terça-feira, 29 de abril de 2014

Polícia esclarece morte de meninas no Tietê

BLOG O MURAL:  Laudo do Instituto Médico Legal confirmou que jovens foram estupradas e morreram por afogamento
Polícia esclarece morte de meninas no Tietê
"Delegado Tadeu Aparecido Coelho (à dir) e o acusado de matar as duas meninas no Rio Tietê"

A Polícia Civil de Andradina (SP) concluiu que as adolescentes Yara Barbosa, 14 anos, e Jhenifer Naiara da Silva, 13, foram estupradas, amarradas e jogadas de cima de uma ponte para morrerem afogadas no rio Tietê, na noite de 12 de abril deste ano. Laudo do Instituto Médico Legal (IML) confirmou que as meninas foram estupradas e mortas por afogamento.

Segundo o delegado Tadeu Aparecido Coelho, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Andradina, o crime foi praticado pelo vendedor Edson Francisco de Souza, 38 anos, que confessou o crime em depoimento de quatro horas, após ser preso na cidade de Cianorte (PR), para onde tinha fugido e tentado se matar tomando veneno para ratos.

De acordo com o delegado, Souza deu carona para as meninas em Andradina, cidade onde moravam, e as levou até a ponte sobre rio Tietê, em Pereira Barreto, a cerca de 50 kms de distância, onde praticou os crimes em duas etapas. "Ele disse que, primeiro, saiu do carro com Yara para manter relações sexuais com ela e depois disso, amarrou as mãos da moça para trás com uma meia e a jogou de cima da ponte", disse o delegado. A moça teria resistido e gritado por socorro, mas não teve forças para escapar.

Após jogar Yara no rio, Souza atraiu Jhenifer, que ouvia músicas dentro carro, e a levou ao parapeito da ponte, dizendo que a amiga estava nadando. Foi quando, à força, despiu a garota, a estuprou, e a amarrou com os braços para trás, jogando-a, em seguida, no rio. Jhenifer, segundo o delegado, deu chutes e cabeçadas para tentar se defender.
O delegado disse que Souza tinha passagens por estelionato e não conhecia as duas adolescentes, mas conseguiu enganá-las com promessas de presentes, como joias e celulares. "Num primeiro momento, as meninas não aceitaram a carona, mas depois, na esquina adiante, elas acabaram entrando no carro, pois estava chovendo", explicou o delegado. Segundo ele, a polícia agora vai marcar reconstituição e concluir a apuração do caso, cujo prazo do inquérito termina em nove dias.

Linchamento. A equipe da DIG contou com a ajuda da mulher do acusado, Thais Alves de Souza, que serviu como testemunha, e do dono do carro usado no crime, uma Eco Sport, que tinha vendido o veículo a Souza e o recuperou após ter recebido o pagamento com cheques sem fundos.

Na manhã desta segunda-feira, 28, enquanto Coelho atendia à imprensa, a entrada da delegacia estava tomada por uma multidão, que esperava a chegada de Souza para "fazer justiça". Por questões de segurança, a polícia não vai transferi-lo para Andradina, temendo que ele possa ser linchado.

No domingo, manifestantes saquearam e depredaram a casa de Thais, que teve de sair da cidade. No sábado, a PM agiu para controlar que manifestantes, numa passeata, depredassem a loja do dono da Eco Sport, que na sexta-feira já tinha se escondido na delegacia para se proteger de vândalos que tentavam linchá-lo.

Corpo de Yara foi o primeiro a ser encontrado no rio Tietê (Foto: Reprodução/TV TEM)

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Se tivesse nascido no Brasil, Gandhi não seria um homem sábio, mas um “bundão” ou um “otário”.


As decapitações que chocam nos presídios eram moda há séculos e foram aplicadas em praça pública para servir de exemplo nos casos de Tiradentes e Zumbi (Reprodução/Gluck Project)


BLOG O MURAL:  Via Revista Forum do blog Glück Project

 “Achamos que somos um bando de gente pacífica cercados por pessoas violentas”. A frase que bem define o brasileiro e o ódio no qual estamos imersos é do historiador Leandro Karnal. A ideia de que nós, nossas famílias ou nossa cidade são um poço de civilidade em meio a um país bárbaro é comum no Brasil. O “mito do homem cordial”, costumeiramente mal interpretado, acabou virando o mito do “cidadão de bem amável e simpático”. Pena que isso seja uma mentira. “O homem cordial não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva”, explica o sociólogo Antônio Cândido. O brasileiro se obriga a ser simpático com os colegas de trabalho, a receber bem a visita indesejada e a oferecer o pedaço do chocolate para o estranho no ônibus. Depois fala mal de todos pelas costas, muito educadamente.
Olhemos o dicionário: cordial significa referente ou próprio do coração. Ou seja, significa ser mais sentimental e menos racional. Mas o ódio também é um sentimento, assim como o amor.  (Aliás os neurocientistas têm descoberto que ambos sentimentos ativam as mesmas partes do cérebro.) Nós odiamos e amamos com a mesma facilidade. Dizemos que “gostaríamos de morar num país civilizado como a Alemanha ou os Estados Unidos, mas que aqui no Brasil não dá para ser sério.” Queremos resolver tudo num passe de mágica. Se o político é corrupto devemos tirar ele do poder à força, mas se vamos para rua e “fazemos balbúrdia” devemos ser espancados e se somos espancados indevidamente, o policial deve ser morto e assim seguimos nossa espiral de ódio e de comportamentos irracionais, pedindo que “cortem a cabeça dele, cortem a cabeça dele”, como a rainha louca de Alice no País das Maravilhas. Ninguém para 5 segundos para pensar no que fala ou no que comenta na internet. Grita-se muito alto e depois volta-se para a sala para comer o jantar. Pede-se para matar o menor infrator e depois gargalha-se com o humorístico da televisão. Não gostamos de refletir, não gostamos de lembrar em quem votamos na última eleição e não gostamos de procurar a saída que vai demorar mais tempo, mas será mais eficiente. Com escreveu  Sérgio Buarque de Holanda, em “Raízes do Brasil“,  o criador do termo “homem cordial” : “No Brasil, pode dizer-se que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedica­dos a interesses objetivos e fundados nesses interesses. Ao contrário, é possível acompanhar, ao longo de nossa história, o predomínio constante das vontades particulares que encontram seu ambiente pró­prio em círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenação im­pessoal” Ou seja, desde o começo do Brasil todo mundo tem pensando apenas no próprio umbigo e leva as coisas públicas como coisa familiar. Somos uma grande família, onde todos se amam. Ou não?

