo o funcionário responsável pela fazenda, o assessor de Dilma Pena mora há alguns anos no sítio próximo ao bairro Maringá, a poucos quilômetros dali e cerca de 330 quilômetros da sede da estatal, onde deveria bater ponto diariamente.
Já o primo de Rodolfo, Antonio Cesar, é quem mantém sociedade com funcionários de empresas privadas contratadas pela Sabesp e que expõem a promiscuidade na relação entre o público e o privado dentro da estatal. César é sócio da HRS3 Serviços e Participações. Atuante no setor de exploração madeireira, a empresa possui 138 alqueires em plantações de eucalipto no município de Itapirapuã Paulista, distante 381 quilômetros da capital. A propriedade, por uma dessas coincidências da vida, estende-se ao longo de uma vicinal da cidade e faz divisa com a estação de tratamento de esgoto do município, construída e administrada pela Sabesp.
Além das terras próprias, a empresa arrenda também outra fazenda vizinha com mais de 50 mil pés de eucalipto plantados. Segundo o encarregado das terras, Cesar quase não aparece por lá, Rodolfo surgiu algumas vezes, apesar de não ser sócio da empresa. Ainda segundo o funcionário, que cuida da plantação com a garbosa colaboração dos cavalos campolina provenientes do criatório de Rodolfo no interior do Rio de Janeiro, a plantação é administrada por Pedro Hallack, este sim sócio de Cesar.
Mineiro de Juiz de Fora, o sócio do primo do assessor de Dilma Pena foi funcionário da Sabesp no passado e hoje é funcionário da Camargo Corrêa, presidida por Vitor Sarquis Hallack. No caso da PPP do São Lourenço, Pedro teve participação importante ao longo da licitação. Presidiu a sessão na qual as empresas integrantes injetaram 170 milhões no consórcio SPSL para que ele pudesse atingir o capital exigido pela Sabesp para poder executar a obra contratada. A ata da reunião foi publicada na edição do dia 7 de maio do Diário Oficial. Além disso, Pedro é integrante do quadro societário do Consórcio SPSL, conforme documento registrado na Junta Comercial. Mas as relações entre o diretor da empreiteira e a Sabesp não param por aí. Além de ser diretor de uma empresa que mantém contratos com a Sabesp, e ser sócio de um assessor da estatal, Hallack ainda possui outros parentes a desempenhar funções estratégicas na companhia.
Enquanto Pedro atuava pela empreiteira na disputa pela PPP, seu irmão Gustavo Hallack exercia, e ainda exerce, a função de advogado do departamento de licitação da Sabesp, setor responsável pelo acompanhamento e elaboração dos certames, com acesso a todas as informações referentes às concorrências. Já a sua cunhada, Adriana Hallack, é gerente de divisão de consumo leste da estatal. Antes de se envolver na licitação da PPP do São Lourenço, em 2011, já sócio de Cesar na HRS3, Pedro foi preso pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Campinas na Operação Sanasa. O escândalo de fraudes em licitações de saneamento municipal resultou na queda do então prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos, e de toda a cúpula da administração da cidade. Segundo o delator do esquema, Pedro teria distribuído propina a agentes públicos em troca de aditivos a um contrato da Camargo Corrêa com a empresa de saneamento da cidade.
O Consórcio SPSL, em resposta aos questionamento de CartaCapital, afirmou que “a licitação transcorreu de forma regular, transparente, e tem convicção da lisura de suas operações”. Segundo o consórcio, Pedro Hallack “apenas atuou como diretor em atos societários de constituição da sociedade que posteriormente firmou o contrato de concessão”.
Questionada sobre a relação de seus funcionários com integrante de empresa privada com a qual mantém contratos, a Sabesp informou: “Trata-se de especulação infundada e carece de argumentação jurídica qualquer suspeita no sentido de que o processo deveria ser refeito”. Segundo a estatal, Rodolfo da Costa e Silva, seu primo Antonio Cesar e Gustavo Hallack não tiveram qualquer participação no processo licitatório.  Sobre o valor da proposta vencedora estar acima do preço referencial, a estatal sustenta que “a proposta vencedora foi 3% inferior ao preço de referência, representando um desconto de mais de 186 milhões de reais no período do contrato”. Entretanto, o extrato do contrato, publicado em 22 de agosto de 2013, mostra um valor superior em 14 milhões ao estipulado no item 6 do edital da licitação.
Da ótica da Sabesp, talvez todas essas relações entre a família Hallack, os Costa e Silva e a estatal, assim como a crise de abastecimento pela qual os paulistas passam desde o início do ano, sejam apenas obra da arquitetura divina. Do mais, é aguardar para ver quando, como e a que custo final o Sistema Produtor São Lourenço será entregue.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Guerra nos bastidores da ciência.

