sexta-feira, 30 de maio de 2014

O ‘Guia Piketty’ para entender as ideias do mais influente economista da atualidade


Thomas Piketty
Thomas Piketty

Publicado originalmente na Unisinos. Por Diário do Centro do Mundo.

Thomas Piketty é um economista francês que publicou “O Capital no Século XXI”, no ano passado, e que foi traduzido para o inglês neste ano. O livro está provocando alvoroço no mundo da academia e no espaço de debate de divulgação econômica.
Os conceitos centrais da obra são:
- A concentração da riqueza aumentou em todos os países desenvolvidos;
- Mantém-se a tendência de não intervenção tributária sobre essas fortunas (uma amostra é a resistência à taxa Tobin na Europa);
- Caso não haja mudanças nessa situação, a economia do século XXI será parecida com a do século XIX, quando as elites econômicas herdavam a riqueza ao invés de obtê-la pelo trabalho. Será uma sociedade neovitoriana classista, dominada pela riqueza de uma elite hereditária, que não foi conquistada;
- A proposta de Piketty, que ele admite ser “utópica”, para evitar esse retorno a um mundo oligárquico é um esforço coordenado, em nível mundial, para aplicar impostos a essa imensa massa de riqueza concentrada em poucos. Ele conclui que caso não sejam tomadas medidas contundentes, o funcionamento da economia será condicionado por pessoas que simplesmente possuem a riqueza herdada de seus pais.
O argumento principal de “O Capital no século XXI” é que o capitalismo, em sua forma neoliberal (de mercado) ou intervencionista (Estado de Bem-Estar), conduz a uma economia dominada por aqueles que têm a sorte de nascer em uma posição de riqueza herdada. Embora tenha realizado a análise a respeito de países desenvolvidos (Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Canadá, Japão e o Reino Unido), na Argentina também está havendo esse reflexo e é interessante observar como os filhos de famílias de grande fortuna e de visibilidade pública começaram a se reunir em um grupo de afinidade (revistas de teatro, esportiva e de negócios demonstram isso).
Piketty explica que a economia da Europa funcionava desse modo, em princípios do século passado, e que a prepotência da riqueza herdada só foi destruída pela devastação de duas guerras mundiais, com uma profunda depressão nesse intervalo.
Após esses traumáticos eventos, houve um rápido período de crescimento associado aos estímulos do pós-guerra, à reconstrução europeia e à recomposição do consumo. Nos últimos 30 anos, essa dinâmica subjacente do poder econômico herdado foi revitalizada e reafirmada.
Qual é a definição de capital para Piketty? Aqueles que o acusam de marxista é porque não conhecem o conceito marxista de capital, entretanto, os setores conservadores consideram como marxista qualquer um que estuda ou que tem uma posição crítica sobre a desigualdade e a concentração da riqueza. Piketty utiliza uma definição ampla ao considerar que “o capital” é igual a “riqueza”.
Quer dizer, todo o patrimônio (propriedades, ativos em efetivo, investimentos em ações e bônus) constitui o capital ou a riqueza. Piketty não apenas destaca que a distribuição da renda (dinheiro obtido pelas pessoas que trabalham) é desigual, como também que a riqueza ( o estoque de ativos) é distribuída de forma muito mais desigual. Isto significa que não apenas a diferença na retribuição pelo trabalho é imensa, essa diferença também é abismal na posse da riqueza global.
O esquema analítico de Piketty é o seguinte: para definir a taxa de retorno sobre o capital (r) e a taxa de crescimento econômico nominal (g), utiliza uma longa série de tempo de 200 anos de dados sobre a pobreza, renda e riqueza para países desenvolvidos. Com essa imensa quantidade de informação determina um comportamento econômico simples de entender. Calculou que “r” esteve em 5% na média, ao passo que “g” foi inferior a essa porcentagem, nesse amplo intervalo. Isto significa que a taxa de crescimento econômico global foi menor do que o aumento da riqueza das grandes fortunas.
Piketty denomina “lei fundamental” a fórmula “r>g”, ou seja, que os ricos se tornam mais ricos de forma permanente. De outro modo, no capitalismo, se a taxa de retorno da riqueza privada é superior à taxa de crescimento da economia, a participação das rendas do capital no produto líquido aumentará. Piketty afirma que, em longo prazo, a desigualdade econômica não será apenas pela distância entre as pessoas que ganham altos salários e os que recebem rendas baixas, mas, sim, entre as pessoas que herdam grandes fortunas em propriedade e efetivo, e aqueles que não.
Trata-se de um resultado verificado, nestes anos de crise global, em potências mundiais, segundo o World Ultra Wealth Report, relatório mundial da grande riqueza de Wealth-X e do banco suíço UBS: com uma queda ou estancamento das economias centrais, que já se estende por sete anos, de 2009 a 2013, a população muito rica do mundo aumentou sua riqueza (sem ajustar pela inflação) em 44,1%.
Na completíssima resenha publicada pelo meio eletrônico estadunidense Vox, Matthew Yglesias resume que “quando “r” é maior que “g”, o volume de riqueza dos ricos cresce mais rápido do que o conjunto das rendas dos trabalhadores”. Enfatiza que isto não significa necessariamente que os pobres sejam mais pobres, mas, sim, que cada vez é maior a distância entre os lucros das pessoas que possuem uma grande quantidade de propriedades e investimentos financeiros e os das pessoas que recebem uma renda de seu trabalho para viver.
Até o conservador semanário The Economist, em uma crítica ao livro de Piketty, rendeu-se diante da formidável “base de dados sobre a qual o livro se constitui, sendo difícil disputar o seu chamado para uma nova perspectiva da era econômica moderna, estejamos ou não de acordo com suas recomendações de política”. No artigo, “Capital in the Long Run”, publicado na edição do dia 9 de janeiro passado, The Economist afirma que politicamente não se pode sustentar uma crescente concentração da riqueza, e “aqueles que queiram preservar a economia de mercado devem lidar com essa dinâmica em um contexto preocupante, com os números sobre a desigualdade que Piketty apresenta”.
Também foi criticado pelo economista da Universidade do Texas, em Austin, James K. Galbraith (filho do célebre economista do século passado, John Kenneth Galbraith), em um artigo publicado na revista trimestral Dissent: “Kapital for the Twenty First Century?”. Nele, diz que o livro de Piketty sobre o capital não é nem sobre o capital no sentido utilizado por Marx, nem sobre o capital físico como fator de produção no modelo neoclássico de crescimento econômico.Galbraith conclui que “é um livro principalmente sobre a “valorização” de ativos materiais e financeiros, ‘distribuição’ dos ativos através do tempo e a ‘herança’ da riqueza de uma geração para outra”.
Para além de controvérsias pela direita (The Economist) e pela esquerda (James K. Galbraith), o livro tem o mérito de instalar no coração do capitalismo o debate sobre a desigualdade, e não apenas de renda, mas, sim, a que emerge da divisão do estoque de riqueza global. É o que afirma Paul Krugman em “The Piketty Panic”, publicado pelo The New York Times, quando elogia a obra do economista francês porque “é a maneira como joga por terra o mais apreciado dos mitos conservadores: o de que vivemos em uma meritocracia, em que as grandes fortunas são conquistadas e são merecidas”. Menciona que o realmente surpreendente do debate é que a direita parece ser incapaz de organizar algum tipo de contra-ataque significativo à tese de Piketty.
O capitalismo não está gerando uma melhor distribuição da riqueza e da renda, mas, sim, sua concentração é o estado natural do capitalismo, mais do que uma exceção, como postula o pensamento econômico convencional com sua expressão política no conservadorismo. Pikkety afirma, então, que está havendo uma transição para uma economia dominada pelos filhos e netos da grande elite de hoje e não pelos fundadores das empresas líderes.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Maior gestor de ciência do planeta bate palmas para paraplégico andando com “roupa robótica”: “Maravilhoso!”


 BLOG O MURALAtento, Francis Collins (na foto, à esquerda de Nicolelis) acompanha os passos do jovem paraplégico “vestindo” o esqueleto-robô. Ao final, não resiste. “Encantado”, como ele mesmo diz, abre um sorriso enorme e aplaude
por Conceição Lemes

