sábado, 17 de janeiro de 2009
Os limites do capital são os limites da Terra
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Tudo que o capital quer é ver o fim da terra, isso é o que diz Leonardo Boff
Leonardo Boff
“Os principais comentaristas econômicos comentam a crise que irrompeu no centro do sistema e apontam o desmoronamento de suas teses mestras, mas continuam com a crença ilusória de que o mesmo modelo que nos trouxe a desgraça, ainda pode nos tirar dela. Ainda utilizam a interpretação clássica dos ciclos do capitalismo depois da abundância, sem perceber a mudança substancial do estado da Terra ocorrida nos últimos tempos”.
Leio os principais comentaristas econômicos dos grandes jornais do Rio e de São Paulo. Aprendo muito com eles, porque venho de outra área do saber. Mas, na minha opinião, eles continuam aplicando a cartilha neoliberal, o que os impede de ter um pensamento mais crítico. Ainda utilizam a interpretação clássica dos ciclos do capitalismo depois da abundância, sem perceber a mudança substancial do estado da Terra ocorrida nos últimos tempos. Por isso, noto neles uma certa cegueira em um nível profundo de seu paradigma. Comentam a crise que irrompeu no centro do sistema e apontam o desmoronamento de suas teses mestras, mas continuam com a crença ilusória de que o mesmo modelo que nos trouxe a desgraça, ainda pode nos tirar dela.
Esta visão míope impede que levem em consideração os limites da Terra, os quais impõem limites ao projeto do capital. Esses limites foram ultrapassados em 30%. A Terra dá claros sinais de que não agüenta mais. Ou seja, a sustentabilidade entrou em um processo de crise planetária. Cresce cada vez mais a convicção de que não basta com fazer acertos. Estamos obrigados a mudar de rumo se queremos evitar o pior, que seria ir em direção a um colapso sistêmico certo.
O sistema em crise, digamos seu nome, é, quanto ao seu modo de produção, o capitalismo. E sua expressão política é o neoliberalismo, que responde fundamentalmente às seguintes questões: como ganhar mais com o mínimo de investimento, no menor tempo possível e aumentando ainda mais seu poder? O sistema dá como óbvia a submissão total da natureza e a desconsideração das necessidades das gerações futuras
Esse pretendido desenvolvimento tem se mostrado insustentável, porque em todos os lugares em que se instalou criou desigualdades sociais graves, devastou a natureza e consumiu seus recursos muito acima do nível de reposição. Na verdade, trata-se de um crescimento apenas material, que se mede em termos de benefícios econômicos, não de um desenvolvimento integral.
O grave disto é que a lógica deste sistema se opõe diretamente à lógica da vida. A primeira é linear, regida pela competição, tende à uniformização tecnológica, ao monocultivo e à acumulação privada. A outra, a da vida, é complexa, incentiva a diversidade, as interdependências, as complementaridades e reforça a cooperação na procura pelo bem de todos. Este modelo também produz, mas para servir à vida e não para servir exclusivamente ao lucro, e tem como objetivo o equilíbrio com a natureza, a harmonia com a comunidade da vida e a inclusão de todos os seres humanos. Opta por viver melhor com menos.
Paul Krugman, editorialista do New York Times, denunciou valentemente (Jornal do Brasil, 20/12/08) que não há diferença básica entre os procedimentos de B. Madoff, que fraudou 50 bilhões de dólares a muitas pessoas e instituições, e os especuladores de Wall Street, que enganaram milhares de investidores e pulverizaram, também, grandes fortunas. Ele conclui: “o que estamos vendo agora são as conseqüências de um mundo que enlouqueceu”. Esta loucura é conjuntural ou sistêmica? Penso que é sistêmica, porque pertence à própria dinâmica do capitalismo: para acumular, mantém grande parte da humanidade em situação de escravidão “pro tempore” e põe em perigo a base que o sustenta: a natureza com seus recursos e serviços.
Cabe a pergunta: será que não existe aí uma pulsão suicida, inerente ao capitalismo como projeto civilizatório, uma pulsão que tenta explorar de maneira ilimitada um planeta que sabemos que é limitado? É como se toda a humanidade sentisse que é empurrada para dentro de uma corrente violentíssima, e não conseguisse mais sair dela. Não há dúvida de que o destino seria a morte. Será que é a marca inscrita em nosso atual DNA civilizatório, rascunhado há mais de dois milhões de anos, quando surgiu o homo habilis, aquela espécie de humanos que, pela primeira vez, começou a usar instrumentos em seu afã por dominar a natureza, que potencializou-se com a revolução agrária no neolítico e culminou no atual estágio de ânsia de dominação completa da natureza e da vida? Se continuarmos nesse caminho, onde iremos chegar?