O ex-presidente Lula em visita recente ao laboratório do projeto Andar de Novo montado na AACD – Associação à Criança com Deficiência, em São Paulo. Fotos: Ricardo Stuckert/Instituto Lula e Facebook de Nicolelis.
O ex-presidente Lula em visita recente ao laboratório do projeto Andar de Novo montado na AACD – Associação à Criança com Deficiência, em São Paulo. Fotos: Ricardo Stuckert/Instituto Lula e Facebook de Nicolelis.
Se você pensa que jogo bruto, rasteiras e tentativas de assassinato de reputação são coisas da política, prepara-se para conhecer os bastidores de uma guerra na ciência de ponta. Vai se surpreender como nós.
Divergências são comuns no mundo acadêmico. Fazem parte da evolução do conhecimento científico. Certas disputas, porém, viram carnificina.
Em 12 de junho, na abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão, em São Paulo, o mundo assistirá ao vivo a demonstração de um salto da ciência: um jovem paraplégico, “vestindo” uma  “roupa robótica” (exoesqueleto), dará o chute inaugural na cerimônia.
É apenas a primeira etapa do projeto Andar de Novo, liderado pelo o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis e do qual participam 156 pesquisadores do Brasil, EUA, Inglaterra, França, Suíça, Alemanha, Portugal, Chile, entre outros países.
O objetivo dessa pesquisa, no futuro, é permitir que paraplégicos possam andar novamente.
Porém, Nicolelis e o projeto Andar de Novo estão sendo alvejados por alguns pesquisadores que tentam transformar esse momento histórico da ciência brasileira em algo ruim.
Em 29 de março, reportagem publicada pela Folha de S. Paulo traz críticas ao seu trabalho. Diz a matéria:
Edward Tehovnik, pesquisador do Instituto do Cérebro da UFRN, chegou a trabalhar com Nicolelis, mas rompeu com o cientista, que o demitiu. Ele questiona quanto da demonstração de junho será controlada pelo exoesqueleto e quanto será controlada pelo cérebro da criança.
“Minha análise, baseada nos dados publicados, sugere que menos de 1% do sinal virá do cérebro da criança. Os outros 99% virão do robô”. E ele pergunta: “Será mesmo a criança paralisada que vai chutar a bola?”
Sergio Neuenschwander, professor titular da UFRN, diz que a opção pelo EEG é uma mudança muito profunda no projeto original. Ele diz que é possível usar sinais de EEG para dar comandos ao robô, mas isso é diferente de obter o que seria o código neural de andar, sentar, chutar etc.
“O fato de ele ter optado por uma mudança de técnica mostra o tamanho do desafio pela frente.”
Engana-se quem acha que por trás desses ataques estejam razões puramente científicas.
Há guerra de egos, inveja do sucesso alheio, brigas pelo poder, disputas por verbas e até motivos ideológicos. Nicolelis vota abertamente em Lula, Dilma e no PT. E os seus pares (a esmagadora maioria) e a mídia não perdoam o seu posicionamento político. Já um dos seus críticos é antipetista, como perceberão mais adiante.
Mergulhamos então na internet. Ouvimos várias pessoas, entre os quais pesquisadores e alunos, para conhecer melhor os pesquisadores entrevistados pela Folha  e tentar entender o que está acontecendo.
Miguel Nicolelis é pesquisador e professor da Universidade  Duke, nos EUA,  e coordenador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), no Brasil.
Em junho de 2011, o IINN-ELS, criado por ele em 2005, passou por uma cisão.
O professor Sidarta Ribeiro deixou a instituição. Foi dirigir o Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Neuenschwander faz parte do grupo que acompanhou Ribeiro.
Tehovnik, que em fevereiro já havia detonado Nicolelis na mesma Folha, foi para o Instituto do Cérebro em 2012, após ser demitido do IINN-ELS por falta de produção científica.
Com base nessa e em outras informações levantadas, o Viomundo pediu a Tehovnik e Neuenschwander, via e-mail, que esclarecessem as críticas e outras questões surgidas na apuração desta matéria. Reafirmamos a solicitação outras vezes. Nenhum respondeu.
FONTES DA FOLHA NUNCA TRABALHARAM COM INTERAÇÃO CÉREBRO-MÁQUINA
É de 1985 o primeiro artigo cogitando a possibilidade de interação do cérebro com computador  — a chamada interface cérebro-máquina.
Em 1999, Nicolelis e seu colega John Chapin, da Universidade Duke (EUA), comprovaram isso num estudo pioneiro com ratos. Em 2000, demonstraram em macacos. Em 2004, em seres humanos.
