sábado, 7 de agosto de 2010

Entrevista de Lula, imperdível



BLOG DO U: A Istoé publica na edição qu circula hoje uma entrevista imperdível de Lula. Franca, sincera, numa linguagem que corresponde a um discurso sincero, sem rebuscamentos e até com as expressões que a gente usa numa conversa entre amigos. Recomendo sua leitura na íntegra na página da revista ou aqui, no blog do Brizola Neto, onde ele reproduz em uma só parte para simplificar a leitura. (fala de Brizola Neto) Ao lê-la, lembrei de uma frase que ouvi de Leonel Brizola: “eu uso as palavras para revelar meu pensamento, não para escondê-lo”.

Reproduzo apenas um trechinho em que ele fala sobre como ele demonstra claramente que, nas decisões de economia, embora ouvidos os técnicos, é política a decisão. Lula interferiu diretamente em duas decisões do Banco do Brasil e, com isso, atropelou o pessoal da “roda presa” que temia a ousadia ddas ações que levaram de novo o Banco para a primeira posição no mercado, que ele havia perdido para o Bradesco e para o Itau.

Os hipócritas dirão que isso é intervenção política. Agora imagine só se numa empresa privada o presidente ficar necessariamente preso à visão do brutocrata de segundo escalão que, “tecnicamente”, opina sempre contra a ousadia? A empresa ia se conduzir sempre no rame-rame da burocracia e não iria a lugar nenhum, exceto para o buraco, no longo prazo.

Veja só:




ISTOÉ – Há um temor no meio empresarial de um futuro governo da Dilma ser mais estatizante que o seu.




Lula – Não há essa hipótese. Eu conheço bem a Dilma e sei o que ela pensa. Obviamente que nós não queremos ser estatizantes, mas também não vamos carregar a pecha que nos imputaram nos anos 80, quando se dizia que o Estado não valia nada e que o mercado era o Deus todo-poderoso. Essa crise americana mostrou que o mercado é frágil, é corrupto e que quem tinha o Estado mais forte salvou-se primeiro. No caso do Brasil, se não tivéssemos o Banco do Brasil, como é que a gente iria comprar a carteira de financiamento de carro usado do Votorantim? Eu cheguei para o Banco do Brasil e para o companheiro Guido Mantega (ministro da Fazenda) e disse: “Companheiros, nós não podemos deixar quebrar as finanças de carro usado, porque se não vender carro usado não tem compra de carro novo.” Eu perguntei para o Dida (presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine): “Como o Banco do Brasil está? Pode financiar carro usado?” “Ah! Nós não temos expertise, presidente.” Eu perguntei, o que a gente faz então? “A gente tem que formar.” Que formar, o quê! Não temos tempo de formar, a crise está aqui, batendo à porta. Vamos comprar de quem tem. O Votorantim tem, quer vender? Então compramos 50% da expertise do Votorantim. Acabou o problema. O Serra queria vender a Caixa Econômica Estadual. Começaram a falar para mim: “Você não pode comprar, porque o Serra é candidato, é adversário, o Serra vai juntar muito dinheiro para a campanha.” Eu disse: vocês são doidos! Acham que, por causa da campanha do Serra, vou deixar de comprar um banco que permitirá que o Banco do Brasil volte a ser o maior do País? Quem vai fiscalizar o dinheiro do Serra é a Justiça Eleitoral, não serei eu. Nós vamos comprar. E compramos.

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