Como somos seres inteligentes e com um imenso arsenal de meios de saber e de fazer, não é impossível que consigamos reorientar nosso curso civilizatório, dando maior centralidade à vida que ao lucro, ao bem comum em vez de ao benefício individual. Então, poderíamos salvar-nos in extremis e ainda teríamos pela frente um futuro que almejar.
domingo, 11 de janeiro de 2009
Frente promete mobilização pelo piso dos professores em 2009.
Fátima Bezerra: frente quer o retorno do conteúdo original da lei sobre o piso.
Fátima Bezerra: frente quer o retorno do conteúdo original da lei sobre o piso.
A Câmara teve papel fundamental para a criação do piso salarial nacional dos professores, em vigor desde o início deste mês. E deve continuar mobilizada, em 2009, para garantir o cumprimento da legislação por governos estaduais, municipais e federal. Essa é a promessa da deputada Fátima Bezerra (PT-RN), presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Piso Salarial dos Professores.
Vencimento básico.
Entretanto, o STF suspendeu três dispositivos da lei. O primeiro deles é o que determina o uso do vencimento básico como referência para o piso - ou seja, o valor de R$ 950 não inclui as gratificações recebidas pelo professor por sua formação, como o adicional por especialização ou mestrado e doutorado.
A Lei 11738/08 estabelece que, no primeiro ano de vigência, as gratificações podem ser incluídas no cálculo para o piso. A partir de janeiro de 2010, contudo, o piso abrangerá apenas o salário básico. O STF decidiu que a inclusão das gratificações pode continuar sendo feita pelos governos até haver uma decisão final sobre o mérito do assunto, o que ainda não tem data para ocorrer.Sala de aula e prazo A maioria dos ministros do STF também decidiu suspender a previsão de cumprimento de, no máximo, dois terços da carga dos professores no desempenho de atividades em sala de aula. A lei determina que um terço da jornada seja destinada a atividades extra-classe, como cursos de atualização e preparação de aulas. A suspensão também vale até o julgamento final da ação pelo STF.
Sala de aula e prazo.
A maioria dos ministros do STF também decidiu suspender a previsão de cumprimento de, no máximo, dois terços da carga dos professores no desempenho de atividades em sala de aula. A lei determina que um terço da jornada seja destinada a atividades extra-classe, como cursos de atualização e preparação de aulas. A suspensão também vale até o julgamento final da ação pelo STF.
Por fim, os ministros determinaram que o piso passasse a valer a partir de 1º de janeiro de 2009. A lei determina que os valores deveriam ser pagos desde janeiro de 2008, o que obrigaria os governos a pagar os retroativos.
Mérito.
Fátima Bezerra disse que a frente parlamentar quer o retorno do conteúdo original da lei, especialmente em relação à inclusão das gratificações no piso. "O piso virou teto, pois inclui também as gratificações, além do vencimento básico", afirmou.
A expectativa dos parlamentares, segundo Fátima Bezerra, é a de que o STF vote ainda em 2009 o mérito da lei. Para ela, a questão das atividades extra-classe é outro item que precisa ser retomado nas discussões entre trabalhadores, deputados, governadores e os ministros do STF: "É uma questão de princípio, pela natureza do trabalho, que exige muita reflexão; o professor não pode abrir mão de ter um tempo destinado para atualização didática e profissional. Isso é um pressuposto para a atividade docente."
Segundo ela, os ministros mostraram ter compreensão da importância do piso como uma política de valorização do ensino básico; por isso, a decisão do STF causou surpresa aos integrantes da frente, apesar de a votação não ter sido unânime. "Evidentemente, os governadores fizeram pressão sobre os ministros, mas o reconhecimento da constitucionalidade da lei já foi uma vitória", avaliou a deputada.
Mídia e o Pensamento Único II
Mídia e o Pensamento Único
Secretário Geral ONU em 1992, Butros Ghali afirmou que a Globalização criou novos poderes que superam as estruturas estatais. Um desses poderes é o dos meios de comunicação. Idéia parecida tem Ignácio Ramonet, doutor em semiologia e história da cultura pela Escola de Altos Estudo de Paris. Ele define a política como terceiro poder, depois do poder econômico e do poder da mídia. Albert Gore considerou as redes de informação tão importantes para os USA de hoje quanto a infra-estrutura rodoviária foi em meados do século XX. Mas, este poder pode ser prejudicial.