O já citado Leandro Karnal diz que os livros de história brasileiros nunca usam o termo guerra civil em suas páginas. Preferimos dizer que guerras que duraram 10 anos (como a Farroupilha) foram revoltas. Foram “insurreições”. O termo “guerra civil” nos parece muito “exagerado”, muito “violento” para um povo tão “pacífico”. A verdade é que nunca fomos pacíficos. A história do Brasil é marcada sempre por violência, torturas e conflitos. As decapitações que chocam nos presídios eram moda há séculos e foram aplicadas em praça pública para servir de exemplo nos casos de Tiradentes e Zumbi. As cabeças dos bandidos de Lampião ficaram expostas em museu por anos. Por aqui, achamos que todos os problemas podem ser resolvidos com uma piada ou com uma pedrada. Se o papo informal não funciona devemos “matar” o outro. Duvida? Basta lembrar que por aqui a república foi proclamada por um golpe militar. E que golpes e revoluções “parecem ser a única solução possível para consertar esse país”. A força é a única opção para fazer o outro entender que sua ideia é melhor que a dele? O debate saudável e a democracia parecem ideias muito novas e frágeis para nosso país.
Em 30 anos, tivemos um crescimento de cerca de 502% na taxa de homicídios no Brasil. Só em 2012 os homicídios cresceram 8%. A maior parte dos comentários raivosos que se lê e se ouve prega que para resolver esse problema devemos empregar mais violência. Se você não concorda “deve adotar um bandido”. Não existe a possibilidade de ser contra o bandido e contra a violência ao mesmo tempo.  Na minha opinião, primeiro devemos entender a violência e depois vomitar quais seriam suas soluções. Por exemplo, você sabia que ocorrem mais estupros do que homicídios no Brasil? E que existem mais mortes  causadas pelo trânsito do Brasil do que por armas de fogo? Sim, nosso trânsito mata mais que um país em guerra. Isso não costuma gerar protestos revoltados na internet. Mas tampouco alivia as mortes por arma de fogo que também tem crescido ano a ano e se equiparam, entre 2004 e 2007, ao número de mortes em TODOS conflitos armados dos últimos anos. E quem está morrendo? 93% dos mortos por armas de fogo no Brasil são homens e 67% são jovens. Aliás, morte por arma de fogo é a principal causa de mortalidade entre os jovens brasileiros. Quanto à questão racial, morrem 133% mais negros do que brancos no Brasil. E mais: o número de brancos mortos entre 2002 e 2010 diminuiu 25%, ao contrário do número de negros que cresceu 35%. É importante entender, no entanto, que essas mortes não são causadas apenas por bandidos em ações cotidianas. Um dado expressivo: no estado de São Paulo ocorreram 344 mortes por latrocínio (roubo seguido de morte) no ano de 2012. No mesmo ano, foram mortos 546 pessoas em confronto com a PM. Esses números são altos, mas temos índices ainda mais altos de mortes por motivos fúteis (brigas de trânsito, conflitos amorosos, desentendimentos entre vizinhos, violências domésticas, brigas de rua,etc). Entre 2011 e 2012, 80% dos homicídios do Estado de São Paulo teriam sido causados por esses motivos que não envolvem ação criminosa. Mortes que poderiam ter sido evitadas com menos ódio. É importante lembrar que vivemos numa sociedade em que “quem não reage, rasteja”, mas geralmente a reação deve ser violenta. Se “mexeram com sua mina” você deve encher o cara de porrada, se xingaram seu filho na escola “ele deve aprender a se defender”, se falaram alto com você na briga de trânsito, você deve colocar “o babaca no seu lugar”. Quem não age violentamente é fraco, frouxo, otário. Legal é  ser ou Zé Pequeno ou Capitão Nascimento.  Nossos heróis são viris e “esculacham”

O discurso de ódio invade todos os lares e todos os segmentos. Agora que o gigante acordou e o Brasil resolveu deixar de ser “alienado” todo mundo odeia tudo. O colunista da Veja odeia o âncora da Record que odeia o policial que odeia o manifestante que odeia o político que odeia o pastor que odeia o “marxista” que odeia o senhor “de bem” que fica em casa odiando o mundo inteiro em seus comentários nos portais da internet. Para onde um debate rasteiro como esse vai nos levar? Gritamos e gritamos alto, mas gritamos por quê?
Política não é torcida de futebol, não adianta você torcer pela derrota do adversário para ficar feliz no domingo. A cada escândalo de corrupção, a cada pedreiro torturado, a cada cinegrafista assassinado, a cada dentista queimada, a cada homossexual espancado; todos perdemos. Perdemos a chance de conseguir dialogar com o outro e ganhamos mais um motivo para odiar quem defende o que não concordamos.

