A década do neoliberalismo deixou várias seqüelas pelo Mundo. A mais grave foi na Economia: a desregulamentação absurda dos mercados gerou a crise em que o Mundo ainda chafurda. Mas também houve seqüelas no campo dos “valores”: a cultura do individualismo é a mais visível, o que talvez explique o aumento exponencial de depressões e crises existenciais, num mundo em que apenas o “sucesso individual” parece importar. Mas calma. Não achem que vou fazer aqui pregação no religiosa ou de auto-ajuda. Gostaria de falar de outra ideia que ganhou força nos anos 90: a de que “acabaram-se as fronteiras” e de que “os Estados nacionais viraram uma velharia, peça de museu.”
Lá por 1998, uma namorada achou engraçado quando eu disse a ela que era “nacionalista”, e que por isso não concordava com o programa dos tucanos para o Brasil. Ela respondeu: “nossa, parece meu pai falando”. De forma nada sutil, quis dizer que eu pensava feito um velho. “Moderno” era quem se rendia aos “novos tempos” da (argh) “globalização”. O pai dela, que tinha sido getulista e trabalhista (e seguia a sê-lo), tinha razão!
Os Estados Unidos e a Inglaterra saíram por aí a dizer, nos anos 80 e 90, que o Estado nacional não tinha mais razão de ser. Claro, os “nossos” Estados deviam sucumbir. Porque o Estado “deles” ficaria ainda mais forte. A idéia era passar o rodo na América Latina, aprovando a ALCA. Quase embarcamos nessa. Quase.
Chineses e indianos jamais acreditaram nessa bobagem. Felizmente, parte da elite brasileira fingiu que acreditava, mas manteve margem de manobra, preservando parte do patrimônio nacional. Os tucanos queriam acabar com BNDES, Petrobras, Banco do Brasil. Uma revista brasileira (sic) editada às margens fétidas da marginal chegou a baixar norma: Estado deveria grafar-se com letras minúsculas. Mais didático, impossível.
A espionagem de Obama repõe agora a Questão Nacional no centro do debate. Fui nacionalista nos anos 90. E sigo a sê-lo. Precisamos retomar seriamente o debate sobre a Soberania Nacional. Sim, essa expressão que nos anos 90 era tida como um palavrão, uma velharia, precisa ser retomada.
Precisamos de um sistema próprio de comunicações, satélites próprios, linhas próprias de telefonia e internet. E lamento dizer: precisamos equipar nossas Forças Armadas, e precisamos até retomar nosso programa nuclear. Sem fazer barulho, sem verborragia. Precisamos porque é um imperativo do Mundo em que vivemos.
Na última década, retomamos a capacidade de sonhar com um país melhor; tiramos milhões de pessoas da miséria, e a duras penas tentamos reequipar nosso Estado. Os Estados Unidos, no entanto, nos olham como colônias. E contam – aqui no Brasil – com facções que travam o debate sob a ótica do império, tentando fazer crer que Nacionalismo é algo a ser “superado”. Vejo isso de perto na Universidade: na USP, por exemplo, há um claro preconceito contra ideias e bandeiras nacionalistas. Vigora certo liberalismo de punhos de renda.
Para termos o direito de não sermos vistos como colônia, precisamos agir como país independente. E para agir assim precisamos antes ganhar o debate interno. Dilma já começa a trazer a Questão Nacional para o centro do debate. Mas a Universidade, intelectuais (sic), blogueiros e jornalistas (não falo da turma que sonha em virar vizinho de Barbosa em Miami) têm a obrigação de retomar esse debate: A Questão Nacional está de volta! De forma definitiva.
Vargas caiu porque enfrentou os gringos em 54. Eles derrubaram também governos nacionalistas na Guatemala, no Irã, tentaram barrar o avanço do Vietnã e da China. Isso lá nos anos 50 e 60.
Na América Latina, de armas na mão, fizeram a festa nos anos 60 e 70. E tentam agora enfraquecer governos progressistas surgidos no iníci do século XXI, estimulando oposição interna e usando seus parceiros eventuais na velha mídia (é só procurar no Wikileaks quem são os interlocutores dos EUA: mervais e outros que tais).
É o que acontece no Brasil, Venezuela, Argentina… Por enquanto (eu disse, por enquanto), os EUA evitam por aqui a tática das “intervenções humanitárias” utilizadas no Oriente Médio. Mas podemos aguardar: nossa vez chegará. Quanto mais frágil o Império se torna no campo das idéias (depois de Guantanamo e das intervenções contra Iraque e Líbia, EUA perderam a capacidade de falar em nome da “liberdade”), mais brutal torna-se o poder de fato que ele precisa exercer. Quem não pode impor hegemonia pelas idéias tem que recorrer à desestabilização e à guerra. Cada vez mais.
A espionagem sem limites contra o Brasil é um sinal de que já estamos chegando a esse ponto. E a conjuntura parece favorável para retomar esse debate. A Globo mesmo, acossada pelo avanço de corporações multinacionais como o Google, pode tornar-se parceira no combate à ingerência patrocinada por Obama.