No meio científico, todo mundo conhece o médico e geneticista Francis S. Collins.
Pudera. Foi quem coordenou o Projeto Genoma Humano.
Desde 2009, é o diretor do maior agente financiador de pesquisa biomédica do mundo: o National Institutes of Health (NIH), dos EUA.
Ele tem nas mãos um orçamento de US$ 38 bilhões. É o maior gestor de ciência biomédica do planeta.
Pois Francis Collins está em visita oficial ao Brasil e quis conhecer os laboratórios do projeto Andar de Novo, montados na AACD – Associação de Assistência à Criança com Deficiência, em São Paulo.
O projeto é liderado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, pesquisador e professor da Universidade  Duke, nos EUA,  e coordenador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), no Brasil.  Dele participam 156 pesquisadores de 25 países.
Em 12 de junho, na abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão,  o mundo assistirá ao vivo uma demonstração do projeto e um salto da ciência: um jovem paraplégico, “vestindo” uma “roupa robótica” (exoesqueleto), dará o chute inaugural na cerimônia.
Collins visitou os laboratórios do Andar de Novo na tarde dessa terça-feira 21.
No primeiro, uma jovem paraplégica, com fisionomia séria, aparentando 25 anos, se exercitava no simulador do exoesqueleto. Por razões éticas, o seu rosto não pôde ser fotografado pelos jornalistas presentes; apenas ela de costas. Também não pudemos conversar com a paciente. O Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), ligado ao Ministério da Saúde, proíbe, para preservar o paciente sujeito de pesquisa.
Aí, Nicolelis começou a descrever a Collins os experimentos que levaram ao resultado atual.
No segundo, apenas o exoesqueleto, sem nenhum paciente. Nicolelis detalhou então o funcionamento dos equipamentos.
No terceiro, o professor Nicolelis convidou-me para entrar junto com o doutor Collins para assistir com eles e demais pesquisadores à demonstração de um jovem usando o exoesqueleto. Foi a portas fechadas. E eu a única repórter presente.
Esse jovem ficou paraplégico aos 20 anos  (tem 27) devido a acidente de carro.
Foram duas comprovações. A diferença foi a velocidade do andar. A segunda, um pouco mais ligeira.
Ao final da segunda caminhada, o jovem abriu um sorriso imenso de alegria.
Eu, Conceição Lemes, chorei. Pela primeira vez no mundo um jornalista testemunha uma demonstração real, prática, do Andar de Novo.
Collins não resistiu. Bateu palmas: “Maravilhoso!”
“Estou muito feliz em ver que o investimento de tantos anos resultou nessa aplicação da Ciência”, disse Collins na coletiva de imprensa.
Foi o começo da resposta à pergunta do Viomundo sobre como via uma ideia, cuja pesquisa básica foi financiada pelo NIH, virar realidade clínica. Durante os 25 anos de carreira, veio do NIH mais da metade dos US$ 60 milhões levantados nos EUA por Nicolelis para pesquisas.
Collins prosseguiu:
“Essa é a realidade da Ciência. Você tem de persistir em ideias que, no início, podem até parecer abstratas, sem conexão com alguma doença, mas que, depois de investimentos persistentes durante muito tempo, possam gerar, por exemplo, uma vacina para prevenir a infecção pelo HIV/aids. É  algo que esperamos que ocorra rapidamente”.
“No caso deste exemplo, que é o exoesqueleto, estou muito satisfeito pelo fato de o NIH ter participado dessa história. É assim que a Ciência funciona.”
“Quando nos Estados Unidos se defende levar todo o dinheiro do NIH para a pesquisa aplicada, as pessoas às vezes esquecem que é a pesquisa básica que permite que essas ideias floresçam do ponto de vista clínico”.
Perguntamos também o que ele acha da colaboração entre Estados Unidos e Brasil no projeto Andar de Novo. A pesquisa aplicada, envolvendo o desenvolvimento e construção do esqueleto-robô, foi financiada pela Finep, ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia: US$ 14 milhões.
Collins então afirmou:
“A colaboração é essencial. Se você precisa atacar um problema muito difícil, muito complexo, é necessário recrutar os melhores cérebros disponíveis e eles não necessariamente moram no mesmo país. Um grande exemplo é o doutor Nicolelis”.
“Estou muito satisfeito em ver que um investimento que o NIH fez em pesquisa básica nos EUA, durante 25 anos, no laboratório do doutor Nicolelis, deu frutos no Brasil, com a pesquisa clínica financiada pelo governo brasileiro. A Ciência é global”.
“Essa colaboração permitiu que EUA e Brasil estivessem aqui presentes. Possivelmente, essa pesquisa não poderia ter acontecido só nos EUA ou só no Brasil”.
“Admiro muito o espírito de Nicolelis de reunir pesquisadores e trazê-los dos EUA para o Brasil, para congregar todos no mesmo projeto”.
“Estou muito encantado, porque uma quantidade muito grande de gente, num evento esportivo, vai poder ver, pela primeira vez, uma demonstração do que a Ciência é capaz de fazer e dar esperança para milhões de pessoas no mundo todo”.
Sobre a interface cérebro-máquina, questionada por alguns pesquisadores, Collins disse:
“É uma das áreas de fronteira da neurociência. Nos EUA, atualmente há vários laboratórios trabalhando com ela”.
Nicolelis e seu colega John Chapin, da Universidade Duke (EUA), foram os primeiros.
Em 1999, comprovaram isso num estudo pioneiro com ratos. Em 2000, demonstraram em macacos. Em 2004, em seres humanos.
O termo interface cérebro-máquina (brain-machine interface) também foi criado por eles.
“A demonstração de 12 de junho é apenas a primeira etapa do projeto Andar de Novo”, frisa Nicolelis. “O objetivo dessa pesquisa é permitir que mais adiante paraplégicos possam andar novamente. No futuro, esperamos contar com mais laboratórios e mais pesquisadores.”
Oito jovens paraplégicos participam da pesquisa. Um será escolhido para dar o chute inicial da Copa.
“Mas os outros estarão juntos”, avisa Nicolelis. “É uma vitória de todos eles.”

sábado, 24 de maio de 2014

ENEM SE CONSOLIDA E BATE RECORDE COM 9,5 MILHÕES

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segunda-feira, 19 de maio de 2014

A seca já castiga São Paulo, mas para mídia só interessa o volume morto.


Na periferia de São Paulo, tambores para estocar água voltam à cena como forma de driblar torneiras secas

publicado em 19 de maio de 2014 às 13:17
Em Pirituba, o tambor d’água foi incorporado ao cenário, como forma de escapar do impacto da falta de água (Fotos Mohamad Hanjoura)
Racionamento afeta moradores de São Paulo e faz preços de alimentos subir
A falta de água prejudica população da região metropolitana e do interior do Estado
BLOG O MURAL: Por Lúcia Rodrigues, especial para o Viomundo
A falta de água em São Paulo é um problema que está longe de ser resolvido. Nem mesmo a forte chuva que caiu sobre a cidade neste domingo, 18, vai amenizar o sofrimento da população que convive com o corte no fornecimento de água potável nas torneiras, devido à falta de investimentos do governo do Estado na ampliação de novos mananciais e novas estações de tratamento.
A reportagem do Viomundo entrevistou diversas pessoas que estão sendo atingidas pelo racionamento no Estado, para entender quais são os principais transtornos gerados por decisões eleitoreiras como as do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que preferiu esconder da população que as represas estavam secando, a admitir a falta de investimentos na área.
A equipe optou pela represa Jaguari, localizada na divisa de Minas Gerais, porque esse foi o reservatório escolhido por Alckmin para a solenidade de bombeamento do volume morto.
O cenário presenciado é caótico. A represa está praticamente seca. A água só pode ser vista em pontos isolados da região.
Para se ter uma ideia da gravidade da situação, vários moradores para encurtar o trajeto entre os bairros, optam por caminhar dentro do que antes foi o leito da represa Jaguari, uma das duas principais reservas hídricas da Cantareira, o mais importante sistema de abastecimento de água da Sabesp.
Vestígios de casas de um antigo vilarejo, que foi inundado pelas águas quando a represa foi construída, também podem ser vistos no que já foi o fundo do reservatório. Piers que serviam de ancoradouro para os barcos dos moradores dos condomínios de luxo que existem à beira da represa despencam por falta de água.
Mas esses estão longe de serem os principais problemas que os moradores enfrentam com a falta de água.

Empobrecimento
O racionamento de água rebate na queda do poder aquisitivo das famílias mais pobres que moram no entorno da represa.
A vendedora de caldo de cana Maria Aparecida Alves Lopes, 39 anos, mãe de três filhos, está desesperada. Desde que o reservatório começou a secar, ela viu o orçamento da família cair drasticamente. “Vocês são os meus primeiros clientes, hoje. Tá difícil manter a casa”, revelou à equipe de reportagem do Viomundo, no último sábado, 17, por volta das 14h.
Ela e o marido, não têm outra fonte de renda e sustentam a família (dois filhos, um de quatro anos e outro de 14, e uma filha desempregada, de 19 anos), com o que extraem das vendas do caldo de cana. “O turismo acabou aqui. E olha que já chegou a vir gente até do Chile, da Argentina… Agora só vemos os jet skys e as lanchas indo embora”, lamenta.
O preço dos alimentos subiu em espiral por falta de água para a irrigação. O quilo da batata antes do esvaziamento da represa era comprado, segundo ela, a R$ 1,50, R$ 2, agora saltou para R$ 6. “Pra gente ficou tudo bem mais caro: batata, milho, quiabo…”
A falta de água em casa tem sido driblada por Maria Aparecida, com um poço que existe no fundo de sua residência. “Quem não tem poço, tá sem água.”