O discurso de ódio invade todos os lares e todos os segmentos (Reprodução/Gluck Project)
Eu também me arrependo muitas vezes de entrar no calor das discussões de ódio no Brasil; seja no Facebook, seja numa mesa de bar. Às vezes me pergunto se eu deveria mesmo me pronunciar publicamente sobre coisas que não conheço profundamente, me pergunto por que parece tão urgente exprimir minha opinião. Será essa a versão virtual do “quem não revida não é macho”? Se eu tivesse que escolher apenas um lado para tentar mudar o mundo, escolheria o lado da não-violência. Precisamos parar para respirar e pensar o que queremos e como queremos. Dialogar. Entender as vontades do outro. O Brasil vive um momento de efervescência, vamos usar essa energia para melhorar as coisas ou ficar nos matando com rojões, balas e bombas? Ou ficar prendendo trombadinhas no poste, torturando pedreiros e chacinando pessoas na periferia? Ou ficar pedindo bala na cabeça de políticos? Ficar desejando um novo câncer para o Reinaldo Azevedo ou para o Lula? Exigir a volta da ditadura? Ameaçar de morte quem faz uma piada que não gostamos?
Se a gente escutasse o que temos gritado, escrito e falado, perceberíamos como temos descido em direção às trevas interiores dos brasileiros às quais Nélson Rodrigues avisava que era melhor “não provocá-las. Ninguém sabe o que existe lá dentro.
Será que não precisamos de mais inteligência e informação e menos ódio? Quando vamos sair dessa infantilidade de “papai bate nele porque ele é mau” e vamos começar a agir como adultos? Quando vamos começar a assumir que, sim, somos um povo violento e que estamos cansados da violência? Que queremos sofrer menos violência e provocar menos violência? Somos um povo tão religioso e cristão, mas que ignora intencionalmente diversos ensinamentos de Jesus Cristo. Não amamos ao nosso inimigo, não damos a outra face, não deixamos de apedrejar os pecadores. Esquecemos que a ira é um dos sete pecados capitais. Gostamos de ficar presos na fantasia de que vivemos numa ilha de gente de bem cercada de violência e barbárie e que a única solução para nossos problemas é exterminar todos os outros que nos cercam e nos amedrontam.
Mas quando tudo for só pó e solidão, quem iremos culpar pelo ódio que ainda carregaremos dentro de nós.

terça-feira, 22 de abril de 2014

O (des)governo do PSDB na gestão da água

BLOG O MURAL: por : Edson Domingues
Seca na represa Jaguari, que faz parte do Sistema Cantareira
Seca na represa Jaguari, que faz parte do Sistema Cantareira

O aumento de 30% na conta de água anunciado por Geraldo Alckmin soou mais como recibo de incompetência do que medida de contenção do consumo na região metropolitana de São Paulo. Se não bastasse a falência do abastecimento do Sistema Cantareira, o governador tenta aplicar factoides para tirar o foco do problema.
Ao assumir o governo em 1994, os tucanos se apoderaram do modelo superficial de gestão ambiental compartilhada com a sociedade. A primeira experiência foi o rodízio de carros para combater a poluição do ar. A partir daí foi uma sucessão de fracassos, erros administrativos com consequências drásticas ao sistema estadual de meio ambiente, flexibilização e desmantelamento da estrutura ambiental paulista.
A gestão ambiental desastrosa do governo Alckmin está explicitada em dez principais ações:
Esvaziamento do corpo técnico da CETESB
Desde 1996, cerca de 400 técnicos da CETESB foram demitidos por diversas razões, sem reposição de mão de obra especializada. Fiscalização, controle e licenciamento ambientais ficaram centralizados num único balcão. Guardas parques terceirizados e ausência de novos concursos para a função fizeram dos parques estaduais território livre para caçadores, palmiteiros e mineração clandestina. Sem controle, a atividade de descarte irregular de resíduos, aterros clandestinos e contaminação de cursos d’água ficaram ao deus-dará.
Rolo compressor no Consema
O Conselho Estadual de Meio Ambiente, órgão deliberativo tripartite de licenciamento de atividades e novos empreendimentos como rodovias, barragens, supressão de vegetação, se transformou em mero “cartório” de concessão de licenças. O exemplo mais contundente é a aprovação do trecho norte do Rodoanel em plena Reserva da Serra da Cantareira.
Privatização de parques
Os parque estaduais, reconhecidos mundialmente pela biodiversidade, foram sucateados. Com reduzido quadro de profissionais para gestão e controle ambientais, o Parque Estadual do Jaraguá desde 1997 tem seu principal lago interditado por contaminação. Já o Parque Estadual da Caverna do Diabo foi interditado pelo IBAMA pela gestão inadequada do patrimônio espeleológico. Ambos estão no topo da lista do projeto de lei do Executivo que privatiza os Parques Estaduais.
Despoluição do rio Tietê
Após o cumprimento da primeira fase do Projeto Tietê, o programa patina com bilionários programas internacionais de financiamento sem resultado satisfatório. A larga malha de coleta de esgotos da primeira fase é insuficiente diante da ausência de efetivas ligações casa a casa. Apostando no gerenciamento macro e tímido na ação do micro, a Bacia do Alto Tietê continua despejando milhões de litros por segundo de esgoto in natura no principal rio do Estado de São Paulo.
Áreas contaminadas 
A leniência nesta matéria foi maior ainda. A CETESB, responsável por acompanhar os processos de saneamento dos passivos ambientais da indústria, simplesmente assiste à morosidade das grandes corporações na reabilitação do solo em suas antigas plantas. Forjadas para lidar com pouca exigência ambiental dos governos, indústrias como a chinesa BANN Química (Ermelino Matarazzo) e a americana Procter & Gamble (Jurubatuba) deixaram gigantesco rastro de contaminação altamente danoso para o ambiente e a saúde pública.
Rodoanel Trecho Norte
Considerada reserva da Biosfera, título conferido pela UNESCO, a Serra da Cantareira foi vítima de Alckmin. Contrariando todas as recomendações de cientistas renomados como o geógrafo Aziz Ab’Saber e com protesto de ambientalistas protocolado no congresso norte americano avalizador da obra, o governador não titubeou e impôs mais uma obra rodoviarista em detrimento do transporte coletivo.