Ou vocês acham que essas reportagens no “Fantástico”sairiam com tal destaque se o contexto fosse diferente? (atenção, com isso não tiro o mérito dos jornalistas da Globo que fazem um ótimo trabalho, e prestam um serviço ao Brasil expondo a arapongagem dos EUA)
Obama foi didático. Devemos agradecer a ele. E agora façamos o debate. Nacionalismo, Soberania, Defesa do Interesse Nacional. Tudo isso – insisto – volta à pauta. E com letra maiúscula.
Lá por 1998, uma namorada achou engraçado quando eu disse a ela que era “nacionalista”, e que por isso não concordava com o programa dos tucanos para o Brasil. Ela respondeu: “nossa, parece meu pai falando”. De forma nada sutil, quis dizer que eu pensava feito um velho. “Moderno” era quem se rendia aos “novos tempos” da (argh) “globalização”. O pai dela, que tinha sido getulista e trabalhista (e seguia a sê-lo), tinha razão!
Os Estados Unidos e a Inglaterra saíram por aí a dizer, nos anos 80 e 90, que o Estado nacional não tinha mais razão de ser. Claro, os “nossos” Estados deviam sucumbir. Porque o Estado “deles” ficaria ainda mais forte. A idéia era passar o rodo na América Latina, aprovando a ALCA. Quase embarcamos nessa. Quase.
Chineses e indianos jamais acreditaram nessa bobagem. Felizmente, parte da elite brasileira fingiu que acreditava, mas manteve margem de manobra, preservando parte do patrimônio nacional. Os tucanos queriam acabar com BNDES, Petrobras, Banco do Brasil. Uma revista brasileira (sic) editada às margens fétidas da marginal chegou a baixar norma: Estado deveria grafar-se com letras minúsculas. Mais didático, impossível.
A espionagem de Obama repõe agora a Questão Nacional no centro do debate. Fui nacionalista nos anos 90. E sigo a sê-lo. Precisamos retomar seriamente o debate sobre a Soberania Nacional. Sim, essa expressão que nos anos 90 era tida como um palavrão, uma velharia, precisa ser retomada.
Precisamos de um sistema próprio de comunicações, satélites próprios, linhas próprias de telefonia e internet. E lamento dizer: precisamos equipar nossas Forças Armadas, e precisamos até retomar nosso programa nuclear. Sem fazer barulho, sem verborragia. Precisamos porque é um imperativo do Mundo em que vivemos.
Na última década, retomamos a capacidade de sonhar com um país melhor; tiramos milhões de pessoas da miséria, e a duras penas tentamos reequipar nosso Estado. Os Estados Unidos, no entanto, nos olham como colônias. E contam – aqui no Brasil – com facções que travam o debate sob a ótica do império, tentando fazer crer que Nacionalismo é algo a ser “superado”. Vejo isso de perto na Universidade: na USP, por exemplo, há um claro preconceito contra ideias e bandeiras nacionalistas. Vigora certo liberalismo de punhos de renda.
Para termos o direito de não sermos vistos como colônia, precisamos agir como país independente. E para agir assim precisamos antes ganhar o debate interno. Dilma já começa a trazer a Questão Nacional para o centro do debate. Mas a Universidade, intelectuais (sic), blogueiros e jornalistas (não falo da turma que sonha em virar vizinho de Barbosa em Miami) têm a obrigação de retomar esse debate: A Questão Nacional está de volta! De forma definitiva.
Vargas caiu porque enfrentou os gringos em 54. Eles derrubaram também governos nacionalistas na Guatemala, no Irã, tentaram barrar o avanço do Vietnã e da China. Isso lá nos anos 50 e 60.
Na América Latina, de armas na mão, fizeram a festa nos anos 60 e 70. E tentam agora enfraquecer governos progressistas surgidos no iníci do século XXI, estimulando oposição interna e usando seus parceiros eventuais na velha mídia (é só procurar no Wikileaks quem são os interlocutores dos EUA: mervais e outros que tais).
É o que acontece no Brasil, Venezuela, Argentina… Por enquanto (eu disse, por enquanto), os EUA evitam por aqui a tática das “intervenções humanitárias” utilizadas no Oriente Médio. Mas podemos aguardar: nossa vez chegará. Quanto mais frágil o Império se torna no campo das idéias (depois de Guantanamo e das intervenções contra Iraque e Líbia, EUA perderam a capacidade de falar em nome da “liberdade”), mais brutal torna-se o poder de fato que ele precisa exercer. Quem não pode impor hegemonia pelas idéias tem que recorrer à desestabilização e à guerra. Cada vez mais.
A espionagem sem limites contra o Brasil é um sinal de que já estamos chegando a esse ponto. E a conjuntura parece favorável para retomar esse debate. A Globo mesmo, acossada pelo avanço de corporações multinacionais como o Google, pode tornar-se parceira no combate à ingerência patrocinada por Obama.
Ou vocês acham que essas reportagens no “Fantástico”sairiam com tal destaque se o contexto fosse diferente? (atenção, com isso não tiro o mérito dos jornalistas da Globo que fazem um ótimo trabalho, e prestam um serviço ao Brasil expondo a arapongagem dos EUA)
Obama foi didático. Devemos agradecer a ele. E agora façamos o debate. Nacionalismo, Soberania, Defesa do Interesse Nacional. Tudo isso – insisto – volta à pauta. E com letra maiúscula.
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