São Paulo sem água
A sogra dela que mora em Pirituba, região noroeste da capital paulista servida pela represa Jaguari, é uma das que não têm água nas torneiras.
A reportagem do Viomundo foi até o local para conferir como esse drama atinge milhares de pessoas na região metropolitana de São Paulo.
Ao contrário da nora, a dona de casa Maria de Lurdes Alves Lopes, 58 anos, não tem um poço no fundo de casa. “Aqui (em Pirituba) tá todo mundo sem água. Ontem (sexta-feira, 16) eu andei o dia inteiro nos ferro-velhos pra comprar um latão (para fazer de reservatório), mas não tem mais. Com a falta de água, todo mundo comprou”, explica. Vizinhos dela, têm vários sobre a laje.
O quintal, ela nem lembra quando foi a última vez que lavou. “Só varro com a vassoura, senão o fiscal multa.” Mas o principal problema enfrentado, de acordo com ela, é para lavar roupa. “A água chega de madrugada. Ontem não veio e esta noite chegou às duas da manhã… mas eu não ia levantar nesse horário pra guardar água no tanquinho e na máquina…”, comenta.
Ela revela que a frequência da água no bairro tem sido dia sim, dia não. E conta que já pensa em comprar uma caixa de água menor do que a sua, para manter uma reserva.
Viúva, Maria de Lurdes enfrenta a falta de água com a filha, o genro e o neto, de 13 anos, mas considera ainda mais grave o caso de famílias que têm filhos pequenos. “Pra quem tem criança a situação é ainda pior. A gente pode juntar e lavar uma vez por semana, mas quem tem criança pequena faz o quê?” questiona.
Esse é o caso professora de educação infantil Gislaine Ferreira, 35 anos. Mãe de um adolescente de 16 anos e uma menina de um ano e cinco meses, ela ressalta que passa o dia todo fora de casa e que no horário em que retorna não tem água nas torneiras para executar as tarefas do lar. “A gente trabalha o dia todo fora, meu tempo disponível pra fazer as coisas em casa é à noite, mas não posso, porque não tem água. Aí fica complicado.”
“Para onde vai tanto dinheiro”, pergunta, ao se referir à falta de investimentos para evitar o racionamento de água. “Quem tá no comando não vai fazer nada? Vai ficar assistindo? No Palácio dos Bandeirantes não falta água, lá é tudo bem limpinho”, critica.
“A gente tá a mercê, mas as eleições estão aí…”, adverte.
[Para ver uma galeria de fotos, clique aqui]

Comerciantes também sofrem
O gerente da padaria do bairro, Paulo José Flores (foto acima), 33 anos, não tem dúvida de quem é o responsável pelo desabastecimento de água. “A culpa é do governo, porque sabia há bastante tempo que a água ia faltar e não fez nada… Agora quem paga é a gente…”, afirma revoltado.
O chapeiro do mesmo estabelecimento, Dionísio de Abreu, 52 anos, revela como o racionamento atrapalha os comerciantes que dependem da água para suas atividades. “Aqui tem água dia sim, dia não e isso atrapalha demais a higiene geral da padaria. É mais trabalho pra lavar copos, pratos…”
Em casa a situação também é de penúria. “Nos dias em que falta água, banho só de canequinha. Nunca vi um problema como este, já tem três, quatro meses com essa falta de água…”, recorda Dionísio.
A dona de casa Maria de Lurdes também afirma que não se lembra de ter enfrentado um problema tão grave de falta de água no bairro. “Nasci e me criei em São Paulo, nunca vi nada igual. E a tendência é piorar… Você viu aquela água que tão tirando (do volume morto)? Tá saindo marrom… Eles vão ter que tratar, mas a água deve ser pior”, ressalta, preocupada com a saúde da família.
O aposentado Zélio Pinheiro, de 75 anos, morador às margens da represa Jaguari, também conta que nunca passou por um problema parecido. “Nunca vi uma coisa assim na minha vida. A gente fica preocupado com a água sumindo. Como é que a gente vai ficar?”, pergunta apreensivo.
Mas não só os mais idosos que se preocupam com a falta de água. Os estudantes universitários Caio Custódio, de 18 anos, e sua namorada, Ana Carolina Poleti, de 19 anos, tiraram a tarde do último sábado, 17, para fazer uma visita ao que já foi uma imponente represa. “Antigamente, a gente vinha com os pais aqui, para pescar. Hoje é triste voltar… Nossa… como tá seca”, afirma surpreso.
[Para produzir conteúdo próprio como este, de assuntos quase invisíveis para a mídia corporativa, o Viomundo depende do generoso financiamento de seus leitores. Torne-se um assinante]

domingo, 18 de maio de 2014

O prazer de trocar figurinhas da copa do mundo do Brasil.

Fotos arquivo pessoal
BLOG O MURAL:  Desde 6 de abril figurinhas e álbum está a disposição da população nas bancas de todo o Brasil. A empresa não divulga qual é a quantidade distribuída, mas especulações dão conta de inicialmente, 8,5 milhões de exemplares em todo o país, com previsão de reimpressão. O álbum também foi lançado em mais de 110 países.

Agora quem nunca abriu um pacote de figurinhas e esperou por aquela que finalmente iria completar o álbum, ou aquela que quase ninguém tem, não sabe descrever a emoção. Esse é o sentimento de todo colecionador, novo ou antigo, que trabalha para completar o álbum de figurinhas da Copa do Mundo do Brasil.

Fotos arquivo pessoal
A mãe ajuda a filha a encontrar os números que faltam no seu álbum no pacote de repetidas, ela também acha que o movimento trouxe mais desenvoltura a filha. “Ela é muito introvertida. Aqui, ela tem que chegar e conversar com as pessoas e isso ajuda bastante”. Podemos destacar outros pontos positivos, como caso do Seu Paulo Tarço de Almeida que aos 69 anos, encontramos todo empolgado a procura da ultima figurinha para fechar seu álbum da copa. Ele nos contas que isso é um prazer que ele não pode descrever, pois na sua infância era muito difícil ter dinheiro para comprar e até mesmo colecionar figurinhas, “mato aqui a saúde da minha infância difícil” diz Paulo.

Fotos arquivo pessoal
O Washington e Valdirene proprietário da Banca Sales, na AV: Armando Sales, ponto de troca da cidade está eufórico, ele diz: “na outra copa (2010) já foi assim uma grande quantidade de gente passando por aqui (Banca Sales) para passar parte da manha de domingo trocando figurinha da copa, isso é bom, porque mostra que todos gostam de compartilhar e trocar” Sorridente e gentil sua esposa atende os clientes que compram as figurinhas, pois muitos preferem os famosos pacotinhos fechados para abrir, que pedem na troca pelas repetidas. Ele não quis informar quanto vende no domingo de figurinhas, todo sem jeito ele manda chutar o número...

Fotos arquivo pessoal
  É impossível dizer ao certo quanto de figurinha se envolve nas trocas, mas passar parte da manhã de domingo trocando figurinha com pessoas que conhecemos na cidade e outras que nunca vimos, é um prazer imensurável, pois encontramos neste posto de troca moças, rapazes, idosos, jovens, crianças, mães com bebês de colo, avós com netos, pais com seus filhos assim como eu, enfim todos se encontram no domingo de manha na banca Sales, para trocar não só figurinhas, mas também um gesto de amizade e cooperação na coleção das figurinhas da copa do Mundo do Brasil.   


Fotos arquivo pessoal

Fotos arquivo pessoal

Fotos arquivo pessoal

Fotos arquivo pessoal
Fotos arquivo pessoal



Fotos arquivo pessoal

Fotos arquivo pessoal

Fotos arquivo pessoal

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Os 10 erros da Sabesp que provocaram a falta de água em São Paulo.


A represa Jaguari, que integra o Sistema Cantareira
A represa Jaguari, que integra o Sistema Cantareira

BLOG O MURAL: Com o volume morto do Sistema Cantareira se aproximando das torneiras do cidadão de São Paulo, resta ao governador Alckmin administrar o que sobrará do principal manancial, inaugurado em 1974.
Se a projeção do comitê de gerenciamento de crise é uma seca a cada 3.374 anos, a Sabesp deveria deixar de fazer exercício de futurologia e encarar o assunto com seriedade. Como deixou de fazer a lição de casa, deveria se preparar para as interferências no meio urbano e acompanhar com lupa o que se passa no seu maior mercado consumidor: a região metropolitana de São Paulo.
O Sistema Cantareira suportou por 40 anos todo tipo de agressão, da exploração irracional à leniência com ocupações irregulares, e agora a ameaça torna-se mais clara a cada malabarismo do governo do estado. Podemos elencar a crise em dez pontos principais:
  1. A Sabesp aposta na metade do volume morto do Sistema Cantareira (5% do total da capacidade) como segurança hídrica para o mês de novembro. Algo similar ao usar o cartão de crédito quando a conta está com o limite esgotado. Como não há alternativas a curto e médio prazos, a falta de água será inevitável.
  2. Se não há segurança sobre o volume de chuvas para novembro, dezembro de 2014 e janeiro de 2015, estão escancaradas a falta de competência e planejamento da Sabesp. Dependente unicamente do clima. Sem alternativas viáveis, faltará água em 2015 também.
  3. Se a região metropolitana continua dependente do Sistema Cantareira, como apontava a Outorga de 2004, as iniciativas do governo junto à Agência Nacional de Águas – ANA – chegaram apenas quando já se anunciava a possibilidade de rodízio e o nível do sistema chegava aos míseros 10% de sua capacidade. Para qualquer correção de rumo como as anunciadas por Alckmin, serão necessários ao menos cinco anos para a construção de um novo sistema de abastecimento.
  4. Se 49% das ações da Sabesp estão nas mãos de investidores que buscam liquidez no mercado com rendimentos cada vez mais insatisfatórios dos papéis, a margem de investimentos na recuperação da sucateada rede de distribuição será mais uma vez protelada, mantendo o volume de perdas no patamar de 7m³/s.
  5. Há falta de uma política de proteção de áreas de produção de água pela Sabesp, com a construção de sucessivos condomínios de alto padrão nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Inserir áreas produtoras de água na lógica da especulação imobiliária tem resultado na redução da produção. A perspectiva dos especialistas é contínua perda de vazão, cenário nada adequado para a realidade do Sistema.
  6. As Parcerias Público-Privadas para a ampliação e construção do novo Sistema São Lourenço – que demandará desmatamento inédito de largo trecho de mata atlântica – colocam o sistema na “roda viva” do sistema financeiro, transformando água em mercadoria, elevando a tarifa da conta de água.
  7. O treinamento de equipes para “educar” a população para o racionamento é irrisório diante do quadro crítico a que se chegou. A Sabesp não possui prática de largo programa de educação ambiental em período de abundância de água. Em período de seca, adotar políticas educativas está mais próximo do desespero administrativo do que ação de planejamento ambiental.
  8. A política de reuso é parte da política da Sabesp de tratar água como mercadoria. Com vendas em alta, os acionistas agradecem.
  9. A falta de credibilidade da Sabesp com publicidade em outros estados do país imprime sua imagem como empresa que busca novos mercados em saneamento, como lixo e estações de tratamento de esgoto.
  10. A despoluição de corpos d’água é ação secundária da política de saneamento da Sabesp.
Sobre o Autor
Edson Domingues, 45 anos, é escritor, ambientalista e autor de projetos de sustentabilidade na periferia de São Paulo. Formado pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, FESPSP.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Denuncia: GOVERNO DE SÃO PAULO DEIXA DE REPASSAR R$ 2 BI EM 6 ANOS


GOVERNO DE SÃO PAULO DEIXA DE REPASSAR R$ 2 BI EM 6 ANOS

Ao contrário do que diz o Reitor Zago, as causas da Crise Financeira da USP são muitas. Nenhuma delas, responsabilidade dos que estudam e trabalham para garantir as atividades vitais de produção de conhecimento na USP.