Poluição na represa Billings
Poluição na represa Billings

Crise do Sistema Cantareira
A Outorga do Sistema Cantareira, fixada como marco regulatório da partilha da água entre a região metropolitana e a região de Campinas – Piracicaba, anunciava a necessidade de reduzir a dependência desse sistema, dado o crescimento econômico/ populacional caipira. Relapso com a segurança hídrica da Região Metropolitana de São Paulo, Alckmin demonstrou pouca agilidade com o tema, deixando quase 8 milhões de habitantes em risco de seca. Determinou a busca de água no seu reduto político – Vale do Paraíba –, causando desgaste também com o Estado do Rio de Janeiro.
Crise na gestão do lixo
Em descompasso com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o governo Alckmin em nada avançou para estimular soluções compartilhadas entre pequenos e médios municípios paulistas para tratamento de lixo. As pequenas cidades paulistas continuam colecionando lixões associados às pressões do Ministério Público Estadual. Enquanto isso, esgotam-se os prazos para apresentação de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
Degradação da qualidade da água na costa marítima
Desprezando a vocação turística, fonte contínua de desenvolvimento econômico e geração de empregos numa extensa faixa litorânea, a CETESB assistiu à ampliação de praias impróprias para banho.
Ocupação de Mananciais
Mesmo com a Nova Lei de Mananciais, a política habitacional do governo Alckmin ficou aquém das demandas, mantendo o quadro degradante do entorno das represas Billings e Guarapiranga. Apesar dos sucessivos prefeitos empreenderem políticas de urbanização de favelas, a ação da SABESP foi pífia quando o assunto foi a recuperação dos mananciais da zona sul paulistana.
Sobre o Autor
Edson Domingues, 45 anos, é escritor, ambientalista e autor de projetos de sustentabilidade na periferia de São Paulo. Formado pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, FESPSP.