De um lado, o enfraquecimento das máquinas coercitivas, como a Família, o Estado, a Escola, a Igreja, Exército, e o fracasso dos Regimes Autoritários, resultaram em um sentimento de autonomia e liberdade ao indivíduo. Porém, há outras estruturas de normatização. A Televisão é o maior exemplo. Quatro em cada cinco norte-americanos acreditam que a violência na TV contribui para aumentar a violência na vida real, pois apenas durante os cinco anos de escola primária, a criança vê no mínimo 8.000 assassinatos. Seu poder de influência é tão grande que vários países já tomaram decisões para limitar o conteúdo violento na televisão.
Mas a violência não é o único problema. Até os doze anos de idade, as crianças na França assistem a uns 100.000 anúncios que vão contribuir para faze-la interiorizar as normas ideológicas dominantes e ensinar o que é belo, feio, bom, justo, etc. Neil Postman, ensaísta americano, afirmou que o abismo entre a racionalidade e a publicidade cresceu a ponto de parecer nunca ter existido. A propaganda não possui lógica nenhuma. É apenas uma mitologia, uma encenação.
Auxiliada por psicólogos, estatísticos, psiquiatras, sociólogos, lingüistas, etc, a publicidade manipula os nossos desejos mais profundos. Não fosse isto o bastante, ainda faz uso de mensagens subliminares. Fundamentada em estudos hábeis do mercado, as técnicas de venda pretendem ser quase uma ciência. Seu objetivo é fazer-nos consumir cada vez mais. Porém, muitos cidadãos acreditam que a televisão também transmite informação.
Por muito tempo, informar incluía um conjunto de parâmetros que permitiam o cidadão compreender o significado profundo do acontecimento. Atualmente, a televisão transformou a informação em simples veiculação de imagens. Estudiosos consideram que esta informação moderna fundamentada na idéia de que ver é compreender, contribuiu para um retrocesso intelectual de séculos.
O fato é verdadeiro não porque obedece a critérios verificáveis, mas porque é repetido sem cessar não apenas pela televisão, como também por todos os outros meios de comunicação. Os noticiários televisivos, além de não informarem, servem como distração formada por uma sucessão rápida de notícias superficiais e fragmentadas, que nada esclarecem.
Submissa à televisão, a imprensa escrita passou a ser um mero eco. O discurso foi simplificado ao máximo e a análise foi substituída por fotografias coloridas. É a emergência de uma sociedade na qual impera o conhecimento esteriotipado, superficial e passageiro. Pseudo-informação massificada e repetida que elimina o esforço da interpretação racional. Um nivelamento por baixo, chamado por Ortega e Gasset como mesmidade.
Ainda existe o problema da concentração dos meios de comunicação, limitando drasticamente o número de fontes. Na década de 90, seguindo as normas do FMI, do BM e da OMC, os Estados reduziram investimentos e privatizaram serviços, abrindo espaço para a iniciativa privada nos meios de comunicação, que seguindo a lógica de mercado passaram a se unir e formar enormes grupos.
O professor Venício Lima, afirmou que um grande exemplo da concentração da mídia, é o grupo Net-Sky, da Globo, que controlava em 2003, 95% da TV por satélite. Segundo ele, os sistemas regionais de comunicação estão diretamente ligados às Organizações Globo, não só na televisão, como nas rádios e jornais impressos, e só o que fazem é repetir a pseudo-informação oriunda da Agência de Notícias Globo. Esta por sua vez repete o que vem dos mega conglomerados mundiais. Marcos Coimbra, prof Titular de Economia na UERJ, lembra que os meios de comunicação mo Brasil são comandados por cerca de seis famílias e que uma única rede tem 60% de audiência.
Dentro deste esquema midiático altamente concentrado nas mãos de poucos, fazendo uso dessa repetição constante de mensagens simplificadas e sem nenhuma conexão com a lógica, há um discurso que ganhou status de verdade absoluta, minando qualquer forma de contestação: é o chamado Pensamento Único.
Pensamento Único, em termos ideológicos, é a defesa dos interesses econômicos do capital internacional. É a cartilha escrita na reunião de Breton-Woods, ou seja, o discurso neoliberal, que defende a globalização como único caminho viável para todos os países, que afirma ser necessário reduzir o Estado ao mínimo possível e dar plenas forças ao mercado, pois este se auto-regula, que exige a diminuição dos direitos trabalhistas em prol de um lucro maior aos capitalistas, que defende a privatização total para avanço tecnológico, que promete o aumento da riqueza e o bem estar a todos que entrarem no jogo.