Como denunciou a ADUSP (Associação dos Docentes da USP), as Universidades Estaduais Paulistas tiveram quase 2 BILHÕES DE REAIS sonegados pelo Governo do Estado de São Paulo nos últimos 6 anos. Trata-se de uma Verba destinada às Universidades por uma Lei Estadual.

Nos indigna o fato do Reitor Zago, mesmo tendo mandado uma carta à toda Universidade de São Paulo, culpabilizando os salários dos funcionários e professores, mesmo recebendo um supersalário ilegal, de valor superior ao do Governador do Estado, ter omitido essas informações. Onde está a transparência, Zago?

Fonte: http://www.adusp.org.br/index.php/campanha-salarial-2014cs/1921-mais-um-capitulo-na-sonegacao


BLOG O MURAL:  Ao contrário do que diz o Reitor Zago, as causas da Crise Financeira da USP são muitas. Nenhuma delas, responsabilidade dos que estudam e trabalham para garantir as atividades vitais de produção de conhecimento na USP.
Como denunciou a ADUSP (Associação dos Docentes da USP), as Universidades Estaduais Paulistas tiveram quase 2 BILHÕES DE REAIS sonegados pelo Governo do Estado de São Paulo nos últimos 6 anos. Trata-se de uma Verba destinada às Universidades por uma Lei Estadual.
Nos indigna o fato do Reitor Zago, mesmo tendo mandado uma carta à toda Universidade de São Paulo, culpabilizando os salários dos funcionários e professores, mesmo recebendo um supersalário ilegal, de valor superior ao do Governador do Estado, ter omitido essas informações. Onde está a transparência, Zago?

domingo, 11 de maio de 2014

Manchetes das principais notícias do Brasil e nossa região.

BLOG O MURAL:

Criação da RMS altera valores limites de imóveis do Minha Casa


Subsídios mudam também: de R$ 17 mil para R$ 23 mil

Anderson Oliveira

O valor dos imóveis aptos a receberem subsídio do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) deve ser ampliado com a criação da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). O teto era dos R$ 145 mil em Sorocaba, mas, com a mudança, esse valor passará para R$ 190 mil em todos os 26 municípios da RMS. O subsídio para trabalhadores que ganham entre três e 10 salários mínimos também deverá ser reajustado, passando de R$ 17 mil para R$ 23 mil. A notícia é positiva para o setor imobiliário e para os compradores da região, porém, é possível que os imóveis comercializados pelo teto anterior tenham o seu valor ampliado.
Edson Previato, gerente regional da Construção Civil da Caixa Econômica Federal (CEF), afirma que, com a criação da RMS, o teto (de custo) dos imóveis é ampliado, de acordo com a legislação do programa MCMV. No entanto, para entrar em vigor, o governo do Estado de São Paulo precisa criar as comissões e os conselhos necessários para a administração da RMS. "Além disso, tem também que homologar a região metropolitana junto ao Ministério das Cidades", diz ele, que acredita serem necessários em torno de cinco meses para que isso se concretize.
Outra mudança expressiva, na visão de Previato, é a ampliação dos valores dos subsídios. Ele conta que, até agora, o valor máximo era de R$ 17 mil, mas deve passar para R$ 23 mil com a concretização da RMS. "Nas outras cidades, aumenta também o limite de renda para R$ 5 mil", conta. Esse limite de renda, segundo ele, já era praticado em Sorocaba, por ser sede da região administrativa.

Mudança é positiva
Representantes do setor imobiliário e da construção destacam que a mudança deve trazer benefícios tanto para quem vende quanto para quem compra. "É muito positivo para o setor, mas demanda ainda um tempo para funcionar", afirma Flávio Amary, diretor regional do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). Ele enfatiza que a entrada em vigor desses novos valores pode demorar, por conta da burocracia necessária.
O diretor do Secovi diz que o setor imobiliário necessitava dessa aplicação há algum tempo, adequando o Minha Casa, Minha Vida à realidade de Sorocaba. "Ela se adequa à realidade da cidade de Sorocaba, devido à proximidade com a cidade de São Paulo", observa Amary, destacando o dinamismo da economia de Sorocaba.
Elias Stefan Júnior, presidente do Sindicato da Construção (SindusCon), acredita que a revisão dos valores do MCMV deve favorecer, principalmente, as pessoas interessadas em adquirir seu primeiro imóvel. "Porque vai aumentar o teto e incluir um número maior de pessoas", avalia. Amary opina que a notícia é positiva para ambos os lados: vendedores e compradores. "Vai ajudar a viabilizar novas oportunidades aos compradores", explica.

Reajustes
O jornal Cruzeiro do Sul obteve a informação de que, com a efetivação da RMS, alguns imóveis atualmente comercializados pelo teto de R$ 145 mil seriam reajustados com o novo valor, de R$ 190 mil. De acordo com Flávio Amary, isso é possível, mas vai depender do produto e dos objetivos das empresas. "Se ela prefere vender mais rápido, com o custo antigo, ou obter maior lucro", conta. Para ele, o reajuste também deve obedecer à regra de mercado, ou seja, deve depender da oferta e da procura.
Já Elias Stefan Júnior, não acredita que os produtos com o valor atual devam ter reajustes tão significativos. "Individualmente, alguns empresários tomam as atitudes que acham melhor para seu negócio; agora, se o mercado vai absorver, é um risco dele", opina. Ele acredita que a concorrência deve demover esses reajustes, embora alguns produtos possam ser realinhados. "Nas outras vezes em que foram alterados esses preços (do MCMV), não ocorreu mudança nos preços de venda", lembra ele, destacando que o consumidor deve fazer comparativos no mercado antes de fechar o negócio.

Dois mananciais de Sorocaba podem ficar comprometidos com a falta de chuvas


Represas de Ipaneminha e do Éden são responsáveis pelo abastecimento de 40% da cidade

André Moraes
andre.moraes@jcruzeiro.com.br

A estiagem deste ano vem se tornando cada vez mais crítica e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) revela que se a chuva não vier nas próximas semanas, os níveis de dois mananciais que atendem 40% da cidade poderão ficar comprometidos. A autarquia informa que se preocupa com as represas de Ipaneminha e do Éden (Pirajibu), mas ainda não fala em racionamento, somente alerta para a conscientização da população para evitar desperdícios. A situação do clima não é muito favorável, já que não chove há 21 dias na cidade e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que essa situação deverá se estender até, pelo menos, a próxima semana.

De acordo com o Saae, os níveis dos mananciais de Ipaneminha e Éden ainda não estão críticos e continuam captando 400 e 250 litros de água por segundo, respectivamente, conforme outorga do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee). Como uma possível solução, caso a seca continue, a autarquia deverá se utilizar de represamentos particulares existentes nas duas regiões para suprir a falta de água nas represas. 

Mas, além disso, o Saae também cita a conscientização da população, já que para que o volume de água dessas duas represas não diminua tanto, os munícipes precisam evitar desperdícios. Sobre o volume total de consumo de água na cidade, a autarquia revela que não têm ocorrido alterações significativas. Porém, ressalta que vem realizando campanhas de conscientização. O Saae ainda descarta a possibilidade de adotar ações de incentivo ou punição para quem consome menos ou mais água, "visto que essas ações exigem previsão orçamentária e regulamentação."

Apesar dessa preocupação com os mananciais de Ipaneminha e Éden, o Saae relata que o principal manancial que abastece a cidade, a represa de Itupararanga, não apresenta riscos de comprometer o envio de água às torneiras de 60% dos sorocabanos. A autarquia explica que o manancial está em propriedade do Grupo Votorantim, cuja operação é responsabilidade da empresa Votorantim Energia. "Em todas as últimas consultas realizadas junto aos seus responsáveis, inclusive em reunião realizada na terça-feira (06/05), a informação tem sido a de que, mesmo com a estiagem, o volume de água necessário para o abastecimento público está garantido", informa a nota enviada pela assessoria de imprensa.

Sem chuvas

O cenário meteorológico não é favorável à situação do abastecimento de água. A última chuva registrada em Sorocaba ocorreu no dia 19 de abril, ou seja, há 21 dias. Porém, a mais significativa, em volume de água, ocorreu no dia 14 de abril, quando choveu 124 milímetros.

