No capengante futebol brasileiro, dentro e fora de campo, com clubes sempre endividados, alguns quase falidos, pedindo socorro ao governo, e estádios semidesertos, a CBF e os "professores" da bola nadam em dinheiro. Ninguém deveria se surpreender com os R$ 4,1 milhões pagos pelo generoso José Maria Marin a Felipão por ter sido mandado embora da seleção, depois do vexame na Copa do Mundo (ver mais no blog do colega Cosme Rímoli).
Felipão e o coordenador Carlos Alberto Parreira ganhavam, cada um pouco, mais de R$ 900 mil por mês. Pode parecer muito para quem vive de salário, mas estes valores estratosféricos não constituem exceção nos nossos clubes, onde os "professores" não ganham muito menos do que isso, e nenhum dos "treinadores de ponta", sempre os mesmos, há muitos anos, ganha abaixo de R$ 500 mil.
Na maioria dos casos, eles ganham mais do que as estrelas do time. Pato, o jogador mais bem pago do país, que marcou apenas três gols em 16 jogos pelo São Paulo, ganha R$ 800 mil por mês (metade do salário ainda pago pelo Corinthians, que o emprestou ao time do Morumbi).
Eles se revezam no comando dos maiores clubes do país e são os principais responsáveis pelo futebolzinho mostrado no Brasileirão, com a honrosa exceção do Cruzeiro, de Marcelo Oliveira, que não faz parte da dança dos famosos e nunca foi cogitado para treinar a seleção.
Em seu comentário de terça-feira na CBN, antes da revelação de que Felipão ganhou esta fortuna na loteria esportiva da CBF, e depois do velho "professor" gaúcho acertar a volta ao Grêmio, o amigo Juca Kfouri chamou a atenção para um fato, ao mesmo tempo pitoresco e triste: há 19 anos, Felipão já era técnico do Grêmio; Luxemburgo, que acaba de retornar à Gávea, treinava o Flamengo; Abel Braga dirigia o Internacional, onde está de novo, e Muricy Ramalho era a novidade no São Paulo.
Precisa dizer mais alguma coisa sobre as razões da mesmice modorrenta mostrada em campo neste Brasileirão, que dá sono quando o Cruzeiro não joga? Parece que o discreto Marcelo Oliveira foi o único técnico brasileiro que assistiu à Copa no Brasil e entendeu alguma coisa. É por isso, que os maiores clubes do mundo levam nossos melhores jogadores embora e ninguém se interessa em contratar os milionários "professores", que vivem num mundinho à parte.
Nem técnicos são, na verdade, quanto mais professores, mas apenas folclóricos treineiros, que ficam se esgoelando à beira do gramado, xingando o juiz e os erros dos jogadores que não seguem seus "ensinamentos". Fazem apenas cena para a torcida, como se seus gritos fossem ouvidos e fizessem alguma diferença em campo.
Ninguém, por exemplo, é mais são-paulino, do que o Muricy. Por isso, a torcida tricolor, inclusive eu, sempre pedem a sua volta quando o time vai mal, o que não tem sido raro. E neste seu novo retorno ao Morumbi o time continua mal, apesar do elenco de grandes craques, o maior do futebol brasileiro, que tem à disposição. Pergunto: tanto ele como os demais "professores" aqui citados fizeram quantos cursos de especialização e estágios nos grandes centros de treinamento do exterior nos últimos anos? Que novas táticas e técnicas desenvolveram?
É sempre mais do mesmo, e assim a gente entende melhor porque a Alemanha na Copa meteu 7 a 1 na nossa seleção e só não fez mais porque ficou com pena dos rapazes assustados e perdidos em campo com aquela camisa amarela, que antigamente metia medo nos adversários.
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