A interface cérebro-máquina é uma das áreas da ciência onde avanços estão ocorrendo. Tanto que, em 2011, a Fundação Nobel (a mesma dos prêmios) realizou, em Estocolmo, Suécia, um simpósio chamado 3 M: Mente, Máquinas e Moléculas.
Fizemos uma busca no Pubmed, considerada uma das maiores base de dados  de publicações científicas e de pesquisas biomédicas. Até 24 de abril, 1.789 artigos sobre a interface cérebro-máquina tinham sido publicados no mundo.
Em 2000, foram 19. Em 2005, 60.  Em 2010, 170. Em 2013, 309. Este ano já somam 97.
Na semana passada,  Miguel Nicolelis,  postou na sua página no Facebook:
BRA-Santos Dumont 1 é o nome que recebeu  o primeiro exoesqueletoOs testes estão demonstrando que o conceito de controlar os movimentos do exoesqueleto pelo cérebro – a chamada interface cérebro-máquina — funciona e é viável.
Tehovnik, no entanto, contesta a validade científica da interface cérebro-máquina assim como do projeto Andar de Novo.
Curiosamente, ele Neuenschwander não têm experiência com interface cérebro-máquina para reabilitação motora. Eles nunca trabalharam nem participaram de projeto de pesquisa na área. Também não têm publicação original na área.
O mais próximo que Tehovnik chegou foi o artigo de revisão “Transfer of information by BMI”, feito com mais dois autores e publicado na Neuroscience, em 2013.
Aí, sem experimento nenhum, apenas com base em alguns cálculos em computador, ele conclui que “mais pesquisas sobre a compreensão de como o cérebro gera movimento são necessárias antes de ICM poder se tornar uma opção razoável para pacientes paraplégicos”.
Para quem não sabe, a conclusão que “mais pesquisas são necessárias para compreensão de fenômeno X” é um lugar comum na literatura científica, geralmente utilizada quando o pesquisador não tem nada a concluir.
POUCOS TRABALHOS CIENTÍFICOS PUBLICADOS NOS ÚLTIMOS ANOS
Sergio Neuenschwander é brasileiro e sua área de pesquisa, a visão. Atualmente é professor titular do Instituto do Cérebro da UFRN.
Durante mais de 10 anos, atuou num dos mais sofisticados institutos de neurociência da Europa, o Instituto Max Planck, na Alemanha. Aí, fez pós-doutorado e trabalhou no laboratório do conceituado neurofisiologista Wolf Singer.
A ideia inicial era Neuenschwander trabalhar no IINN-ELS, mas, devido à cisão, nem chegou a atuar na instituição.
seu nome aparece, junto com o de vários outros cientistas, como um dos responsáveis pela concepção do projeto de repatriação de capital humano, que está na origem tanto do IINN-ELS quanto do Instituto do Cérebro/UFRN.
Acontece que ele só voltou ao Brasil em 2011. Pedimos uma cópia de documentos oficiais que demonstrassem essa participação. Não enviou.
Segundo o Pubmed, Neuenschwander não publicou nenhum trabalho de relevância internacional desde a sua ida para o Instituto do Cérebro/UFRN. As suas 14 publicações listadas nessa base de dados são da época no Max Planck.
Já Tehovnik é canadense. Fez boa parte da carreira no laboratório de Peter Schiller, professor de fisiologia médica, sistema visual e sistema oculomotor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA.
Em 2009, veio ao Brasil pela primeira vez. Foi para assumir a vaga de professor adjunto na UFRN. Poucos meses depois pediu demissão.
No final de 2010, retornou. Foi trabalhar no IINN-ELS, onde recebeu uma bolsa DTI (desenvolvimento tecnológico industrial), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ficou até  janeiro de 2012, quando foi demitido.
Ainda em 2012, prestou concurso para professor de Neuroengenharia no Instituto do Cérebro/UFRN. Foi reprovado.
Atualmente, com bolsa do CNPq, é pesquisador sênior visitante no laboratório de Sergio Neuenschwander. De acordo com o Pubmed, nos últimos cinco anos, publicou quatro trabalhos científicos originais, sendo três de revisão. Apenas um envolveu experimentos feitos nos tempos de MIT.
Clique aqui e leia a reportagem na íntegra no site Viomundo. 

Mais Walk Again: O estudo de Miguel Nicolelis foi capa da Brasileiros deste mês de abril. Leia. E o próprio Miguel Nicolelis assina um texto, no qual descreve a emoção de ter visto os primeiros passos do exoesqueleto, que aconteceu no dia 31 de março, quando o País relembrava a triste efeméride dos 50 anos do Golpe, que levou o Brasil a um período obscuro. Acompanhe por aqui as novidades do projeto de Nicolelis.