Como estamos em uma estação em que, historicamente, não possui muitas previsões de chuvas, a tendência é que essa seca se prolongue ainda mais nos próximos meses, informa a meteorologista do Inmet, Neide Oliveira. Segundo ela, a falta de chuvas deve perdurar até, pelo menos, o mês de agosto, pois, até lá, o tempo é predominado por duas estações consideradas secas, que seriam o outono e o inverno. "Nesse período só ocorrem chuvas com passagens de frentes frias ou alguma instabilidade que se forma", explica a meteorologista. Portanto, somente quando chegam as estações mais quentes, a primavera e verão, que são esperadas chuvas mais significativas.

Para os próximos dias, a previsão não é nada positiva. Ela informa que uma frente fria chegou anteontem à região, que poderia trazer chuvas, porém, somente deixará o tempo um pouco mais nebuloso. "Provoca uma queda nas temperaturas, mas chuva que é bom nada", afirma.

O que torna essa situação ainda mais agravante é que o verão deste ano foi bastante seco, não só em Sorocaba, mas em boa parte do Estado de São Paulo. Segundo as medições do Inmet, desde o começo do ano, os totais de chuvas esperadas para cada mês não foram atingidos na cidade. Em janeiro, que é um mês considerado bastante chuvoso, eram esperados 273 milímetros (mm) de chuva, porém, só atingiu 112. Em fevereiro, a previsão era de um registro de 160 mm de chuvas, mas somente chegou a 76 mm. Em março, o Inmet calculava que seriam 131 mm de chuvas, mas o registro oficial chegou apenas a 89,7 mm. Abril foi o único mês que superou a expectativa, que seriam de 64 mm. Choveu na cidade 146 mm. Mas isso não é motivo de comemoração, segundo a meteorologista, já que somente uma chuva registrou 124 mm naquele mês. "Mesmo com esses números, o mês foi bastante seco, porque só tivemos chuvas em quatro dias. O ideal é que esses 124 mm fossem distribuídos por todo o mês", explica.

Chuvas estimadas e registradas em Sorocaba
MêsPrevisão de chuva (em milímetros)Chuvas registradas (em milímetros)
Janeiro273112
Fevereiro16076
Março13189,7
Abril64146
Maio770*

Pálpebra caída atrapalha visão e é mais comum em idosos

Paula Felix

do Agora
Inclinar a cabeça para trás para enxergar melhor é um dos sinais da queda de pálpebra, problema que pode ser congênito (pessoa tem desde que nasceu) ou adquirido na velhice e que pode comprometer a visão.
Em qualquer caso, a correção é feita por cirurgia.
A queda pode ser detectada facilmente diante do espelho: basta ver se a pálpebra está mais caída e cobrindo o eixo visual.
"Pode acontecer em um ou nos dois olhos. Em graus mais graves, tampa o eixo de visão, a 'menina dos olhos'", explica o oftalmologista do Hospital Cema Leonardo Nicioli.
Quando a pessoa nasce com o problema, segundo Nicioli, o ideal é fazer o procedimento ainda bebê.

Família de mulher morta no Guarujá teve medo de boato

Folha de S.Paulo

Guarujá - Uma família de Guarujá vivia angustiada nas últimas semanas com boatos sobre uma sequestradora de crianças à solta na periferia.
O medo naquela casa do bairro de Morrinhos era que a criminosa se aproximasse de Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, casada e mãe de duas filhas.
"Se ela chegasse na minha irmã, tomaria as crianças dela. Porque a Fabiane é assim: se alguém começa a conversar com ela no ônibus, conta a vida inteira.
O desabafo, com os verbos no presente, é de Leidiane, 31 anos, irmã mais nova de Fabiane, linchada no último dia 3, sábado, por moradores do bairro após ser confundida com a suposta "bruxa" e "sequestradora de crianças".

Indenização por erro médico varia de R$ 34 mil a R$ 250 mil

Léo Arcoverde

do Agora
De R$ 34 mil a R$ 250 mil.
Variaram entre esses dois valores as indenizações por danos morais estipuladas pela Justiça em casos de mortes decorrentes de erros médicos ocorridos em hospitais públicos do Estado cujos processos foram analisados pelo Agora.
Há uma diferença de 635% entre uma quantia e outra.
A reportagem analisou dez processos, julgados entre 2011 e este ano, em que Estado, municípios ou mantenedores de unidades do SUS (Sistema Único de Saúde) foram condenados por causa de erros médicos.
Em sete deles, os paciente morreram –cinco deles eram crianças. Em dois, a vítima ficou com algum tipo de paralisia. No outro, a equipe médica deu alta ao paciente após não retirar um pedaço de lixa do pé dele. Esse havia sido o motivo de ele ter ido à unidade.
A indenização mais baixa foi concedida à família de uma recém-nascida morta logo após o parto, em um hospital de Caçapava (116 km de SP), em 1999.
A mais alta é a do caso de uma estudante morta após uma auxiliar de enfermagem injetar vaselina (no lugar de soro) em sua veia, em um hospital no Jaçanã (zona norte), em 2010.

Rádio comunitária dá voz à população de Itaquera

Adriana Chaves

do Agora
De artistas que estão com músicas entre as mais tocadas do momento, como Gusttavo Lima e Eduardo Costa, a representantes da velha guarda, como Vicente Celestino, a Rádio Comunitária Itaquera tem espaço para todos os gostos.
A diversidade de religiões também marca a programação, com horários para o público evangélico, católico e umbandista.
Sediada em um sobrado de Itaquera (zona leste), a rádio comunitária entrou no ar às 20h30 de 11 de janeiro de 2011, após dez anos da inscrição para obter a licença temporária.
Em 17 de fevereiro de 2013, saiu a autorização definitiva para a RC Itaquera operar em 87,5 FM.
Para o presidente e jornalista responsável, Paulo Ferraz Simões, 56 anos, sendo 28 deles dedicados à comunicação, a rádio foi a realização de um antigo desejo.
"Quando começaram as inscrições para as rádios comunitárias com base na Lei 9.612/98, achei que Itaquera não poderia ficar de fora.

Forças Armadas iniciam operação com 30 mil militares para patrulhar fronteiras

 Agência Brasil 
FAB fiscaliza aviões na fronteira - Foto Silva Lopes - Divulgação FAB
FAB fiscaliza aviões na fronteira - Foto Silva Lopes - Divulgação FAB
As Forças Armadas brasileiras iniciaram hoje (10) a Operação Ágata 8, com o objetivo de combater crimes e irregularidades na fronteira brasileira. Este ano, em função da Copa do Mundo, a ação vai abranger toda a extensão da fronteira, que tem 16,8 mil quilômetros. O mesmo ocorreu em 2013, motivado pela visita do papa Francisco e da realização da Copa das Confederações. Nas seis primeiras edições, nos anos de 2011 e 2012, a operação patrulhou somente pontos estratégicos.
Para dar conta do patrulhamento, cerca de 30 mil militares do Exército, Marinha e Aeronáutica foram destacados. Além desse contingente, participarão agentes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar dos estados envolvidos. Também vão colaborar profissionais da Receita Federal e de agências governamentais como a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Eles estarão atentos aos principais crimes fronteiriços, como tráfico de drogas e armas, contrabando, crimes ambientais e imigração, além de garimpo ilegais, por exemplo.
A Marinha também participa da Operação Ágata - Foto Felipe Barra - Divulgação
A Marinha também participa da Operação Ágata - Foto Felipe Barra - Divulgação
De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério da Defesa, o posicionamento das tropas para início da Ágata 8 começou na última semana e a ação foi oficialmente deflagrada às 8h de hoje. Ainda segundo a assessoria, não há prazo para o fim da movimentação, já que isso dependerá dos desdobramentos da fiscalização. No entanto, ao fim será divulgado um balanço.
A Operação Ágata 8 é parte do Plano Estratégico de Fronteiras, criado pela presidenta Dilma Roussseff em 2011. Antes da deflagração, o governo brasileiro manteve contato com os dez países vizinhos para repasse de informações sobre o emprego do aparato militar. A operação está sob comando do ministro da Defesa, Celso Amorim, e do general José Carlos De Nardi, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.

Marcha da Maconha reúne 10 mil pessoas na zona sul do Rio

Agência Brasil
A 12ª Marcha da Maconha do Rio reuniu hoje, apesar da chuva, cerca de 10 mil pessoas, segundo os organizadores. A manifestação ocupou as duas pistas da Avenida Vieira Souto, em Ipanema, em direção a Copacabana, na zona sul do Rio. Para o vereador do PSOL Renato Cinco, coordenador da marcha, que defende a liberação da maconha, a proibição, além de provocar a violência e a corrupção, cria um mercado fora de controle e impede que pessoas que necessitam dela para uso medicinal tenham acesso à planta. O vereador defendeu a regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso da maconha como medicamento.
Marcha da maconha aconteceu na orla de Ipanema, zona sul do Rio, e pede a legalização do consumo(Tomaz Silva/Agência Brasil)
A marcha uniu discursos pela legalização da maconha e contra a violência de gêneroTomaz Silva/Agência Brasil
“Acho que o debate está avançando muito. Na verdade o grande obstáculo no Brasil para novos avanços é a bancada fundamentalista do Congresso Nacional, que impede o avanço de qualquer pauta libertária”, disse.
Na avaliação do deputado federal do PSOL Jean Wyllys, o Congresso precisa "jogar com honestidade" na discussão do tema da legalização da maconha e ouvir mais a ciência com referência ao uso da planta para fins medicinais. “Não se ouve os especialistas. O próprio escritório da ONU para drogas e criminalidade aponta que a guerra às drogas foi ineficaz, porque produziu um número muito grande de mortes e o consumo não caiu”, disse.
Os blocos Planta na Mente e Nada Deve Parecer Impossível de Mudar participaram da marcha puxando músicas que eram acompanhadas pelos manifestantes.