domingo, 20 de abril de 2014

A intolerância, a incivilidade, ignorância e nosso cotidiano


movimentação metro g 201203151 A intolerância, a incivilidade e a ignorância
BLOG O MURAL: Ricardo Kotscho destaca em seu blog o sentimento de incivilidade e ignorância por que passa a nossa sociedade: Digo que nossa sociedade está doente, do tipo de doença que alastra sem que as pessoas percebam, pois não é só lá na capital do Estado que isso ocorre, também ocorre aqui na pacata cidade do interior onde vira e mexe ouve-se dizer que pessoas são desrespeitado nas suas regras de convivência social básica. O "contrato social" vem sendo quebrado a muito tempo pela mídia de um modo geral, seja nas telenovelas, filme, seriados entre outros programas, e isso se reflete na sociedade e no comportamento total dela, pois temos a percepção que se lá ocorre, vai ocorrer aqui também, e já a partir desta sensação começamos a agir tal qual vemos  na TVs , ouvimos nas rádios ou lemos nos jornais. O texto do balaio do Kotscho é um reflexo deste sintoma.  
"Eu não sou obrigado a te ver!", respondeu-me na fila do caixa o senhor bem vestido, mais ou menos da minha idade, quando ostensivamente  passou à minha frente na fila e eu lhe perguntei se ele não tinha me visto. Já já esticando o braço para entregar seu cartão ao caixa da lanchonete no Conjunto Nacional, na avenida Paulista, no coração de São Paulo, ele fez que não me viu e repetiu a frase. Fiquei perplexo e só pude lhe dizer: "Pobre Brasil..." O sujeito quis saber por que, e tive que lhe explicar: "Por ter gente como você". Com o braço na tipoia, ainda me recuperando de uma cirurgia complicada no cotovelo, não tinha como lhe dar o que merecia, um murro na cara.
Esta cena, cada vez mais comum nos dias em que vivemos, aconteceu na noite de quarta-feira, após o lançamento do livro "1964 _ O Golpe", do meu amigo Flávio Tavares, que pretendo ler neste feriadão. Ainda não tinha me recuperado da agressão anterior, na mesma noite. Ao descer do carro na alameda Santos, esperei o farol fechar, a rua estava vazia e, de repente, do nada, apareceu um carrão preto, com farol alto, buzinando bem em cima de mim, e o feliz proprietário ainda me xingou. Não acreditei naquilo. Xingar este cara de animal, como eu fiz, é ofender os animais.
No debate que antecedeu a noite de autógrafos na Livraria Cultura, Walcyr Carrasco, o festejado autor de novelas, contou que, ao incluir em sua última novela um merchandising cultural sobre o livro "Meus 13 dias com Che Guevara", também de Flávio Tavares, foi fuzilado pela internet por ter tido a ousadia de citar o nome do lendário guerrilheiro no horário nobre.
Que se passa? No caminho de volta para casa, fiquei pensando nos três "i" _ os tantos episódios de intolerância, incivilidade e ignorância explícitas que tenho presenciado sempre que saio de casa na maior cidade do país. Sem falar na guerra do trânsito, em que cada motorista se acha o dono da rua e também finge que não vê os outros, dando fechadas, avançando sinais, fechando cruzamentos e buzinando, por toda parte e em todos os círculos sociais, esta praga está se espalhando.
Vão dizer que este é um problema que só pode ser resolvido quando a educação de qualidade em nosso país for universalizada. A meu ver, porém, não se trata só da educação formal porque, na maioria destes casos, os personagens são pessoas que cursaram até boas faculdades, mas não aprenderam o básico: a viver em sociedade, respeitando os outros, não tratando como inimigo quem pensa diferente, não querendo levar vantagem em tudo. A meu ver, trata-se mais de uma questão cultural e de falta de caráter. Não basta ter diploma.
Do trânsito cada vez mais brutalizado, aos protestos de toda ordem que se multiplicam, impedindo nosso direito de ir e vir, às greves em setores essenciais, às conversas nos bares em que se quer ganhar discussões no grito, na falta de solidariedade com os mais necessitados, à baixaria na internet, aos desmandos e malfeitos em todas as latitudes dos três poderes, o panorama humano está ficando cada vez mais assustador.
Por isso, nada como um feriadão pela frente para dar uma respirada e refletir sobre o que estamos fazendo com as nossas vidas e o nosso país. Apesar de tudo, boa Páscoa a todos. Até terça, ou a qualquer momento em edição extraordinária do Balaio.
Enquanto eu descanso um pouco, vocês poderiam atualizar este nosso espaço contando outras histórias de intolerância, incivilidade e ignorância, que não devem faltar nas cidades em que vivem. Ou contar alguma história boa de alguém que está conseguindo escapar deste vale tudo em que, ao final, todo mundo vai sair perdendo.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Vamos aos fatos: como foi o convite para a entrevista com Lula

BLOG O MURAL:
Lula 2

Foi assim:
A nossa editora de mídias sociais, Erika Nakamura, me comunicou que uma assessora do Instituto Lula me procurou no Facebook do DCM e pedia meus contatos.
Eles lhe foram passados.
Em seguida, chegou um email que reproduzo aqui: “Estamos organizando uma coletiva com o ex-presidente Lula e eu gostaria de falar com você sobre isso.”
A assessora me telefonou em seguida. Ela indicou o dia (8/4/2013), o horário (10h) e o local (rua Pouso Alegre, 21, Ipiranga – SP). Pediu sigilo até lá.
Na data marcada, cheguei ao prédio com paredes espelhadas. Os jornalistas fomos levados a uma sala para um café e esperamos até que o local da entrevista estivesse pronto. A única combinação foi que cada um teria direito a uma pergunta e que não se fizesse vídeo, já que haveria transmissão online.
Fiquei sabendo ontem à noite do editorial do Estadão. Comentei com minha mulher. “Mas alguém ainda lê o Estadão?”, ela devolveu. Voltamos a assistir a série “Downton Abbey”, que também se passa em outro século.
Não, não houve qualquer orientação para “ter de antemão a garantia de não ser surpreendido por perguntas incômodas, muito menos ter contestadas as suas respostas”, como saiu no jornal — pego na mentira, como jáescreveu o Paulo. É invenção.
Também faz parte do mundo da ficção a informação de que não houve “perguntas incômodas”. Lula não ficou confortável ao falar sobre a indicação de Joaquim Barbosa para o Supremo, respondendo a Rodrigo Vianna. Também mostrou irritação quando retomei a questão do “Volta, Lula”. De resto, abordou a crise da Petrobras, as denúncias contra André Vargas, Dilma, Eduardo Campos e tudo o que você já viu e ouviu.
Sim, foram três horas e meia de duração. Alguém chiou que ele fala demais. Ora, o cara é político. (Um colunista americano comentou, recentemente, sobre a verborragia de Obama num encontro com a imprensa, ao que um editor do Telegraph observou que a reclamação não fazia o menor sentido. Era um fato da natureza, como reclamar que “Mick Jagger é até OK, mas canta demais”).
O Estadão levou DOIS DIAS para perpetrar uma diatribe parnasiana maldosa, mal apurada e confusa — depois de DOIS DIAS repercutindo as declarações de Lula. 
(Me contaram, certa vez, que houve tempo em que os editoriais do Estadão eram lidos com reverência. Ninguém é capaz de lembrar uma linha, mas persistia o mito. Apenas um bordão dessas peças era citado, mas como piada: “dito isto, cremos ter dito tudo”. Dava uma medida da auto-importância do jornal.)
Como o Estadão pode cobrar isenção de alguém? E as cabeças de jornalistas que foram entregues após telefonemas de José Serra, para ficar apenas num caso? (Aliás, eis uma entrevista de Serra para a TV Estado em que ele passeia lindamente por assuntos como Kassab, PMDB, polícia, sem o mínimo incômodo).
Como o Estadão pode cobrar qualquer coisa depois de publicar matérias como a dos golfinhos terroristas da Ucrânia que eram treinados para empunhar fuzis, um trote escandaloso?
Agora, por que Lula não conversou com o Estadão? Não sei, mas algumas das respostas estão naquele artigo. Por que Lula não faz coletivas como os presidentes americanos? Bom ponto, que cabe ao time que faz a comunicação dele responder.
Talvez porque os presidentes americanos saibam que a imprensa americana será cobrada quando incorre em calúnia e difamação. Nós estamos no Brasil e o Estadão não é o New York Times e nem o Washington Post. Pergunte a qualquer golfinho com fuzil.
Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