Marcha da Maconha espera reunir 20 mil pessoas no Rio

Quatro manifestantes foram presos em Magé a caminho da marcha por serem flagrados com sete cigarros e dez pacotes com a droga


Idiana Tomazelli - Agência Estado
RIO - Cerca de 300 pessoas se concentram para participar da Marcha da Maconha, no Jardim de Alah, na divisa entre Ipanema e Leblon, na zona sul do Rio, na tarde deste sábado, 10. A organização espera que 20 mil pessoas participem do ato que vai seguir em direção ao Arpoador.
Manifestantes acreditam que a legalização da maconha pode ajudar a diminuir a violência - Fabio Motta/Estadão
Fabio Motta/Estadão
Manifestantes acreditam que a legalização da maconha pode ajudar a diminuir a violência

"O objetivo é fortalecer cada vez mais o debate da legalização da maconha, que é cada vez mais urgente devido a violência urbana", disse Campello. Para ele, a recente decisão do Uruguai, de legalizar a maconha, é um exemplo na luta para combater o narcotráfico.De acordo com a Polícia Militar, quatro manifestantes foram presos no município de Magé a caminho da marcha por serem  flagrados com sete cigarros e dez pacotes com a droga. Para Antonio Henrique Campello, servidor público de 28 anos e um dos organizadores do evento, as prisões foram "arbitrárias" e  um advogado que integra o movimento foi encaminhado para a cidade para ajudá-lo.
Os manifestantes, com máscaras que reproduzem a folha da maconha, levam cartazes a favor da legalização escritos "chega de hipocrisia" e "não compre, plante". A Fifa e a Copa do Mundo também são alvo de críticas: "Basta de guerra às drogas e de limpeza social em nome da Copa", dizia um dos cartazes.
A marcha, que conta com um carro de som e uma grande réplica de um cigarro de maconha, será divido em alas com temas como feminismo, capitalismo, psicodelismo, cultivo e plantio em casa, e drogas e direitos humanos.O ato será acompanhado por 30 policiais e outros 50 reforçam o policiamento em toda a orla das praias de Ipanema e Leblon.
Segundo o major Luciano Cunha, do 23º Batalhão, o objetivo é acompanhar a movimentação. "A ideia do policiamento é preservar a integridade física dos manifestantes, não reprimir", disse. O major ressaltou que, caso alguém seja seja flagrado fumando um cigarro de maconha, "a lei tem de ser cumprida".
Trânsito. Fiscais da CET-Rio informaram que quando a marcha começar, o trânsito na Avenida Vieira Souto no sentido Copacabana será interrompido a partir da rua Henrique Ramos. Participam da manifestação pessoas de outras cidades, como Magé e Curitiba.

Acusados de tortura, 46 monitores de unidades de internação de jovens em Alagoas são afastados

Medida foi tomada durante mutirão do CNJ para avaliar situação de adolescentes internados no Estado; jovens teriam sido torturados um dia após visita do presidente do STF, Joaquim Barbosa

por Mateus Coutinho
Quarenta e seis monitores de unidades de internação de jovens em conflito com a lei de Alagoas foram afastados de suas funções após serem acusados de torturar adolescentes internados. A informação foi divulgada nesta sexta-feira, 9, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Dentre os relatos que estão sendo investigados pelo Ministério Público e pela Defensoria, existe a denúncia de que um grupo de monitores mascarados teria invadido os alojamentos onde os jovens dormiam em uma unidade de Maceió e os agrediram um dia após a visita do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ao local, realizada no dia 15 de abril.
“Foram produzidos laudos de corpo de delito que comprovam a prática de tortura por parte de 18 dos 46 monitores afastados. Nesses casos, há comprovação material das agressões em procedimentos instaurados pelo Ministério e pela Defensoria Públicos, que lutam incessantemente contra a tortura”, afirmou a juíza designada pelo CNJ para verificar a situação do sistema socioeducativo de Alagoas, Ana Cristina Borba Alves. De acordo com os relatos feitos pelos internos à magistrada, eles teriam sido agredidos com socos, chutes e golpes de vassoura.
Ana Cristina, que coordena desde segunda-feira, 5, o mutirão “Eficiência e Socioeducação” do CNJ no Estado afirmou que a medida atende a decisões judiciais e pedidos do Ministério Público e da Defensoria Pública de Alagoas. ”Foram produzidos laudos de corpo de delito que comprovam a prática de tortura por parte de 18 dos 46 monitores afastados.
“Nesses casos, há comprovação material das agressões em procedimentos instaurados pelo Ministério e pela Defensoria Públicos, que lutam incessantemente contra a tortura”, afirmou a juíza. O mutirão visa fiscalizar as unidades de internação de Teresina bem como os processos de todos os adolescentes que cumprem medida socioeducativa no Estado.
Conanda.  Ainda segundo o CNJ, a situação do sistema socioeducativo alagoano também foi debatida durante a 228ª Assembleia Descentralizada do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), realizada nesta semana em Maceió (AL). Na ocasião, a juíza auxiliar da Presidência do CNJ, Marina Gurgel, que representou o órgão na audiência pública realizada na quarta-feira, 7, apresentou balanço da situação “caótica” encontrada nas unidades de internação em visitas realizadas anteriormente pelo CNJ.
“Em alguns casos, a situação de adolescentes internados aqui em Maceió consegue ser pior do que o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), reservado a presos adultos de alta periculosidade. Muitos adolescentes passam 23 horas segregados em alojamentos imundos e recebem alimentação imprópria ao consumo humano”, disse a magistrada, que participou ainda de reunião com membros do Sistema de Justiça local e da sociedade civil para esboçar uma espécie de força-tarefa contra as violações dos direitos humanos de adolescentes em Alagoas.
“Foi um diálogo inicial em que pontuamos algumas providências necessárias para tentar reverter o quadro socioeducativo no Estado. Mas tudo depende da atuação do Poder Executivo, responsável pelo sistema”, disse a juíza.

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Equipe do jornal ‘Extra’ é ameaçada por suspeito em operação da PF no Rio

Investigado por fraude em plano de saúde dos Correios teria jogado carro contra a reportagem


Marcelo Gomes, de O Estado de S. Paulo
RIO - Uma equipe do jornal carioca 'Extra' foi ameaçada por um investigado pela Polícia Federal, na manhã desta sexta-feira, 9, na zona oeste do Rio de Janeiro. Os profissionais cobriam operação para desbaratar quadrilha suspeita de fraudes no plano de saúde dos Correios.
Antes disso, Silva já tinha batido no carro do jornal, ao dar marcha à ré com seu veículo, informa o jornal. Quando os jornalistas desceram do carro, Silva teria dito "Oi, Flávia", demonstrando conhecer a repórter, que desde agosto do ano passado vem publicando reportagens sobre as supostas irregularidades no plano de saúde dos Correios. O ataque foi registrado na 32ª Delegacia de Polícia (Taquara, zona oeste).De acordo com o jornal, um dos suspeitos de envolvimento no esquema, identificado como João Maurício Gomes da Silva, jogou seu carro contra o veículo da equipe de reportagem, que passava no sentido oposto da Estrada de Curicica. Silva entrou com seu carro na contramão e teria tentado bater no veículo do 'Extra', em que estavam a repórter Flávia Junqueira, o fotógrafo Fábio Guimarães, e o motorista Bruno Guerra. O motorista do jornal conseguiu desviar e evitar a colisão.

Oposição se une em chapa contra clã Sarney no Maranhão

Flávio Dino, do PC do B, lidera pesquisas, fez parte do governo Dilma e tem apoio do PSB e do PSDB


Ricardo Galhardo - Enviado especial de O Estado de S. Paulo
SÃO LUÍS (MA) - Líder absoluto nas pesquisas com 56% de intenções de voto para o governo do Maranhão, segundo levantamento Exata/TV Guará divulgado na sexta-feira, 9, o ex-presidente da Embratur Flávio Dino (PC do B) vive uma situação ímpar. Embora tenha feito parte do governo Dilma Rousseff (PT) e seja filiado a um partido da base governista, ele conta com apoio do PSDB de Aécio Neves e do PSB de Eduardo Campos.
O acordo que selou o amplo palanque de Dino pressupõe que o vice, a ser indicado pelo PSDB, será o coordenador da campanha de Aécio no Estado e o candidato ao Senado, cuja vaga caberá ao PSB, representará Campos. Aliados como o deputado Domingos Dutra (SDD-MA), ex-petista, defendem que Dino fique livre para pedir votos pela reeleição de Dilma, mas o pré-candidato descarta a possibilidade. "Meu palanque estará aberto a todos, mas eu, pessoalmente, não vou pedir votos para ninguém. Como síndico do condomínio, não posso me posicionar explicitamente."Questionado sobre a dubiedade de seu palanque, Dino diz que aposta em uma "solução acriana" para acabar com os quase 50 anos de mando da família Sarney no Maranhão. Ele se refere ao acordo entre PT e PSDB para a eleição do petista Jorge Viana no Acre, em 1998, quando toda a oposição no Estado se uniu para tirar do poder o grupo comandado pelo ex-deputado Hildebrando Pascoal, preso por chefiar o crime organizado no Estado.
Até agora, só Campos (duas vezes) e Aécio (na sexta) participaram de eventos da pré-campanha de Dino. Na sua passagem pelo Maranhão, Campos disse que iria "mandar Sarney para a oposição". Já o tucano evitou o confrontou com o atual senador pelo Amapá, com quem disse ter uma relação pessoal.


Quanto a Dilma, ela não deve passar pelo Maranhão, seguindo a recomendação de não ir a Estados onde a base tenha mais de um candidato. Para complicar mais o cenário, o PT maranhense, pressionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu formalmente apoiar a candidatura do adversário de Dino, o senador Edison Lobão Filho (PMDB), candidato da governadora Roseana Sarney (PMDB), que tem 23% das intenções de voto na pesquisa Exata/TV Guará, embora parte da base petista esteja em campanha aberta a favor do pré-candidato do PC do B.
Estreante em eleições, Lobão Filho herdou há sete anos a vaga no Senado na condição de suplente do pai, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, e aposta na dubiedade da aliança de Dino para avançar. "Falei para o Lula que o meu palanque é só da Dilma."

De acordo com a pesquisa divulgada na sexta, a presidente é de longe a melhor cabo eleitoral do Maranhão, com 66% das intenções de voto no Estado contra os 10% de Aécio e de Campos. Além disso, 3,2 milhões de maranhenses, cerca de 50% da população local, recebem o Bolsa Família.

Em vídeos divulgados nas redes sociais, Lobão Filho aparece em discursos no interior maranhense dizendo que Aécio quer acabar com o Bolsa Família, algo que o tucano nunca afirmou. "Não creio que conceitualmente Aécio e Eduardo vão acabar com o Bolsa Família, mas acho que eles não vão incorporar este programa que é emblemático do PT. Eles darão uma conformação diferente. É o que indica o discurso de Aécio contra o reajuste de 10% nos benefícios", afirmou o peemedebista.

Embora reconheça a eficácia política do Bolsa Família, Lobão Filho adota um discurso crítico em relação ao programa. "Isso chateia profundamente meu orgulho maranhense. Será um ponto central da minha gestão a questão da dependência dos programas sociais. Como empresário, fui contra o Bolsa Família. Para mim, um homem tem que colocar comida na mesa com o suor do próprio trabalho."

Plebiscito.
 Apesar da ampla vantagem de Dino nas pesquisas de intenção de voto, ninguém dá como certa a vitória do comunista. O levantamento Exata/TV Guará mostra que 62% dos entrevistados ainda não escolheram candidato. A única certeza no meio político maranhense é de que esta será uma eleição extremamente polarizada. Pela primeira vez a oposição consegue lançar um candidato único para enfrentar o poderio dos Sarney.

"Será um plebiscito", disse o deputado Roberto Costa (PMDB), um dos líderes da bancada governista na Assembleia Legislativa do Maranhão.
A aliança de Dino reúne PC do B, PSDB, PSB, PROS, Solidariedade, PP, PTC e provavelmente o PDT. O fator comum e o principal foco do discurso é derrotar a oligarquia da família Sarney. "Se eles ganharem esta eleição, serão o grupo que mais tempo esteve no poder em toda a história do Brasil. D. Pedro II ficou 49 anos no poder; os Sarney estão há 48", comparou Dino.

A estratégia tem base no desgaste de Roseana, que está há 14 anos no poder em três mandatos completos e parte de um quarto período, quando perdeu a eleição, mas foi realojada no Palácio dos Leões depois do afastamento de Jackson Lago (PDT) pela Justiça Eleitoral, em 2009.

Segundo pesquisa Ibope/CNI divulgada em dezembro de 2013, Roseana tem 29% de avaliação ótima ou boa contra 34% de ruim ou péssima. Comandado quase ininterruptamente pelos Sarney ou seus aliados há quase meio século, o Maranhão tem o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País, à frente apenas de Alagoas, e comparável ao da Síria, país que enfrenta uma guerra civil.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad), o analfabetismo cresceu de 19,1% em 2009 para 20,8% em 2012, o que equivale a quase 1 milhão de pessoas com mais de 15 anos que não sabem ler nem escrever. Mais da metade das residências do Estado não têm água encanada e esgoto. "Nesta eleição se dirá sim ou não a este mundo", disse o pré-candidato do PC do B.
O desgaste de Roseana e a força de Dilma faz com que, embora estejam em campos opostos, Dino e Lobão Filho adotem estratégias parecidas de se afastar da governadora e do clã Sarney e se aproximar da presidente da República.

Sem ter o PT na chapa, Dino vai explorar o fato de ter participado do governo Dilma como presidente da Embratur e ter apoiado a petista como deputado federal. No início do ano, ele propôs em seu plano de governo a concessão de 13.º salário aos beneficiários do Bolsa Família.

Laços de família. Já Lobão Filho, embora seja indicado por Roseana, tenta se desvincular da governadora e dos Sarney. "Meu nome é Edison Lobão Filho e não Edison Sarney", disse. Empresário há 30 anos, controlador de um império de mídia com emissora de TV, jornal e rádios, o senador de 50 anos aposta na imagem de jovem empreendedor para reverter o quadro eleitoral. "Eu sou o novo não em relação ao nome, mas à visão, ao tipo de gestão que quero implantar no Maranhão. Sou mais empresário do que político."

Nas últimas semanas, Lobão Filho chegou a "despachar" em uma sala no Palácio dos Leões, disse em entrevistas que nomeou e demitiu pessoas no governo e é filho de um dos mais fiéis aliados dos Sarney. Apesar disso, Lobão Filho faz uma manobra delicada para se desvencilhar eleitoralmente dos Sarney. "Não me sinto absolutamente a continuação de um modelo de governo", disse. "Mas registre por favor que não estou avaliando se o modelo atual é certo ou errado."

Fundos de pensão têm déficit recorde e pedem prazo ao governo para se ajustar

Com saldo negativo de R$ 22 bi em 2013, fundos negociam com o Ministério da Previdência um alívio nas regras para que poupadores e empresas não tenham de fazer aportes financeiros


Murilo Rodrigues Alves com colaboração de João Villaverde - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Com déficit recorde de R$ 22 bilhões em 2013, mais que o dobro do ano anterior, os fundos de pensão contam com a ajuda do governo para evitar que empresas patrocinadoras e participantes tenham de aportar dinheiro nos planos de previdência. Nos bastidores, o Ministério da Previdência já admite estender a folga para os planos com saldo em vermelho em 2014, dada a pressão do segmento e a falta de perspectivas de melhora da economia.
A regulamentação limitava a 10% do patrimônio o déficit em um ano. Se superasse esse patamar, os planos eram obrigados a apresentar um programa de resolução do saldo negativo no ano seguinte. A pedido dos fundos, o governo mudou a regra: o teto de déficit subiu para 15% em 2013. O alívio reduziu à metade a quantidade de planos que precisam apresentar ainda neste ano um plano para cobrir os desequilíbrios.
Os fundos pediram que o teto de 15% servisse como parâmetro até 2015. A decisão favorece as empresas estatais por dar um fôlego às companhias públicas que enfrentam problemas de caixa em meio à necessidade de austeridade fiscal. Para que os fundos se reequilibrem, é preciso aumentar as contribuições de participantes e patrocinadores.
O saldo negativo dos fundos de pensão no ano passado foi pior do que em 2009, auge da crise internacional. O déficit de R$ 22 bilhões foi publicado este mês pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), órgão fiscalizador do setor. Em 2012, o rombo foi de R$ 9 bilhões.
"É um resultado preocupante, mas precisamos lembrar que fundos de pensão são negócios de longuíssimo prazo", afirma José Edson da Cunha Júnior, secretário adjunto da Secretaria de Políticas da Previdência Complementar. Ele diz que um dos principais fatores para a explosão do déficit em 2013 foi a desvalorização temporária de aplicações em títulos prefixados do governo, consequência da alta dos juros.
O governo determina que planos com déficit igual ou inferior a 10% do patrimônio por três anos consecutivos devem apresentar um plano de resolução do passivo no ano seguinte. Nele, participantes e patrocinadores explicam como vão colocar mais dinheiro no plano. Se o déficit superar 10%, o plano tem de ser apresentado no ano seguinte. É esse porcentual que subiu para 15% em 2013 e deve continuar nesse patamar em 2014.
As fundações pediram que o teto de 15% fosse usado como parâmetro até 2015, mas o governo achou por bem acatar o pedido somente em relação às contas do ano passado para não dar a impressão de que os próximos dois anos seriam insuficientes para a recuperação da economia. Foi criada uma comissão temática para discutir uma solução definitiva para o problema. O grupo se reuniu pela primeira vez na semana passada e tem seis meses para apresentar uma proposta sobre o assunto, especialmente sobre o descasamento entre ativos e passivos.
Para o presidente da Abrapp, José Ribeiro Pena Neto, o tempo para o grupo apresentar uma proposta é apertado. Ele acredita que somente em 2015 os planos vão se reequilibrar, tendo em vista que neste ano, além da continuidade dos fatores que impulsionaram o déficit de 2013, como queda da Bolsa e inflação alta, há novos ingredientes: Copa do Mundo, eleições e último ano do governo, que impactam nas decisões das empresas estatais, responsáveis pelos maiores fundos.
De toda forma, Ribeiro acredita que, a longo prazo, há compatibilidade no fluxo de pagamento em relação ao que os planos esperam receber. "É importante ver o filme completo e não apenas o retrato de um ano", compara.
Alívio. A especialista em gestão de fundos de pensão, Cecília Garcez, alerta para o problema de se aumentar o limite de déficit olhando apenas o curto prazo, como um alívio de caixa às estatais. Segundo ela, as mudanças passam sinalização aos participantes de que o governo joga com o equacionamento para favorecer os patrocinadores, mas não leva em conta que a conta fica maior a longo prazo.
Se os planos não se reestruturam, aumenta-se a possibilidade de déficits maiores nos anos seguintes. "É uma irresponsabilidade o que estão fazendo", afirma.
PARA ENTENDER
Fundos estatais têm maior rombo
O levantamento do déficit da Previc engloba todos os fundos de pensão do País. As entidades patrocinadas por empresas públicas são responsáveis por 65% dos ativos totais. O maior volume de recursos é encabeçado por Previ ( Banco do Brasil), 25% dos ativos ; Petros ( Petrobrás),11% e Funcef (Caixa), 8%. Como respondem pela maior parte dos ativos, os fundos patrocinados por estatais também são responsáveis pela maior parte do déficit de 2013.