sábado, 12 de abril de 2014

A educação e os tempos modernos

BLOG O MURAL: Os problemas enfrentados pelas gerações atuais são cada vez mais dinâmicos. O mundo muda rapidamente e, para transpor seus novos desafios, cresce a demanda por pessoas que realmente pensem. Pessoas capazes de olhar para os problemas e imaginar soluções. Capazes de criar, inovar e reinventar. Pessoas que construam a mudança que o mundo precisa. Contraditoriamente, logo nos primeiros anos de vida, inserimos as crianças em um sistema educacional que tenta convertê-las em adultos consumidores, e não criadores de conhecimento. Adultos que deixam seus talentos de lado para se tornarem simplesmente medianos. Colocamos as crianças em um ambiente há muito tempo ultrapassado e esperamos que ele proporcione a elas alguma educação.



Eis algumas razões pelas quais o modelo educacional vigente é obsoleto e quais são as sequelas que ele deixa em cada um que passa por ele.

Ambiente escolar totalmente desfavorável

As escolas são indústrias. Talvez essa afirmação não seja tão imediata, mas pare para pensar. As escolas agrupam os alunos em turmas, que nada mais são do que lotes. Em uma sala de aula, cada lote passa por uma rotina repetitiva, na qual profissionais especializados — os professores — desempenham seus papeis de maneira bem segmentada — cada um ensinando o conteúdo específico que lhe cabe, mesmo que na verdade todo o conhecimento esteja entrelaçado, e não dividido em disciplinas. Sirenes tocam indicando que é hora da aula atual ser interrompida para dar lugar à próxima. Após vários anos de repetições diárias desse ciclo, os alunos recebem o rótulo de “formados”, o que indica que o lote está pronto para ir para o mercado.
Infelizmente, não para por aí. Além de uma fábrica, as escolas também possuem características de um presídio. Elas cerceiam a liberdade dos alunos. Todos têm hora para entrar, hora para ir para o pátio e hora para sair. Há inspetores vigiando os estudantes e uma série de punições — advertências, suspensões e expulsões — para os que tiverem mau comportamento.
Esse conjunto de medidas faz com que as escolas suprimam o desejo de aprender, ao invés de despertar a curiosidade e estimular a inteligência. Tomo emprestada a metáfora do fascinante educador Rubem Alves, afirmando que a maioria das escolas são gaiolas, quando na verdade deveriam ser asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
- Rubem Alves



Escola de cinco décadas atrás e escola de hoje: pouca coisa mudou.

modus operandi que norteia o funcionamento de praticamente todas as escolas é o mesmo há muitas décadas. As poucas mudanças que aconteceram não foram de caráter educacional, e sim cultural, como o surgimento das escolas mistas e o fim dos internatos. Fora isso, as escolas em que você estudou seguem os mesmos paradigmas das escolas em que seus avós estudaram.Salas de aula, lousas, cadernos e a velha relação dual: “o professor ensina e o aluno aprende”.

Foco na memória, e não na habilidade de pensar

Ao invés de ensiná-los a pensar, as escolas apenas obrigam os alunos a digerir grandes quantidades de informações. Transmite-se o conhecimento em aulas puramente expositivas. Posteriormente, o conteúdo é cobrado em provas, que são a forma que as escolas encontraram para avaliar se os alunos realmente aprenderam. Isso é bastante curioso, porque as provas, em geral, exigem que os alunos apenas reproduzam o que lhes foi “ensinado”, e não que desenvolvam seu raciocínio, senso crítico e a habilidade de relacionar fatos para tirar conclusões. Basicamente, na escola, os alunos são treinados para memorizar informações e despejá-las em avaliações escritas.

Inibição da criatividade

As escolas instituem desde o começo que serão feitas perguntas, e que cada pergunta admite apenas uma resposta correta. Se o aluno não responde exatamente o que lhe foi ensinado, ele errou. E é bom que não erre muitas vezes. Caso contrário, ele não passará de ano. O aluno aprende que ele não tem liberdade para pensar fora da caixa.

Conteúdos nem sempre relevantes

O cenário em uma sala de aula é, quase sempre, o mesmo: alunos sentados durante várias horas anotando o que o professor ensina. Não importa se o assunto lhes interessa ou se terá utilidade no futuro. Na verdade, a escolas desperdiçam boa parte do tempo e da energia dos alunos com assuntos desnecessários, quando poderiam estar desenvolvendo habilidades relevantes para a vida pessoal e profissional.
As escolas ensinam que a democracia surgiu na Grécia Antiga, mas não despertam nos alunos o pensamento crítico para avaliar o nosso cenário político e tomar melhores decisões. As escolas ensinam conhecimentos matemáticos nada triviais, como logaritmos, mas não instruem sobre noções básicas de economia ou finanças pessoais. As escola ensinam o que são dígrafos e sujeitos desinenciais, mas não formam pessoas que saibam utilizar bem a linguagem na hora de se comunicar com clareza.




Padronização do ensino

O ensino é o mesmo para todos. Um aluno que se interessa mais por uma determinada área não tem, dentro da maioria das escolas, a oportunidade de se aprofundar nela. Alunos com capacidades e interesses distintos são agrupados simplesmente por terem idades iguais, freando o desenvolvimento dos que têm mais facilidade e ignorando as necessidades especiais dos que possuem dificuldades. Além disso, as escolas conduzem o ensino sempre da mesma maneira, ignorando o fato de que cada aluno se adapta melhor a um tipo de aprendizado: visual, auditivo, cinestésico, entre outros.

Ao passar por todas as falhas desse modelo educacional, as crianças não ficam ilesas de suas consequências: redução da capacidade criativa, desprezo pelo ato de estudar, pouca habilidade para pensar por si próprias, estresse e acúmulo de muitas informações dispensáveis.
É por isso que já passa da hora das escolas serem reinventadas. Ao invés de doutrinar os alunos para se tornarem cidadãos obedientes e passivos, elas precisam estimulá-los a pensar de maneira inovadora e lidar com problemas reais — que são muito diferentes de um enunciado aguardando uma resposta decorada. Quando isso acontecer, chegaremos ao cerne da resolução de boa parte dos problemas contemporâneos.
E, quiçá, de uma verdadeira revolução.
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”
— Nelson Mandela

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O efeito devastador de Lula sobre a mídia-oposição

BLOG O MURAL:  Autor: Fernando Brito
lulafala
O mais impressionante na entrevista concedida ontem pelo ex-presidente Lula não foi o que ele disse.
Foi como o que disse doeu na grande imprensa.
E dor maior ainda porque, embora continuasse a poder selecionar o que lhe interessava, a mídia tinha um freio: o fato de toda a entrevista ter sido transmitida ao vivo pela internet.
E que Lula tivesse podido falar o quanto quisesse, livre, sem a preocupação de fazer frases curtas, de olho na edição.
Claro que quando se pensa em falar na televisão ou no rádio, é preciso ter essa preocupação.
Mas este momento é o de falar com os agentes políticos, com os militantes, com aqueles que são os multiplicadores de ideias políticas.
Que são exigentes e que, mais do que entender, precisam sentir o que se passou, o que se passa e confiar nos seus líderes.
Não há um que ouça Lula falar e encontre dúvidas, reservas, subterfúgios.
Claro que é prudente, mas não fechou a boca sequer sobre os assuntos mais espinhosos: André Vargas, Joaquim Barbosa, mensalão…
Eu cortei o trecho (de quase meia hora) da resposta à provocação que lhe fiz, tanto sobre economia quando sobre Petrobras. Está na seção videos, do lado direito da página.
Na crise de 2008/2009 e na CPI da Petrobras daquele ano, Lula não repetiu o erro de 2005, quando sua eleição chegou a ser ameaçada pela falta de combate político à ofensiva contra a economia e contra a principal empresa do governo brasileiro.
Em ambas a situação, Lula foi o “caixeiro-viajante”, o animador das políticas que seu Governo desenvolvia.
Quando um governante age assim, ele próprio se torna a “comunicação” de seu Governo.
Ele, que se investiu de legitimidade pelo voto dos cidadãos, levanta este valor contra a onda de interesses particulares que se travestem de públicos.
E essa legitimidade é uma imensa força, se for usada com sabedoria e coragem.
O recado de Lula foi claro.
Se formos esperar justiça, equilíbrio, neutralidade da mídia, passivamente, esperaremos até morrer.
Embora, neste caso, não se vá esperar muito, pois morreremos – no sentido político – bem rápido.
Quando há uma forma imensa e poderosa como a do poder econômico e a de sua mídia soprando avassaladoramente sobre um país e o livre processo de formação de consciência de seu povo, é preciso contrapor a ela uma outra força, ainda mais irresistível: a da verdade, sincera, desabrida quase, exposta diretamente aos olhos e ouvidos da população.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Em governos do PSDB, crime aumenta no Estado e número de policiais encolhe