Sequestrador de ônibus já tinha passagens pela polícia

Paulo Roberto da Silva tem cinco casos de furto registrados na Polícia Civil; segundo PM ele não chegou a anunciar o assalto ao ônibus


AE - Agência Estado
O sequestrador Paulo Roberto Ferreira da Silva, de 33 anos, já tinha cinco passagens pela polícia por furto, segundo informações preliminares da Polícia Civil. Silva fez duas pessoas reféns ao sequestrar um ônibus na tarde deste sábado, 10, na Avenida Brasil, Zona Norte do Rio. O sequestro durou cerca de duas horas e meia e terminou com os reféns liberados e o sequestrador preso.Í
Silva está prestando depoimento na 39ª Delegacia de Polícia, onde ficará sob custódia. Segundo os policiais, ele estava completamente transtornado durante a ação, e parecia estar sob efeito de drogas. Ele era usuário de crack. O sequestrador se entregou após receber do negociador um colete à prova de balas.
Também prestam depoimento o motorista do ônibus e a jovem mantida refém durante toda a ação. Ela foi identificada como Rafaela Lobo, de 18 anos. O sequestrador manteve uma tesoura apontada para a jovem durante o sequestro.
A Polícia Militar informou ainda que Paulo Roberto Ferreira da Silva não chegou a anunciar um assalto. Ele teria ordenado ao motorista que parasse o ônibus e que os passageiros descessem. Com a aproximação de uma viatura policial, ele teria feito a jovem de refém.
Impedido de deixar o coletivo, o motorista acabou por auxiliar os negociadores a acalmar o sequestrador. Eles teriam feito uma oração antes de deixar o ônibus. 

Justiça francesa desmascara esquema de fraude fiscal no futebol

Clubes como PSG e Real Madrid, empresas como a Nike e até Valcke são acusados de participar de caixa dois


Jamil Chade, correspondente - O Estado de S. Paulo
GENEBRA - Contratos falsos, contas secretas em paraísos fiscais, como Genebra, Luxemburgo e Bahamas, empresas de fachada e a suspeita do envolvimento de nomes como Paris Saint-Germain, Real Madrid, Nike, Ronaldinho Gaúcho, Anelka e até um certo Jérôme Valcke, hoje o secretário-geral da Fifa. Documentos de investigações realizadas pela Justiça francesa nos últimos anos, obtidos com exclusividade pelo Estado, revelam a criação de um esquema generalizado de caixa dois no futebol europeu. A suspeita na maioria dos casos é de fraude fiscal e crimes financeiros.
Valcke seria um dos principais envolvidos em esquema - Nilton Fukuda/Estadão - 22.04.2014
Nilton Fukuda/Estadão - 22.04.2014
Valcke seria um dos principais envolvidos em esquema
Parte dos casos veio à tona na imprensa europeia. No ano passado, os ex-presidentes do PSG, Laurent Perpere e Francis Graille, foram condenados à prisão em Paris. A Nike também teve um de seus executivos condenado. Já Valcke chegou a prestar depoimento, mas nunca foi indiciado e não sofreu qualquer tipo de punição. Os jogadores também foram inocentados.
O que a investigação revelou foi a criação de uma rede paralela de contratos no futebol. No início deste ano, o Barcelona se viu envolvido em uma enorme polêmica causada pela contratação de Neymar, com alguns contratos obscuros, mas essa prática está disseminada desde o fim dos anos 90, com a participação de empresas multinacionais, canais de televisão, clubes, agentes de jogadores e até dos próprios atletas.
O motivo da existência da manipulação financeira é o esforço de todos os atores do futebol para não pagar impostos e esconder o real volume de dinheiro que circula pelos clubes. O esquema usava diversos tipos de manobras financeiras para promover a sonegação fiscal.
SUPERFATURAMENTO
Uma das manobras era anunciar a compra de um jogador por um valor acima da realidade. O PSG, por exemplo, pagava o valor fictício ao clube que havia vendido o atleta. O dinheiro, em seguida, era usado para o pagamento do salário do jogador. Assim, ele e o clube não pagavam impostos sobre vários meses de salários.
Os documentos mostram como o esquema de superfaturamento foi usado por PSG e Real Madrid na transferência de Anelka. Outro caso foi a compra do argentino Tuzzio pelo Olympique de Marselha. Parte de seu salário ia para uma conta em Nova York.
Uma outra forma de evadir impostos era por meio da Nike, patrocinadora do PSG. A multinacional, segundo a Justiça, pagava os salários dos jogadores, alegando que se tratava de pagamento de contratos de imagem. Esses contratos, sempre assinados em bancos de centros off-shore, eram fictícios, segundo depoimentos.
Entre 1998 e 2005, 33 contratos foram assinados pela Nike com jogadores do PSG, entre eles Ronaldinho. "Uma auditoria revela que a Nike aceitou pagar parte dos salários dos jogadores contratados na forma de contratos de imagem para aliviar os impostos do clube", indica a Justiça francesa.
Diante da Justiça, o brasileiro André Luiz admitiu que o contrato com a Nike do qual ele se beneficiou enquanto jogava no PSG era um complemento de salário. O dinheiro era depositado em uma conta em Luxemburgo e, quando o contrato foi assinado, a Nike sequer enviou um representante para o ato. André Luiz foi vendido pelo Tenerife para o PSG em 2002.
Jaubert Olivier, responsável pelo marketing da Nike até 2003, admitiu diante dos juízes que se tratava de "salários ocultos de jogadores". Segundo ele, os diretores e até o presidente da Nike sabiam do esquema.
VALCKEPara restituir a Nike, o PSG e a multinacional inventavam multas a serem pagas pelo clube. Uma das desculpas era que o atleta tinha jogado com uma chuteira de outra marca. Só entre 2003 e 2004, o PSG pagou mais de 1,2 milhão de euros (R$ 3,6 milhões) em multas fictícias para a Nike.
Essa restituição era feita por meio de um esquema financeiro complexo. O grupo de mídia Canal Plus, na época dono do PSG, criou uma filial, a Sport Plus, responsável por comprar direitos de jogadores. Cada vez que uma multa era inventada para justificar um pagamento à Nike, a Sport Plus era usada para fazer a ligação. Quem recebia o dinheiro era a Nike European Operations Netherlands BV, filial da empresa na Holanda.
Os documentos da Justiça francesa, de 2009, revelam que o diretor adjunto da Sport Plus nos fim dos anos 90 era Jérôme Valcke. Em um depoimento, o francês afirmou que a Sport Plus "foi criada no momento do projeto de transferência de Ronaldinho". Segundo Valcke, a empresa "tinha como vocação administrar os direitos de imagem de certos jogadores do PSG". Se Valcke jamais foi acusado pelas práticas, cartolas do PSG foram indiciados. 
INTERMEDIÁRIOSOutro truque foi criado para ocultar salários: o uso de agentes de jogadores. Os clubes repassavam aos intermediários uma parte do dinheiro que deveria ser usado para pagar os salários, alegando que se tratava de comissão. Segundo as investigações, esse dinheiro era depois repassado aos atletas em contas em paraísos fiscais. Isso ocorreu na contratação de Sorín pelo clube francês e existem suspeitas em relação aos brasileiros Raí, Ricardo Gomes e Valdo.
O atacante Christian, na transferência do PSG para o Bordeaux, recebeu 1,3 milhão de euros (R$ 3,9 milhões) em uma conta aberta na Ilha da Madeira. Um outro depósito do mesmo valor foi realizado em uma conta aberta em Lausanne, de uma empresa com sede nas Bahamas.
A Justiça encontrou uma transferência de 762 mil de euros (R$ 2,3 milhões) para uma conta de Zurique chamada Dani Geneva. A investigação mostrou que essa era a conta que a Sport Plus usava em conjunto com a Nike para pagar os salários do nigeriano Okocha e do lateral Paulo César.
OUTRO LADOContactada pelo Estado, a atual gestão do PSG disse apenas que o caso se trata de "questões de administrações passadas". A Nike insistiu que atua de forma "íntegra".
"A Nike foi absolvida pela corte francesa de acusações relacionadas às questões de direito de imagem dos atletas, confirmando que a relação entre a Nike da França e o PSG nunca foi fraudulenta", disse a assessoria de imprensa da empresa.
Em janeiro de 2013, a companhia foi multada em 80 mil de euros (R$ 243 mil) e um de seus diretores acabou condenado à prisão. A Nike recorreu da decisão.
A Fifa evitou fazer comentários, ainda que um dos citados no caso, Valcke, seja hoje o número dois da entidade.