Alckmin
Foto gooogle.com  Alkimin


















BLOG O MURAL:  Nos últimos 10 anos os índices de criminalidade em São Paulo só cresceram. E em todos os tipos. Mês a mês. As vezes, os índices de um determinado tipo decresce num mês, para voltar a crescer no outro e dai para a frente sucessivamente. Ao mesmo tempo, o efetivo da polícia só encolheu nesta mesma década.
Os mais crédulos até podem acreditar em alguma estranha coincidência. Algum efeito ou fenômeno sobrenatural. Mas o fato é que em 10 dos últimos 14 anos, o dr. Geraldo Alckmin foi o governador de São Paulo: de março de 2001 a 2002, quando substituiu o falecido Mário Covas; de 2003 a 2006 reeleito; e de 2011 a 2014. Agora ele é candidato a reeleição e tentará ser governador pela 4ª vez. Sem contar o fato de que os tucanos estão à frente do governo do Estado há 20 anos.
Esse levantamento dramático sobre o crime x efetivo policial, aumento do primeiro e redução do segundo, foi publicado neste domingo pela Folha de S.Paulo. Está lá que nos últimos 10 anos, o índice de policiais por 100 mil habitantes no Estado caiu de 314 para 282 policiais. E que a polícia civil foi a que sofreu as maiores perdas, sangrando em pelo menos 3.292 de seus integrantes.
Alckmin anuncia jeito e solução para tudo. Só não faz
O secretário adianta que, além da contratação de 3.650 policiais prevista para este ano – e isto já foi anunciado faz tempo, está no mínimo de planejamento estratégico e de longo prazo que governos tucanos conseguem fazer -, serão abertos concursos públicos para preenchimento de mais 10 mil vagas de policiais. A ver.Mas vocês não se preocupem. Pelo menos exageradamente. Como sempre e já se tornou praxe, o governo Geraldo Alckmin de novo tem a resposta na ponta da língua, a solução perfeita e acabada: através do secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, ele prometeu que o Estado vai contratar mais polícia. A promessa também está na Folha de S.Paulo.
Alckmin sempre tem a solução. Para tudo. O problema é que apenas fala e fica só nisso. Não faz.  Podem acompanhar e ver o quanto ele anunciou e o que foi feito ou está sendo feito. Se tudo estivesse em execução, São Paulo seria um paraíso, já nem teria mais problemas. No entanto, o que têm são apagões na segurança pública, nos transportes públicos urbanos de massa, na saúde, na educação…
(Foto: Antônio Cruz/ABr)

sábado, 5 de abril de 2014

Por que o sistema de educação da Finlândia é tão reverenciado:

BLOG O MURAL:

 
Postado por
 Blog DCM

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Saiu há pouco tempo um levantamento sobre educação no mundo feito pela editora britânica que publica a revista Economist, a Pearson.
É um comparativo no qual foram incluídos países com dados confiáveis suficientes para que se pudesse fazer o estudo.
Você pode adivinhar em que lugar o Brasil ficou. Seria rebaixado, caso fosse um campeonato de futebol. Disputou a última colocação com o México e a Indonésia.
Surpresa? Dificilmente.
Assim como não existe surpresa no vencedor. De onde vem? Da Escandinávia, naturalmente – uma região quase utópica que vai se tornando um modelo para o mundo moderno.
Foi a Finlândia a vencedora. A Finlândia costuma ficar em primeiro ou segundo lugar nas competições internacionais de estudantes, nas quais as disciplinas testadas são compreensão e redação, matemática e ciências.
A mídia internacional tem coberto o assim chamado “fenômeno finlandês” com encanto e empenho. Educadores de todas as partes têm ido para lá para aprender o segredo.
Se alguém leu alguma reportagem na imprensa brasileira, ou soube de alguma autoridade da educação que tenha ido à Finlândia, favor notificar. Nada vi, e também aí não tenho o direito de me surpreender.
Algumas coisas básicas no sistema finlandês:
1)Todas as crianças têm direito ao mesmo ensino. Não importa se é o filho do premiê ou do porteiro.
2)Todas as escolas são públicas, e oferecem, além do ensino, serviços médicos e dentários, e também comida.
3) Os professores são extraídos dos 10% mais bem colocados entre os graduados.
4) As crianças têm um professor particular disponível para casos em que necessitem de reforço.
5) Nos primeiros anos de aprendizado, as crianças não são submetidas a nenhum teste.
6) Os alunos são instados a falar mais que os professores nas salas de aula. (Nos Estados Unidos, uma pesquisa mostrou que 85% do tempo numa sala é o professor que fala.)

Isto é uma amostra, apenas.
Claro que, para fazer isso, são necessários recursos. A carga tributária na Finlândia é de cerca de 50% do PIB. (No México, é 20%. No Brasil, 35%.)
Já escrevi várias vezes: os escandinavos formaram um consenso segundo o qual pagar impostos é o preço – módico – para ter uma sociedade harmoniosa.
Não é à toa que, também nas listas internacionais de satisfação, os escandinavos apareçam sistematicamente como as pessoas mais felizes do mundo.
Para ver de perto o jeito finlandês de educar crianças, basta ver um fascinante documentário de 2011 feito por americanos.
Comecei a ver, e não consegui parar, como se estivesse assistindo a um suspense. Achei no YouTube uma cópia com legendas em espanhol. Está no pé deste texto.
Todos os educadores, todas as escolas, todas as pessoas interessadas na educação, no Brasil, deveriam ver e discutir o documentário.
Quanto antes.